Diariamente escapam-nos mais pleonasmos do que imaginamos. Frases ou expressões redundantes que devemos corrigir. Fique a perceber o que é um Pleonasmo e alguns exemplos que deve evitar.
Nos media, no trabalho, no café,… diariamente, somos confrontados com frases de sentido redundante e que, de tanto serem ditas e ouvidas, quase deixam de ser detetadas como erro.
Por essa razão, é importante refletir sobre o que são os pleonasmos e conhecer 20 pleonasmos que deve evitar, para que torne a sua comunicação mais clara e objetiva, sem redundâncias.
O que é um pleonasmo?
Antes de partilhar consigo alguns dos pleonasmos mais comuns da Língua Portuguesa, importa explicar, antes de mais, o que é um pleonasmo.
De forma simplista, podemos dizer que um pleonasmo é uma repetição de uma ideia na mesma frase. Trata-se de uma figura de estilo que pode ser usada, inclusive por escritores, para realçar uma ideia, tornando-a mais expressiva. («Vi claramente visto.», Os Lusíadas, Camões)
Contudo, o pleonasmo pode, muitas vezes, ser utilizado no quotidiano, nomeadamente na comunicação oral, não intencionalmente, mas como erro, sem que quem o pronuncie dê conta de que, realmente, o está a fazer. («Sobe para cima do banco.») Trata-se do pleonasmo vicioso – tautologia – e é, essencialmente, sobre esses casos que vamos falar.
Pleonasmos comuns que deve evitar
Acabamento final
Fazendo lembrar um outro pleonasmo já aqui analisado “Conclusão final”, também neste caso a palavra “final” é acessória, já que um acabamento de algo é uma finalização/ultimação. No fundo, este pleonasmo consiste na enumeração de dois sinónimos.
Últimos acabamentos
Se alguém nos disser, por exemplo, que a obra entrou na fase dos acabamentos, já ficamos a saber que a obra se encontra na fase final e, também, na última fase, já que a palavra acabamento remete para essa ideia de fim e de conclusão.
Regra geral
Provavelmente, um dos pleonasmos mais comuns é mesmo este e, à primeira vista, até podemos não perceber de imediato o porquê de se tratar de um pleonasmo.
Contudo, é simples. As regras ou normas são sempre indicações gerais.
Num regulamento, por exemplo, tudo o que não se enquadrar no global, faz parte não das regras, mas sim das exceções, isto é, daquilo que se aplica ao particular.
Novidade inédita
Uma novidade é sempre algo inédito; assim como algo inédito é sempre uma novidade.
Assim, a combinação destas duas palavras, desta forma, resulta sempre num pleonasmo, o qual se pode evitar optando pelo uso de apenas uma das palavras.
Surpresa inesperada
Quem não gosta de uma boa surpresa, certo? Contudo, sejam boas ou menos boas, uma coisa é certa: uma surpresa é sempre inesperada, caso contrário não é uma surpresa.
Assim, quando preparar uma surpresa para alguém, não se esqueça que, para ser realmente uma surpresa, ela tem de ser inesperada, imprevista e, claro, surpreendente.
Pequenos detalhes
Quando falamos em detalhes referimo-nos precisamente a coisas pequenas, pormenores. Logo, o uso do adjetivo “pequeno” nesta expressão torna-se absolutamente dispensável.
Monopólio exclusivo
Se dissermos que em nossa casa é o pai que tem o monopólio da televisão, por exemplo, tal significa que é ele, em exclusivo, que domina a TV e decide o que se vê nela.
Assim, a palavra “monopólio” já carrega em si essa carga de exclusividade, pelo que dizer monopólio basta.
Protagonista principal
Ser o protagonista de algo é ser a personagem principal, logo dizer protagonista é suficiente.
Já no caso da palavra personagem é diferente, pois podemos referirmo-nos a uma personagem como sendo principal, mas também secundária.
Já no caso da palavra protagonista, é certo que estamos sempre a falar da figura principal de uma história.
Elo de ligação
Certamente que todos já observámos os elos de uma pulseira e é fácil reparar que a sua designação – elos – se deve ao facto de eles se interligarem.
Assim, se eu disser, por exemplo, que o elo entre dois irmãos é o sangue, isso será suficiente para eu perceber que me refiro à ligação entre esses dois irmãos, evitando deste modo o pleonasmo.
Baseado em factos reais
Tudo o que é facto ou factual significa que é verdade, que aconteceu, que é real.
Deste modo, sempre que vemos um filme que diz ser baseado em factos reais ou verídicos, tal trata-se de um pleonasmo, pois não existem factos irreais ou falsos.
A palavra facto aponta sempre para um acontecimento verdadeiro.
Descer para baixo / Subir para cima
Se vamos descer, é porque é para baixo. Da mesma forma que, se vamos subir, é para cima. O mesmo não se aplica à frase “vou descer a subida” uma vez que uma subida se pode descer tal como uma descida se pode subir. Tudo depende do ponto de vista da pessoa. É um pouco como o copo meio cheio ou meio vazio…
Sair para fora / Entrar para dentro
Ainda no decorrer da expressão anterior, é assustadora a quantidade de pessoas que dizer “vou sair para fora” como se, na cabeça dessas pessoas, fosse possível sair para dentro.
Tenho um amigo meu
Este é um daqueles erros da linguagem que só os ouvidos mais atentos detetam. Se eu tenho um amigo, é óbvio que ele é meu, não há a necessidade de enfatizar esse facto.
Hemorragia de sangue
Uma hemorragia é sempre de sangue, não é? É certo que a ciência e a medicina estão em evolução constante mas, até agora, ainda não foi revelada nenhuma outra espécie de hemorragia que não seja a de sangue, pois não?
Vi com os meus olhos
A menos que estejamos a escrever um poema ou uma canção de amor lamechas, não há qualquer tipo de motivo para ver com os olhos de outrem ou com outra das nossas partes do corpo.
Há anos atrás
Não é preciso sermos geniais para percebermos o quão errada está esta expressão. Se é “há anos”, é óbvio que é há anos atrás. Não há a possibilidade de ser há anos à frente.
Adiar para depois
Adiar significa mudar para outra data. Tendo em conta não ser possível alterar compromissos para uma data anterior à previamente definida, é capaz de se tornar complicado adiar para antes.
Eu pessoalmente
Vamos falar sobre a quantidade de pessoas que começam a expressar uma opinião com um “eu pessoalmente”. É algo que sai tão naturalmente a toda a gente que, de certa forma, já está instaurado e virou quase regra.
Mar salgado
A menos que sejamos o Fernando Pessoa e estejamos e tentar construir uma relação metafórica entre o mar e as lágrimas derramadas pelos portugueses, deixa de fazer sentido dizer mar salgado. Todo o mar é salgado. Se a água for doce chama-se rio, lago ou derivados.
Leia também:
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Adorei!
Saber o que é pleonasmo eu sabia mas fui pega nos:
*Regra geral
*Pequenos detalhes
*Baseado em fatos
reais.
Obrigada!