Perceba connosco o significado de verbos abundantes: Já ouviu falar? Entenda se “foi pago” e “tinha pagado” são erros de português.
Todos nós lidamos diariamente com algumas dúvidas de português. Podemos ler um livro, uma revista, um jornal e encontrar algo que nos suscite alguma questão.
Será que está bem escrito assim? Tal também pode acontecer ao vermos televisão? Será que aquela palavra diz-se assim? Por vezes, até temos a certeza de que mesmo nessas fontes podem aparecer erros grosseiros, o que permite concluir que o comum dos mortais está sujeito ao erro.
Errar é humano e aprender com os erros também. Por isso, convém tentar ao máximo obter conhecimento que os torne menos prováveis. Esclareça as questões de português mal elas surjam, de forma a evitar erros comuns.
Língua portuguesa: são erros «Foi pago» e «Tinha pagado»?
Verbos abundantes
Já ouviu falar em verbos abundantes? Seguramente que já se deu conta que alguns verbos possuem dois particípios passados. São os chamados verbos abundantes.
Estes verbos podem gerar alguma confusão na hora de formar os tempos compostos pois, perante um particípio regular e outro irregular, é natural que surja a dúvida em relação a qual dos particípios usar em cada ocasião.
Vamos analisar o caso do verbo “pagar”, como mero exemplo desta situação de verbos abundantes. Iremos também citar outros verbos que possuem esta característica do particípio duplo.
“Foi pago” e “Tinha pagado” são erros de português?
A resposta a esta questão é: não. Tanto “tinha pagado”, como “foi pago”, não são erros.
Contudo, resta perceber melhor estas duas construções e, se para além delas, existem outras formulações possíveis.
Efetivamente, “pagado” e “pago” são duas formas equivalentes do particípio do verbo pagar, que se pode classificar como um verbo abundante.
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“Pago” vs “pagado”
O termo “pagado” é particípio regular do verbo pagar. A forma regular é, normalmente, usada na voz ativa, com os verbos auxiliares ter ou haver. Eis um exemplo: “Quando ela saiu do restaurante, já tinha pagado o café.”
O termo “pago” é particípio irregular do verbo pagar. A forma irregular é, geralmente, usada na voz passiva, com os verbos auxiliares ser ou estar. Eis um exemplo: “O café foi pago por ela.”
Informação: Apesar do que foi exposto anteriormente, o que é facto é que é cada vez mais incomum ouvir-se e ler-se a forma regular “pagado”, sendo agora privilegiada a forma irregular “pago”. Isto acontece mesmo em frases que usam os verbos auxiliares ter ou haver.
O verbo pagar
O verbo pagar é sinónimo de palavras como: remunerar, reembolsar, gratificar, desembolsar, custear, indemnizar, quitar e liquidar. Pode ainda significar algo como: retribuir, cumprir, realizar, corresponder e compensar ou, ainda, padecer, sofrer e expiar.
Convém lembrar que a forma “pago” é ainda a forma do verbo pagar no presente do indicativo, na 1ª pessoa do singular. Eu pago sempre a renda no dia 1.
Eu pago sempre a renda no dia 1.
Tu pagas sempre a renda no dia 1.
Ele paga sempre a renda no dia 1.
Nós pagamos sempre a renda no dia 1.
Vós pagais sempre a renda no dia 1.
Eles pagam sempre a renda no dia 1.
Outros casos idênticos
O particípio permite a formação de tempos verbais compostos e transmite a noção da conclusão da ação verbal, isto é, revela o estado da ação, depois dela estar concluída.
“Pagar” não é caso único, havendo outros verbos abundantes da língua portuguesa, isto é, a possuir particípio duplo com uma forma regular e outra forma irregular. Eis alguns exemplos disso mesmo: extinguir (extinguido/extinto), ganhar (ganhado/ganho), morrer (morrido/morto).
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