O Novo Acordo Ortográfico trouxe algumas regras que vale a pena ficar a conhecer, caso queira ou tenha de seguir o novo padrão de escrita. Apreciado por uns, odiado por outros, o novo Acordo Ortográfico é tudo menos consensual. Certo é que, em muitas circunstâncias, somos “forçados” a adotar as alterações de escrita que ele trouxe e, por isso, mais do que memorizar todas as mudanças, é importante sim aprender algumas das suas regras. São várias as palavras que modificaram, por isso, aqui ficam algumas regras do novo Acordo Ortográfico.
Algumas regras de palavras cuja grafia foi alterada
Consoantes
1ª Regra: As consoantes «c» e «p» são eliminadas nas palavras em que não
são lidas.
Exemplo: Accionar passou a acionar.
Exceção: Quando pronunciadas, estas mesmas consoantes já são conservadas como, por exemplo, em perfeccionismo.
2ª Regra: O «p» é eliminado nas sequências «mpc», «mpç» e «mpt», o «m»
passa a «n».
Exemplo: Assumpção passou a assunção.
3ª Regra: Em caso de oscilação na pronúncia, é aceite a dupla grafia.
Exemplo: característica ou caraterística.
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Acentuação
1ª Regra: Deixaram de se usar acentos em algumas palavras homógrafas.
Exemplo: Pólo passou a polo.
Exceção: Continua a ser obrigatório o acento em «pôde» (pretérito perfeito do indicativo) para diferenciar de «pode» (presente do indicativo) e em «pôr» (infinitivo) para diferenciar de «por» (preposição).
2ª Regra: Foi eliminado o acento no ditongo «oi», em palavras graves.
Exemplo: Jóia passou a joia.
Exceção: Nas palavras agudas e monossilábicas, este ditongo continua a ser acentuado, caso da palavra «herói».
3ª Regra: Foi descartado o acento nas formas verbais terminadas em «eem».
Exemplo: Lêem passou a leem.
Exceção: Os verbos «ter», «vir» e seus derivados continuam a ser acentuados na 3ª pessoa do plural, como acontece com têm ou vêm.
4ª Regra: “Desapareceram” os acentos na letra «u» nas terminações verbais «gue»,
«que», «gui» e «qui».
Exemplo: Averigúe passou a averigue.
Exceção: Casos em que se aceita a dupla grafia:
- 1ª pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da 1ª conjugação (passámos ou passamos);
- 1ª pessoa do plural do presente do conjuntivo do verbo «dar» (dêmos ou demos);
- no nome feminino que significa «molde» ou «recipiente» (forma ou fôrma).
Hifenização
Supressão do hífen – o hífen é eliminado nos seguintes casos:
1ª Regra: As palavras formadas por prefixos ou falsos prefixos e que terminam em vogal e o segundo elemento começa por «r» ou «s», duplicam a consoante.
Exemplo: antirrevolucionário
2ª Regra: As palavras formadas por prefixos ou falsos prefixos e que terminam em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente.
Exemplo: extraescolar.
3ª Regra: As palavras formadas pelo prefixo «co», mesmo nos casos em que o segundo elemento começa por «o»
Exemplo: coadministração.
4ª Regra: Formas monossilábicas do verbo «haver», seguidas da preposição «de».
Exemplo: hás de.
5ª Regra: Em palavras compostas em que se perdeu a noção de composição.
Exemplo: paraquedas.
6ª Regra: Em locuções de uso geral.
Exemplo: fim de semana.
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Hífen – o hífen é usado nos seguintes casos:
A) Palavras formadas por prefixos ou falsos prefixos que terminam em vogal e o segundo elemento começa, precisamente, pela mesma vogal.
Exemplo: micro-ondas
B) Palavras formadas pelos prefixos «hiper», «inter» e «super», no caso em que o segundo elemento começa por «r».
Exemplo: hiper-realista.
C) Quando as palavras são formadas por prefixos ou falsos prefixos e o segundo elemento começa por «h».
Ex: super-homem.
D) Palavras formadas pelos prefixos «ex», «pós», «pré», «pró» e «vice».
Exemplo: vice-presidente.
E) Palavras formadas pelos prefixos «circum» e «pan» e em que o segundo elemento começa por vogal, «h», «m» ou «n».
Exemplo: pan-helénico.
F) Topónimos iniciados pelos adjetivos «grã» e «grão» ou cujos elementos estejam ligados por artigo.
