Entre os doces que adornam a doçaria portuguesa, os Ovos Moles de Aveiro destacam-se como verdadeiras joias culinárias. Conheça a receita que preparamos para si!
A cidade de Aveiro tem uma beleza singular. Ela é frequentemente comparada com Veneza. No entanto, além do cenário encantador onde a Arte Nova se destaca, a doçaria revela-se outro destaque desta cidade.
Os ovos molde são uma atração bastante procurada por todos os que visitam Aveiro, mesmo os que se encontram de passagem sentem a tentação de comprar este maravilhoso doce.
Receita tradicional dos Ovos Moles de Aveiro
Quem passa por Aveiro tem de comer ovos moles. Trata-se de um elemento da doçaria local imperdível, de prova obrigatória. Este doce de Aveiro apresenta caraterísticas que o tornam especial. Ele apresenta-se de formas peculiares, tendo feitios curiosos. Há muito para saber sobre este doce. Iremos dar-lhe toda a informação básica sobre os ovos moles.
A origem dos ovos moles
O surgimento deste doce aconteceu num edifício religioso, como aconteceu com os diversos doces conventuais que foram criados no nosso país. Felizmente, herdamos um magnífico património de doçaria. Este doce surgiu no Mosteiro de Jesus de Aveiro, fundado pela D. Brites Leitoa, que é considerado um dos principais conventos da cidade.
A cana-de-açúcar foi dada a conhecer pelos árabes que a trouxeram para o território portucalense. Ora, de imediato, tentou-se plantá-la. Contudo, só mais tarde é que se encontrou o espaço perfeito para essa plantação, séculos depois desse primeiro momento.
Os terrenos férteis da Ilha da Madeira também tinham um clima ideal para a produção de açúcar. Desde então que o açúcar se tornou num dos produtos mais importantes da Ilha da Madeira.
Ao Rei era destinada uma parte da produção. O monarca optava por dar uma porção do açúcar que recebia aos conventos, como esmola. Ora, nesse contexto, o açúcar entrou com abundância no Mosteiro de Jesus de Aveiro.
D. Brites Leitoa, uma senhora nobre que era casada com Diogo de Ataíde, fundou o mosteiro de Jesus de Aveiro em 1458. O casal veio da corte, na capital portuguesa, para Vagos, onde era proprietária de uma quinta que apresentava grande riqueza.
Neste espaço, vários produtos alimentares eram produzidos. Havia abundância de cereais, vinho, ovos, entre outros produtos. Muitos desses produtos eram doados às instituições religiosas.
Ora, no convento, a entrada dos ovos e do açúcar era bem acolhida. O açúcar era essencialmente usado na farmácia. No entanto, acabou por ser utilizado com outro propósito.
No quotidiano da época, as freiras usavam a clara dos ovos para engomar a roupa. Por isso, partiam-se ovos com regularidade e era necessário arranjar uma estratégia para evitar o desperdício.
Desta forma, o açúcar e as gemas foram reunidas para formar uma deliciosa pasta cremosa. Assim se costuma defender o surgimento deste doce de ovos. Contudo, os ovos moles só nasceram quando se utilizaram mais tarde as hóstias. Esta pasta de doce de ovos foi colocada dentro de hóstias, transformando-se assim nos ovos moles, uma iguaria amada pelo povo português.
O formato curioso dos ovos moles também tem justificação. As formas deste doce visam homenagear a vida local, honrar a ligação marítima tão típica desta cidade. Desta forma, podemos encontrar nos ovos moles formas encantadoras, nomeadamente conchas, búzios e peixes.
Devemos ainda destacar que há mais arte que merece ser conhecida, pois as barricas tradicionais onde os ovos moles eram comercializados eram encantadoras, apresentando-se pintadas à mão com motivos alusivos à atividade piscatória de Aveiro.
Muitas pessoas desconhecem que os ovos moles foram o primeiro produto nacional a ser distinguido com a denominação de Indicação Geográfica Protegida. Esta curiosidade atesta a qualidade dos ovos moles e garante que a confeção deste doce deve manter-se da forma tradicional.
Após o convento fechar, o doce começou a ser produzido em casa da empregada da última religiosa que viveu no espaço religioso. Os ovos moles eram feitos seguindo a receita original e assim prosseguiu. As mãos da prendada senhora permitiu que o doce saltasse os muros do convento.
Esse momento foi importante para dar a longevidade que os famosos ovos moles apresentam. Atualmente, os ovos moles são vendidos de norte a sul de Portugal. A Confraria de Ovos Moles de Aveiro foi fundada em 2009 e visa honrar este doce tão popular.
Quem tem a sorte de passar por terras aveirenses não resiste a comprar ovos moles numa das diversas pastelarias que se encontram pela cidade. Contudo, mesmo quem não passa regularmente por Aveiro pode provar esta iguaria.
Quem quiser experimentar confecionar este doce típico em casa poderá encontrar uma receita que permite assegurar um doce de excelência. É mais simples do que parece fazer ovos moles. Apenas requer ingredientes acessíveis e comuns, como ovos, açúcar e água.
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Receita tradicional dos Ovos Moles de Aveiro
Ingredientes
- 8 Gemas
- 150 g de açúcar +/- 8 colheres de sopa
- 150 ml de água
- hóstia
Modo de Preparação
- – Comece por colocar todos os ingredientes listados próximos de si, à disposição.
- – Primeiro, coloque o açúcar e a água num pequeno tacho.
- – Depois, leve o tacho ao lume para aquecer o açúcar.
- – Então, aguarde até atingir o Ponto Estrada ou Ponto Rebuçado.
- – Posteriormente, coloque as gemas batidas numa panela à parte.
- – Então, leve a aquecer, em lume brando.
- – Em seguida, vá adicionando o açúcar morno, aos poucos.
- – Neste processo, vá mexendo sempre com uma colher de pau.
- – Mantenham o processo até o preparado atingir a espessura necessária.
- – Tenha em conta que se deve apresentar bastante espesso e escorrer com dificuldade.
- – Depois, transfira os ovos moles para umas formas pré-feitas de hóstia.
- – Então, coloque um bocadinho do doce em cada metade.
- – Posteriormente, use uma clara de ovo como cola para unir as duas partes.
- – Deve utilizar uma tesoura para recortar as formas e já está!
- – Bom proveito!