D. Henrique, “O Casto”, que bem tentou deixar de o ser para dar a Portugal um herdeiro, não conseguiu dar continuidade à dinastia. Reis de Portugal: D. Henrique, o Rei que queria ser Papa.
A história de Portugal teve diversos Reis e quatro dinastias. Muitos desses reis viveram situações insólitas, havendo uma série de acontecimentos merecedoras de uma breve análise.
Uns reis foram mais determinantes que outros na construção de um Portugal.
Existiram reis responsáveis e memoráveis, outros tiverem menos protagonismo. Houve reis que foram responsáveis por feitos grandiosos e demonstraram uma ambição megalómana. Outros reis demonstraram ser cruéis.
Há diversos episódios irresistíveis, curiosidades engraçadas, preciosidades imperdíveis. Ao longo da história, surgiram várias polémicas, muitos escândalos, acontecimentos embaraçosos, momentos caricatos e rocambolescos, até episódios mórbidos!
O NCultura irá dar a devida atenção a momentos caricatos e insólitos que merecem um novo olhar. São episódios considerados menores, que não contribuindo para engrandecer a História de Portugal, representam pequenas curiosidades. Neste artigo, daremos atenção a D. Henrique.
Reis de Portugal: D. Henrique, o Rei que queria ser Papa
O Rei improvável
D. Henrique era filho, irmão e tio-avô de reis, mas ser rei nunca esteve nos seus planos. Era o quinto filho do rei Manuel I, filho da segunda esposa do rei, Maria de Aragão e Castela.
Henrique I, “o Casto”, tornou-se “o Cardeal-Rei”, Rei de Portugal e Algarves. Contudo, ele não queria a coroa. As suas ambições eram outras. Ele pretendia ser Papa. Cedo, revelou vocação religiosa.
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Percurso religioso
Com 10 anos de idade, já era Prior de Santa Cruz.
Com 11 anos de idade, era Abade de São Cristóvão de Lafões e Prior de São Jorge.
Com 21 anos de idade, era Administrador do Arcebispo de Braga.
Com 27 anos, era Arcebispo e Inquisidor-Mor.
Mas a sua ambição era conquistar o Vaticano e ainda chegou a ser candidato a Papa. No conclave de 1549, conseguiu obter um total de 15 votos, tendo perdido para um romano.
O contexto
D. Sebastião, “O Desejado”, morreu na Batalha de Alcácer Quibir e a notícia da morte do Rei de Portugal chegou a Lisboa rapidamente. Contudo, é mantida em segredo por algum tempo. Não havia herdeiro direto, o Rei era novo e não tinha filhos.
D. Sebastião era sobrinho-neto de D. Henrique. Assim, a esperança no futuro da coroa recaiu no tio-avô de D. Sebastião, o Cardeal D. Henrique. O clérigo naturalmente não tinha filhos. Era já idoso e teve um reinado curto, morrendo ser escolher um sucessor.
Apesar do cardeal ter solicitado ao Papa a autorização para casar e ter filhos, ele foi incapaz de gerar um filho. As insígnias cardinalícias contribuíram naturalmente para que morresse sem herdeiros. D. Henrique não conseguiu deixar um descendente direto da dinastia de Avis e, ao não nomear diretamente um sucessor, passou essa responsabilidade para as cortes.
Contudo, apesar de terem sido feitas reuniões, nenhuma decisão foi tomada até à altura da morte do monarca.
D. Henrique (1512-1580)
O Cardeal D. Henrique nasceu no dia 31 de janeiro de 1512, na capital portuguesa. Foi filho do Rei D. Manuel. A sua mãe foi a segunda mulher do Rei, D. Maria. Na sequência da morte do seu sobrinho, D. Sebastião “O Desejado”, o Cardeal D. Henrique, que já tinha sido regente de Portugal ao longo da menoridade de D. Sebastião, assumiu o trono numa conjuntura distinta.
Ele usou a coroa num dos contextos mais críticos e delicados da História de Portugal. Ele assumiu a Coroa Portuguesa com 66 anos de idade, o que era uma idade avançada, por isso D. Henrique, uma vez aclamado rei de Portugal (décimo sétimo Rei de Portugal), começou a preocupar-se com a sucessão. Estava nos seus planos casar e ter filhos, por isso pretendeu obter uma dispensa papal do celibato.
O Monsenhor António Maria Sauli falou com o rei português e, posteriormente, partiu para Roma com o pedido de D. Henrique para casar. O Monsenhor António Maria Sauli levou o pedido até ao Papa Gregório XIII. A ação castelhana contribuiu para a frustração dos desígnios do monarca luso, pois retiveram a carta régia em Espanha, estratégia que visou ganhar tempo para convencer o papa a não dar o sim ao pedido de dispensa dos deveres cardinalícios.
O papa Gregório XIII, que era familiar dos Habsburgos que pretendiam assumir a Coroa de Portugal, não libertou o Reis dos seus votos, mantendo D. Henrique em celibato até ao momento da sua morte.
Sucessão
Surgiram três nomes que se preparavam para assumir a coroa, D. Catarina, D. António Prior do Crato e Filipe II de Espanha. O trono seria tomado por Filipe II de Espanha, que se tornou Filipe I de Portugal, inaugurando a dinastia Filipina que surgiu na sequência da tomada de Cascais.
Em 1580, os homens de Filipe II de Espanha, liderados pelo Duque de Alba, conquistaram a vila de Cascais na batalha de Alcântara e derrotaram o improvisado exército do Prior do Crato.
A Dinastia Filipina (a Terceira Dinastia da Coroa Portuguesa, que no total foram quatro) iria permanecer ao longo de 60 anos em Portugal, com três reis.
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Mto bons os textos sobre os reis de Portugal, mas até agora meu voto, sem dúvida, vai para a história de Afonso VI, o infeliz Impotente!