Exemplo: Grã-Bretanha.
G) Palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas.
Exemplo: feijão-verde.
H) Palavras compostas, formadas por elementos de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal.
Exemplo: primeiro-ministro.
Minúsculas e maiúsculas – a letra minúscula é usada nos seguintes casos:
- Nomes dos meses e das estações do ano. Exemplo: janeiro;
- Pontos cardeais, colaterais e subcolaterais, mas não quando designam regiões ou quando abreviados. Exemplos: norte (ponto cardeal); Norte (região); N (abreviatura);
- Designações usadas para mencionar alguém cujo nome se desconhece. Exemplo: fulano
NOTA: O uso inicial de minúscula ou maiúscula é facultativo nos seguintes casos:
- Nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas. Exemplo: físico-química ou Físico-Química.
- Títulos de livros ou de obras (exceto o primeiro elemento e os nomes próprios, que se escrevem com inicial maiúscula). Exemplo: O crime do padre Amaro ou O Crime do Padre Amaro.
- Vias, lugares públicos, monumentos, templos e edifícios. Exemplos: avenida da Liberdade ou Avenida da Liberdade.
- Formas de tratamento grafadas por extenso. (Já as formas abreviadas são grafadas com maiúscula). Exemplo: senhor doutor ou Senhor Doutor.
Lista de palavras cuja grafia foi alterada
auto‐estrada – autoestrada
auto‐retrato – autorretrato
auto‐suficiente – autossuficiente
baptismo – batismo
bóia – boia
braço‐de‐ferro – braço de ferro
cabeça‐de‐lista – cabeça de lista
cepticismo – ceticismo
director – diretor
directório – diretório
directriz – diretriz
eclectismo – ecletismo
efectivamente – efetivamente
efectividade – efetividade
fracção – fração
fractura – fratura
frente‐a‐frente – frente a frente
heróico – heroico
hidroeléctrica – hidroelétrica
inactividade – inatividade
incorrecção – incorreção
incorrecto – incorreto
jóia – joia
Julho – julho
Junho – junho
leccionar – lecionar
lectivo – letivo
lêem – leem
Maio – maio
mão‐de‐obra – mão de obra
neo‐realismo – neorrealismo
nocturno – noturno
Novembro – novembro
objecção – objeção
objectivo – objetivo
objecto – objeto
protecção – proteção
protector – protetor
radioactividade – radioatividade
radioactivo – radioativo
reacção – reação
subjectividade – subjetividade
subjectivo – subjetivo
susceptível – suscetível
tablóide – tabloide
táctico – tático
tacto – tato
tróica – troica
ultra‐ortodoxo – ultraortodoxo
vector – vetor
vêem – veem
Verão – verão
É falso quando diz que “somos forçados” a escrever segundo o AO90.
Todas as pessoas de bom senso e carácter não o fazem, desde logo é imperativo informar qual a Lei ou Decreto-Lei que força a escrever esta “mixórdia ortográfica”, conotada com a grafia brasileira.
Portugal não é território brasileiro, tal como o Brasil já foi (mas já não é) território português, para termos de aceitar uma grafia que não nos pertence
A Língua Portuguesa, como tantas outras, tem algumas variantes que são apenas isso: VARIANTES. Querer ´legalizar´ as formas-variantes é uma possibilidade, desde que sejam caracterizadas como tal (“variantes”).
Substituir, impondo, a forma normal pela sua variante é uma aberração absoluta. A língua, qualquer língua, não necessita desses empurrões para evoluir, esse processo verificar-se-á mas de forma natural. As variantes brasileiras (ou outras) são isso mesmo “variantes brasileiras” (ou outras), que poderão constar do léxico aprovado ou não. Mas nunca poderão ser classificadas como os “termos-mãe” do português oficial. Eu não me preocuparia demasiado com o falar brasileiro, pois em algum dia do futuro eles falarão inglês ou algum “portinglês”. Isso é inexorável, é das leis naturais: o linguajar de um povo seguirá o seu caminho próprio, de acordo com as influências da sua vivência consigo e com os vizinhos. Para adoptar as evoluções da nossa língua-pátria, estamos cá nós próprios, os que inventámos o falar português. Não são os estrangeiros (estranhos) que o farão. O Dicionário Houaiss poderá ser um dicionário válido para o Brasil (se eles pretenderem oficializar o seu próprio modo de escrever e pronunciar muitos dos termos diferentes aí consagrados).