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A Francesinha original
A receita original da Francesinha ainda é a que hoje se serve na Regaleira. Em vez do pão de forma, é servida com o pão bijou de cinco quinas. Depois, leva uma fatia de queijo, salsicha e linguiça frescas, uma fatia de perna de porco assada e uma segunda fatia de queijo. Por cima do pão é colocado queijo que vai a gratinar. Esta é a verdadeira francesinha.
Já quanto ao molho, Francisco Passos explica-nos a receita: “leva um pouco de cerveja, um pouco de tomate, malagueta, mais um bocado disto e um pedaço daquilo…”, afirma, com um sorriso nos lábios, para rematar: “quando provar, tente descobrir os ingredientes”. Não o conseguimos, como é evidente.
A verdade é que poucos conhecem a receita original. “O segredo do molho foi passado pelo inventor ao Sr. Augusto e este passou-o ao Sr. Alberto que é hoje quem o faz. São poucas as pessoas que conhecem a receita na sua totalidade e ela é guardada num cofre. O molho começa a ser confecionado na cozinha e é acabado na sala. Os que estão na cozinha não sabem o que se passa no balcão e os que estão no balcão não sabem o que se passa na cozinha.”
O molho à Leixões
Na sua confeção, o molho da Francesinha é picante, ou não fossem -para Daniel David da Silva – as francesas picantes. Mas se na Regaleira se pedir molho à Leixões, ele é servido extra-picante.
Conheça a história do molho à Leixões, contada por Francisco Passos:
Na Regaleira, o molho pode ser servido com mais ou menos picante. “Temos uma versão para as crianças, sem picante, mas a Francesinha é picante na sua confeção e até pode levar extra-picante. Sendo-se apreciador de muito picante, só se tem de pedir uma “à Leixões”.
Chegados a este ponto, impõe-se a pergunta: então como é que a Francesinha se popularizou? A história, uma vez mais é simples. “Houve um amigo da casa que ainda nos anos 50 pediu o segredo do molho e devidamente autorizado levou-o para o café Mucaba, em Gaia, que ainda existe mas noutro sítio”. A partir daí foram nascendo cópias mais ou menos inspiradas.
Não foi Daniel David da Silva quem foi abrir o Mucaba, ao contrário do que é muitas vezes referido. O criador da Francesinha trabalhou na Regaleira até se reformar, voltando depois a Terras de Bouro, onde passou os últimos anos da sua vida.
Em alguns sítios “fazem-se excelentes francesinhas, mas a única verdadeira é a da Regaleira”, afirma Francisco Passos, para quem é um orgulho que a sanduíche se tenha espalhado, primeiro pelo Porto e depois pelo país todo.
(cont.)