Portugal teve quatro dinastias a reinar o país. Nesse espaço temporal, existiram diversas curiosidades… D. João IV, o rei condenado à morte depois de morto!
Portugal conta com 900 anos de existência. É um país com uma história tão longa, quanto rica e repleta de curiosidades. Na maior parte desse tempo, houve reis e rainhas a reinarem a nação. Foram mais de 3 dezenas de reis e quatro as dinastias.
São vários os episódios que ocorreram ao longo desse tempo que se revelam bastante ilustrativos de que os reis e as rainhas podem ser virtuosos, mesquinhos, horríveis, nobres, amantes, horrorosos… Enfim, demonstram ter virtudes e defeitos.
Afinal, eram de carne e osso! É normal que realizassem ações que comprovassem que eram seres humanos como os outros. No presente artigo, iremos centrar a nossa atenção em D. João IV.
D. João IV, o rei condenado à morte depois de morto
Dinastia Filipina
Portugal viveu um percurso de domínio espanhol que durou cerca de 60 anos. A dinastia filipina ocorreu entre 1581 e 1640, período em que 3 reis (Filipe I, Filipe II e Filipe III) decidiram os destinos do reino.
Filipe I “O Prudente”, filho de D. Carlos V de Espanha e D. Isabel de Portugal, reinou entre 1581 e 1598. Filipe II, filho de Filipe I e de D. Ana de Áustria teve um reinado que durou mais de duas décadas, mais precisamente de 1598 a 1621.
Filipe II ficou conhecido pelo nome cognome de “O Pio”.
Filipe III, filho de Filipe II e de D. Margarida de Áustria, foi o último da dinastia Filipina, tendo sido rei de Portugal entre 1621 e 1640. O rei que ficou conhecido pelos cognomes de “O Opressor” ou “O Grande”.
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O contexto e o surgimento da Dinastia de Bragança
D. João IV é o rei que ficou conhecido pelo cognome de “O Restaurador”. Foi a pessoa que recuperou a nação do domínio espanhol. A dinastia Filipina durou 60 anos, mas com o reinado de D. João IV surgiu a 4ª (e última) Dinastia, a de Bragança.
O poder
No ano de 1630, D. João sucedeu a D. Teodósio (seu pai) no ducado de Bragança, que era a casa nobiliárquica portuguesa mais relevante. Contudo, dez anos mais tarde, aconteceu algo que o colocou na história de Portugal.
Um grupo de conspiradores tomou o poder na capital portuguesa e entregou a D. João o comando da revolta. A coroa do reino foi-lhe entregue e D. João ainda hesitou durante algum tempo, mas a 15 de dezembro de 1640 D. João foi mesmo aclamado em Lisboa e jurado solenemente como D. João IV, Rei de Portugal.
Papel importante
O contexto era delicado, mas D. João IV assumiu a coroa com determinação. A “Restauração”
de D. João IV necessitou que fossem realizadas algumas estratégias importantes de forma a consolidar o reino.
Foi necessário um período para gerir a crise estabelecida, por isso surgiram ações cruciais: a mobilização do reino contra a expectável invasão espanhola e a obtenção de apoio internacional à causa portuguesa.
O apoio internacional
Foi preciso solicitar o apoio de Inglaterra, dos Países Baixos e de França e justificar a revolta do ponto de vista jurídico, pois não era uma mera rebelião, mas sim a restituição do trono ao seu legítimo representante, D. João IV.
Portugal conseguiu obter o apoio de França e de Inglaterra. Contudo, as negociações com os Países Baixos foram difíceis, uma vez que estes eram o principal inimigo dos portugueses na Ásia e no Brasil. Seria bem mais fácil se tivesse tido o apoio da Igreja.
Porém, a Santa Sé manteve-se claramente hostil, sendo apoiante do lado contrário, devido à influência espanhola junto do papa. Isso, tornou a tarefa de D. João IV mais complicada, pois ainda teve de enfrentar uma conspiração para o assassinarem, em 1641.
D. João IV
Os pais de D. João IV foram D. Teodósio II (7º Duque de Bragança) e D. Ana de Velasco. D. João IV nasceu no dia 19 de março de 1604, em Vila Viçosa. Mais tarde, uniu-se com D. Luísa Francisca de Gusmão.
O rei que ficou conhecido como “O Restaurador” reinou a nação entre 1640 e 1656, tendo falecido na cidade de Lisboa, no dia 06 de novembro de 1656.
A morte
O seu sucesso a impedir as tentativas de invasão do território nacional por parte de Filipe IV tornou possível que Portugal tenha erradicado de vez o reinado Filipino. D. João IV morreu no dia 6 de novembro de 1656, no Paço Real, em Lisboa. Faleceu com 52 anos. O motivo foi “dores de ilharga”, mais especificamente uma doença renal, problema de que padecia havia já algum tempo.
O seu reinado foi intenso, com diversas vitórias ocorridas no campo de batalha. D. Afonso, ainda menor, sucedeu-lhe no trono, mas com D. Luísa a ser regente do Reino.
Condenação à morte
D. João IV foi enterrado no Mosteiro de São Vicente de Fora, mas a meio da cerimónia houve um momento insólito. Delegados da Inquisição irromperam na Igreja, tendo convocado a rainha, Afonso e Pedro, os dois infantes. A instrução foi a retirada do cadáver Real do caixão.
O cadáver do rei foi colocado no chão, despido do hábito de São Francisco e do manto da Ordem de Cristo e, posteriormente, o inquisidor-mor fez a leitura de um acórdão que excomungava o rei. D. João IV, tendo sido declarado inimigo da Igreja, condenado à morte e, para culminar, ainda foi condenado ao fogo eterno no inferno…
Terá sido a vingança de uma instituição poderosa que não tolerou que D. João IV ousasse enfrentar o poder da Igreja…
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Mais um dos erros da igreja católica. Nada a ver! Ela agia somente de forma política. Jamais de forma cristã !
é por isso que ainda hoje a catalunha e outros reinos ibéricos estao sobre dominaçao castelhana por causa da força papal corrupta.