Há reis que têm opções incompreensíveis. Será que a decisão de D. Luís I recusar ser rei de Espanha é uma delas? D. Luís I, o rei que recusou ser rei de Espanha!
Quem não gostaria de ser rei? A nossa história é das que tem maior longevidade na Europa. São séculos sucessivos de acontecimentos que levaram o país ao que hoje temos.
A maior parte do tempo foram os reis a decidir os destinos de Portugal. Portugal teve 34 reis e quatro dinastias. Existem diversas curiosidades sobre os monarcas que merecem ser analisadas de uma forma descontraída.
Há vários acontecimentos que, não surgindo nos nossos manuais de história, merecem a nossa atenção. No presente artigo, centramo-nos em D. Luís e na sua incrível decisão… Quer saber mais?
D. Luís I, o rei que recusou ser rei de Espanha!
Dinastia
A 4ª Dinastia, conhecida como Bragança, começou com D. João IV, “O Restaurador”. O filho de D. Teodósio II (7º Duque de Bragança) e de D. Ana de Velasco devolveu o reino de Portugal aos portugueses, tirando-o das mãos espanholas.
A dinastia Espanhola reinou por 60 anos, mas D. João IV recuperou o reino. Ele reinou entre 1640 e 1656. Da união com D. Luísa Francisca de Gusmão nasceu o seu sucessor, D. Afonso VI. Sucederam-se diversos reis até D. Luís I subir ao trono. Foram cerca de dois séculos depois da dinastia Filipina.
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D. Luís I
Aquele que veio a ficar conhecido pelo cognome de “O Popular” nasceu no dia 31 outubro de 1838, em Lisboa. O filho de D. Maria II e de D. Fernando II de Saxe Coburgo-Gotha reinou entre 1861 e 1889. Da união entre D. Luís I e D. Maria Pia de Sabóia, nasceu D. Carlos I, “O Martirizado”.
D. Luís I faleceu no dia 19 de outubro de 1889, em Lisboa. Ao longo do seu reinado, teve diversas decisões bem acolhidas pelo povo, por isso ficou conhecido como “O Popular”. No entanto, há uma que se destaca.
A decisão
D. Luís I recusou ser rei de Espanha e justificou a decisão dizendo no Diário de Notícias “sou português, português quero morrer”. O jornal publicou uma carta do monarca em que é reafirmada a lealdade de D. Luís I à nação.
O monarca não quis ser rei de Espanha e foi claro e direto. O rei fez questão de esclarecer ao Conselho de Ministros, presidido pelo duque de Loulé, e ao povo português. No Diário do Governo, foi publicada uma carta patriótica a defender a sua vontade de permanecer leal ao seu povo.
Dois dias depois desta ser publicada, o rei usou o Diário de Notícias para desmentir o boato que se instalara de que iria haver abdicação.
O impacto
No dia 28 de setembro de 1869, D. Luís I teve destaque na primeira página do Diário de Notícias. Num momento histórico com mais de 150 anos, o rei proclamou no popular jornal: “Nasci português, português quero morrer”.
Existem diferentes interpretações para essa decisão. Terá D. Luís I agido por puro patriotismo? O rei terá sido pragmático? Depois da chamada Gloriosa Revolução de 1868, Espanha vivia um contexto instável.
O contexto
A vida política e os confrontos entre conservadores e liberais levou a que Espanha demorasse mais tempo a pacificar do que Portugal. O contexto delicado prolongou-se pela segunda metade do século XIX.
Aquela que ficou conhecida como a Revolução Gloriosa levou ao afastamento de Isabel II pelos liberais. A rainha era muito questionada moralmente, sendo conhecidas as suas sucessivas traições ao marido que não se importava com o comportamento da mulher.
Depois de seis anos de grande instabilidade, com uma regência, um rei eleito pelo parlamento que era estrangeiro e uma república, o trono espanhol foi finalmente oferecido a Afonso XII, filho de Isabel II, dando-se assim a restauração Borbón.
As consequências
Por via da morte de D. Pedro V, irmão de D. Luís, este subiu ao trono em 1861. Contudo, se aceitasse a coroa espanhola D. Luís I teria de abdicar de Portugal para D. Carlos, o filho de apenas 6 anos, ficando D. Fernando II como regente.
Assim, abria-se a perspetiva de uma União Ibérica. Nessa época, havia mais apoio do que nunca para a formação de uma União Ibérica. Mas em Portugal o iberismo tinha sido sempre minoritário. D. Luís I recusou e essa perspetiva da União Ibérica perdeu-se.
O Rei português justificou: “o meu posto de honra é ao lado da nação. Hei de cumprir os deveres que o amor das instituições e a lealdade à pátria me impõem. Nasci português, português quero morrer”. D. Luís I reinou até 1889, sendo sucedido por D. Carlos, que assumiu a coroa com 26 anos.
O rei de Espanha
D. Luís I recusou, mas o trono espanhol teve um destinatário. A coroa foi parar ao irmão da nossa D. Maria Pia, sendo colocada na cabeça de Amadeu de Sabóia. O rei espanhol era, assim, cunhado do monarca português e tinha apenas três anos. Maria Cristina, mãe de Amadeu de Sabóia, ficou como regente.
O outro caso…
D. Luís I não foi caso único. D. Fernando II, viúvo de D. Maria II, também terá rejeitado a mesma possibilidade, depois de ter sido sondado para o trono espanhol, optando pela vida pacata entre Lisboa e Sintra.
D. Fernando II, que mandou edificar o Palácio da Pena, já antes tinha recusado o reino da Grécia. Este perdeu-se de encantos por uma cantora de ópera. Casou-se no verão de 1869, em segundas núpcias, com a suíça Elise Hensler, que dias antes se tornara condessa de Edla.
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Olá! Queria começar por dizer que achei bastante interesse o artigo. Queria tambem aproveitar para dizer que a minha curiosidade e paixão pela história, é e sempre será a razão do meu ser, da minha personalidade, na maneira de estar enquanto individuo em qualquer tema posto “em cima da mesa”. Estando a viver em Tavira, no Algarve, uma cidade repleta de história, cheguei a ouvir contar muito que pouco se sabe sobre esta bela cidade que este ano comemorou 500 anos na sua elevação como tal. Gostaria para finalizar de poder dialogar sobre a história convosco, e se for preciso ajudar. Assim me despeço e um muito obrigado.
Parabéns.
Já é de Muito o Monarca Português não Admitir a Sua Fedilidade à Monarquia de Espanha. Seu Império Castelhãno poderão ser as Duras Razões por não sua Dimensão mas por sua Espanha.
Independência do Reino de Brasil sai uma Resposta que muito Dificilmente se atingiria uma Nova Dinastia na Sua Globalidade.
São as Reservas que o Diferenciam um Império Português que aceite e um Império Castelhãno de suas Portas do Sol e de seu Pôr do Sol.