Uma vida de rei tem sempre muitos olhares curiosos e os reis não deixam de cometer erros e de demonstrar defeitos… D. Manuel I, o rei que casou com a noiva do filho.
Ao longo de séculos de existência, Portugal tem consolidado muita história. Grande parte dessa história foi vivida durante reinados. Foram mais de 3 dezenas de reis distribuídos por quatro dinastias.
Ao longo desse tempo, os reis e as rainhas de Portugal demonstraram que tinham defeitos e virtudes, tal como outros seres humanos. Os reis e as rainhas também erraram, também choraram, também sofreram, também traíram, também foram traídos…
Há muitas curiosidades em torno dos reis de Portugal que devem ser conhecidas. Neste artigo, iremos centrar as nossas atenções em D. Manuel I.
D. Manuel I, o rei que casou com a noiva do filho
D. Manuel I foi um dos reis que fez parte da linhagem da 2ª Dinastia, sendo esta conhecida por Dinastia de Avis ou Dinastia Joanina. D. Manuel I nasceu em 1469, mais precisamente no dia 31 de maio, em Alcochete.
O seu pai foi D. Fernando (2º Duque de Viseu), enquanto a sua mãe foi D. Beatriz. O rei D. Manuel reinou Portugal entre 1495 e 1521, tendo ficado conhecido pelo cognome de “O Venturoso”. Foi o 14º monarca português.
D. Manuel I faleceu no dia 13 de dezembro de 1521, em Belém. Foi sucedido pelo seu filho, D. João III, “O Piedoso”, (fruto da união com D. Maria de Castela). Ao longo da vida, teve 3 esposas (só não é um recorde, pois D. Filipe I casou 4 vezes!…).
Subida ao trono incomum
D. Manuel não assumiu a coroa por sucessão direta, como era natural. A sua subida ao trono surgiu por indicação, por via de testamento, do rei que o antecedeu, D. João II, que era seu primo direito.
Desta forma, D. Manuel I tornou-se rei de forma incomum, sem estar destinado a tal. Assumiu a coroa de Portugal, tendo casado com D. Isabel de Castela, que era mulher de D. Afonso. Este era filho do rei D. João II e o verdadeiro príncipe herdeiro.
D. Isabel de Castela ficou viúva, pois D. Afonso faleceu em Santarém na sequência de uma queda de cavalo.
Feitos
O Rei D. Manuel I realizou a continuação da política governativa dos seus antecessores, investindo nas campanhas de exploração ultramarina portuguesa.
Contribuiu para o sucesso das expedições que levaram à expansão do império.
Contribui para a expedição que levou à descoberta do caminho para a Índia, por parte de Vasco da Gama, em 1498.
Contribui para a expedição que levou à descoberta do Brasil, por Pedro Álvares Cabral (1500).
Contribui para a expedição que levou à descoberta das Molucas, pelo almirante D. Afonso de Albuquerque, em 1511.
D. Manuel I dedicou grande atenção às reformas do tipo tributário, legislativo e administrativo.
As reformas promovidas pelo Rei foram fundamentais para configurar o Reino de Portugal como um estado moderno.
Uniões
D. Isabel
Ao longo da sua vida, D. Manuel I teve três uniões, todas estranhas…
A primeira união foi vivida com D. Isabel, que era filha dos Reis Católicos de Castela e Aragão. Ela, como já foi referido acima, foi mulher do primo de D. Manuel. A rainha morreu no momento do parto, no ano de 1498, em Saragoça.
D. Manuel I enterrou a esposa e deixou o bebé recém-nascido ao cuidado dos reis católicos, avós da criança. Contudo, a criança veio a falecer pouco tempo depois…
D. Maria
Posteriormente, casou em segundas núpcias com a irmã de D. Isabel. Portanto, com a sua cunhada. Era muita a vontade em unir os reinos. D. Manuel I casou-se, assim, com a Infanta D. Maria de Castela, em 1500.
O casamento com a sua cunhada ocorreu em Alcácer do Sal. D. Maria de Aragão e Castela faleceu em 1517. Esta união foi frutuosa. Ambos tiveram dez filhos (o primeiro filho de D. Manuel tinha sido com D. Isabel, a anterior esposa).
D. Leonor
Tendo ficado novamente viúvo, D. Manuel I casou-se com a Infanta D. Leonor, com quem teve mais dois filhos. Sobre esta mulher debruçaremos a nossa atenção já de seguida…
D. Manuel I, o Rei que casou com a noiva do filho
Apesar da sucessão de Portugal estar assegurada com tantos filhos, D. Manuel I optou por casar novamente. A escolha foi polémica. Escolheu uma rapariga que estava destinada ao futuro Rei de Portugal, D. João, o seu filho.
A beleza rara de D. Leonor encantou o rei, indiferente ao destino do seu filho (que, tal como o rei, se tinha deixado encantar por um retrato que demonstrava toda a beleza da princesa Leonor). Assim, foram preparadas as suas terceiras núpcias. Um casamento surpreendente que espantou o povo português.
O casamento
A princesa D. Leonor com quem D. Manuel I acabou por se casar estava destinada a ser esposa do príncipe D. João, herdeiro da coroa de Portugal, mas acabou por ser sua madrasta.
Após enviuvar (pela segunda vez!…), o rei D. Manuel I decidiu casar-se com a jovem princesa. Foi em 1519 que D. Manuel casou pela terceira vez. Enquanto o rei tinha 50 anos, a nova rainha tinha apenas 20 anos. O casamento só durou três anos.
D. Manuel I faleceu em dezembro de 1521, deixando mais dois filhos com o seu terceiro casamento. Segundo se diz, após enviuvar, D. Leonor recuperou o destino. A mulher de 23 anos viveu uma relação secreta com o seu enteado, D. João III. O amor secreto pelo seu ex-noivo foi uma forma de recuperar as linhas do destino que lhe tinham sido desfeitas por D. Manuel I.