A madrugada desta terça-feira ficou marcada pela violência do mar na Praia de Faro, no Algarve. A conjugação de uma maré particularmente alta com uma ondulação anormalmente forte resultou na destruição parcial do passadiço de madeira e no arrastamento de várias passadeiras de acesso ao areal. O fenómeno, registado durante a preia-mar, surpreendeu moradores, concessionários e visitantes, deixando claro o poder avassalador do oceano.
Segundo declarações do capitão do porto de Faro, Vítor Dias, a subida do nível do mar fez com que a água alcançasse zonas onde habitualmente não chega, arrastando infraestruturas que garantiam a segurança e a acessibilidade à praia. O responsável alertou ainda que situações semelhantes poderão repetir-se, pedindo prudência redobrada a todos os que circulam junto à orla costeira.

Tempestade no Atlântico influencia ondulação em Portugal
De acordo com informações avançadas pela SIC Notícias, as condições adversas resultam da passagem de uma tempestade no Atlântico Norte, que, embora com maior impacto na costa ocidental portuguesa, já se faz sentir no litoral algarvio.
O risco aumenta sobretudo durante os períodos de preia-mar, quando a força das ondas ganha maior intensidade, podendo provocar danos repentinos e inesperados.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) recorda que episódios como este, embora não inéditos, são pouco frequentes nos meses de verão, tornando a sua ocorrência ainda mais preocupante. A agitação marítima, combinada com marés vivas, cria condições ideais para inundações costeiras e destruição de estruturas de apoio balnear.
Estruturas danificadas e limpezas em curso
A Câmara Municipal de Faro confirmou que várias passadeiras utilizadas para aceder às áreas concessionadas foram severamente afetadas. Equipas de limpeza encontram-se já no terreno, removendo destroços e apoiando concessionários que também registaram prejuízos.
Apesar dos danos, a autarquia assegura que a atividade balnear não foi suspensa, embora não descarte condicionamentos temporários caso a agitação marítima volte a intensificar-se.
O passadiço principal, símbolo de ligação entre a cidade e o areal, será alvo de reparações urgentes, dada a sua importância para a circulação segura dos veraneantes.

Impactos económicos e no turismo local
O episódio trouxe consequências imediatas para concessionários, bares e restaurantes que dependem da época balnear. Muitos registaram perdas materiais e receiam que o medo de novos episódios afaste visitantes nas próximas semanas.
A Praia de Faro é uma das mais procuradas do Algarve, tanto por turistas nacionais como estrangeiros, e a destruição de acessos ou a limitação temporária de atividades pode traduzir-se em quebras de receita significativas para a economia local. Pequenos negócios familiares, que dependem quase exclusivamente dos meses de verão, são os primeiros a sentir o impacto.
Erosão costeira e alterações climáticas
Este episódio é também um reflexo do desafio maior que o litoral português enfrenta: a erosão costeira. Especialistas alertam que a subida do nível médio do mar, associada às alterações climáticas, está a aumentar a frequência e intensidade destes fenómenos. Zonas outrora seguras passam a estar em risco, e infraestruturas erguidas demasiado próximas do mar tornam-se vulneráveis.
Na Praia de Faro, como em outras localidades costeiras, a necessidade de reforçar medidas de proteção costeira é cada vez mais evidente. Obras de requalificação, reposição de areias e soluções de engenharia podem ajudar, mas exigem investimentos avultados e planeamento a longo prazo.

Guia prático de segurança em dias de forte ondulação
Para reduzir riscos e garantir a segurança de banhistas, moradores e concessionários, as autoridades e especialistas deixam recomendações importantes:
- Acompanhar sempre os avisos do IPMA e da Autoridade Marítima – consultar regularmente as atualizações antes de se deslocar à praia.
- Evitar a permanência em passadiços, molhes ou arribas – zonas de maior risco durante marés vivas e ondulação forte.
- Respeitar bandeiras e indicações dos nadadores-salvadores – nunca entrar no mar quando a bandeira vermelha estiver hasteada.
- Redobrar a atenção durante a preia-mar – momento de maior intensidade das ondas e correntes de retorno.
- Manter equipamentos e estruturas afastados da linha de água – concessionários devem recolher material de apoio quando há alerta de agitação marítima.
- Evitar fotografar ou filmar demasiado próximo das ondas – situações aparentemente seguras podem transformar-se em risco em segundos.
- Não subestimar o mar – ondas de grande energia podem arrastar mesmo adultos experientes ou habituados ao mar.
Estas medidas simples podem fazer a diferença entre um dia tranquilo e um episódio de perigo.
Um lembrete da força do oceano
A destruição do passadiço na Praia de Faro é mais do que um acidente isolado: é um alerta para a vulnerabilidade da costa portuguesa e para a necessidade de uma convivência mais responsável com o mar, refere o Postal do Algarve. O oceano é fonte de vida e beleza, mas também de imprevisibilidade. Preparação, prudência e respeito são as chaves para evitar novas tragédias.