Poucos nomes de assassinos sobreviveram aos séculos, em Portugal. Contudo, o nome do último serial killer português condenado à morte ainda persiste: Diogo Alves. E não só. A cabeça do criminoso assombra ainda os corredores do edifício da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

Diogo Alves foi enforcado em 1841, após ter sido condenado à morte.
Depois de ter sido enforcado, a cabeça do serial killer foi decepada por alguns cientistas da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, que pretendiam estudar o cérebro do assassino e descobrir o que o levou a cometer tais atrocidades sem qualquer remorso.

Esta era uma prática frequente na época, intitulada frenologia.
A causa nunca foi encontrada, apesar de todos os estudos aos restos mortais, mas a cabeça de Diogo Alves ainda pode ser vista, conservada em formol, na Faculdade de Medicina de Lisboa.
Quem foi Diogo Alves?
Diogo Alves, nascido na Galiza em 1810, foi muito novo viver para Lisboa, onde serviu em algumas das casas mais abastadas daquela época.

Ele ficou para a história como o assassino do Aqueduto da Águas Livres, pois foi nesse lugar que, durante cerca de 3 anos, cometeu os crimes que fizeram dele tanto um homem odiado como célebre.
Os crimes de Diogo Alves
Os assassinatos começaram quando Diogo Alves tinha 26 anos, ou seja, em 1836, por volta da mesma altura em que se envolveu com uma taberneira chamada Gertrudes Maria, a quem as pessoas conheciam como “a Parreirinha” e cujo estabelecimento comercial se situava na zona da Palhavã.

É desconhecido ao certo como é que Diogo Alves terá arranjado chaves falsas das “mães de água”, por onde depois se introduzia depois nas galerias do Aqueduto das Águas Livres, onde praticava assaltos e depois atirava as suas vítimas do topo do Arco Grande, a 65 metros de altura, para que ninguém o pudesse denunciar.

Segundo algumas fontes avançam, em 1837, Diogo Alves já tinha matado mais de 70 pessoas.
No entanto, não existe uma certeza quanto ao total exacto de vítimas porque inicialmente as autoridades começaram por atribuir a invulgar sucessão de corpos encontrados no vale de Alcântara a uma onda de suicídios.

Mais tarde, com a agitação causada por causa de tantas mortes, o aqueduto foi fechado e manteve-se assim durante décadas.
Hoje em dia, o Museu da Água que é a instituição responsável pelo monumento, reabre-o periodicamente ao público, mediante marcação prévia.

Com o fecho do Aqueduto, Diogo Alves viu-se obrigado a mudar de esquema e formou uma quadrilha para prosseguir a sua carreira criminosa, acabando por ser preso e condenado à morte em 1840, embora não pelos crimes cometidos no aqueduto, os quais nem sequer constam do processo.
Foi o massacre da família de um médico, durante um assalto em que se fazia acompanhar pelos restantes membros da quadrilha, que o levou à forca.

Diogo Alves foi enforcado às duas e um quarto da tarde, no dia 19 de Fevereiro de 1841, no cais do Tojo.
Este enforcamento ficou na história de Portugal porque Diogo Alves foi um dos últimos condenados à morte em Portugal.
Após o enforcamento, alguns cientistas da Escola Médico Cirúrgica de Lisboa deceparam a cabeça do bandido como objectivo de poderem estudar algumas das possíveis causas da malvadez. Como é óbvio, não conseguiram grandes resultados desse estudo.
A cabeça de Diogo Alves ainda existe conservada em formol na Faculdade de Medicina de Lisboa.
Mais tarde, já no século XX, a história do assassino do Aqueduto das Águas Livres deu origem a um filme mudo com o título: “Os crimes de Diogo Alves”.
Com grande publicidade, o filme estreou a 26 de Abril de 1911, no Salão Trindade. Já uns dois anos antes, tinha existido um projecto cinematográfico para um filme com o mesmo nome, mas tinha sido abandonado.

Este filme foi rodado ao longo de três semanas no Aqueduto das Águas Livres e no Hipódromo do Bom Sucesso.
A película de 287 metros foi um sucesso de bilheteira e é hoje o mais antigo filme de ficção com cópia conservada. O filme custou 200 mil réis, o equivalente a cerca de 2500 euros em valores actuais.
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Fontes: Spot Mais // História de Portugal