A vida de um rei nem sempre é divina… D. Sancho II teve uma vida que ninguém desejaria… traído pela mulher, acabou impotente e roubado pelo irmão!
Ao longo da nossa história, vários foram os reis que tiveram uma vida de sonho. Outros tiveram episódios verdadeiramente negativos, com diversos momentos para esquecer. Num país que conta com quase 900 anos de história, D. Sancho II é um dos reis que se destaca por alguns momentos de infelicidade.
Embora seja comum pensarmos na vida de um rei como uma vida cheia de luxos, com toda a gente a ceder aos nossos caprichos, a verdade é que a vida de Rei nem sempre é divina… D. Sancho II é um rei que comprova isso mesmo. A prova que nos faz constatar que os reis que nascem num berço de ouro nem sempre têm uma vida perfeita.
D. Sancho II: traído, impotente e roubado pelo irmão!
D. Sancho II
O Rei D. Sancho II nasceu na cidade dos estudantes no dia 08 de setembro de 1202, em Coimbra. D. Sancho II teve como pais D. Afonso II e D. Urraca. O seu reinado foi relativamente longo, mais de duas décadas, entre 1223 e 1248.
Quando o Rei subiu ao trono, em 1223, tinha apenas 14 anos. O Rei português que ficou conhecido como “O Capelo” uniu-se a D. Mécia Lopes de Haro. O dia do seu falecimento foi a 4 de janeiro de 1248, encontrando-se nessa altura em Toledo.
Este rei foi sucedido pelo seu irmão, D. Afonso III, rei que ficou conhecido pelo cognome de “O Bolonhês”.
O seu lugar na história
D. Sancho II foi o quarto rei da história de Portugal, tendo integrado a 1ª Dinastia, uma dinastia que ficou conhecida como Afonsina ou de Borgonha. D. Afonso Henriques, “O Conquistador”, foi o fundador do reino, reinando de 1143 até falecer.
Depois, foi sucedido pelo seu filho, que assumiu a coroa em 1185. D. Sancho I, “O Povoador”, que era filho de D. Afonso Henriques, reinou Portugal até 1211.
O seu sucessor foi D. Afonso II, “O Gordo” (filho de D. Sancho I e neto de D. Afonso Henriques), tendo reinado Portugal até ao ano de 1223. Foi nesse ano que D. Sancho II assumiu o trono, ainda era um adolescente.
O seu reinado
Ao longo do seu reinado, D. Sancho II passou grande parte do tempo em guerra contra os muçulmanos. Ao dedicar-se a essa tarefa acabou por desprezar as tarefas do governo.
Foi um rei guerreiro e a prova da sua valentia (que era incontestável!) está no aumento que fez ao território nacional. D. Sancho II foi responsável pela conquista de um número significativo de castelos, obtidos na sequência de vitórias sobre os mouros.
Contrastes
Apesar das vitórias conseguidas no campo de batalha, D. Sancho II ganhou a triste fama de ser mau rei. Como estava constantemente em guerras, revelou-se um governante incapaz.
Além disso, era tido como um marido impotente e sabia-se que era enganado pela mulher. Na sequência desta realidade indesejada, o reino acabou por cair em desordem, sendo alvo de diversos bandos de salteadores.
Ora, nobres e bispos chegaram a acusar o Rei de “não fazer justiça nenhuma”. Estes homens estavam frustrados pela sensação de injustiça reinante, chegando mesmo a queixarem-se ao Papa da incompetência do rei e da incapacidade de D. Sancho para exercer a autoridade.
O mal-estar geral
Se as coisas estavam mal, pioraram quando o rei se casou com D. Mécia Lopes de Haro, uma nobre espanhola de quem o rei ainda era primo. A insatisfação foi aumentando, pois D. Mécia não era vista como sendo uma opção benéfica já que, além de ser espanhola, esta mulher já tinha sido casada (tendo ficado viúva muito cedo).
O povo rapidamente passou a odiar a rainha, pois esta estrangeira, que era bela e rica, estava longe de pretender criar uma relação com o povo que vivia na miséria. Depois dos nobres e bispos escreverem ao Papa, a situação complicou-se. Em fevereiro de 1245, o Papa Inocêncio IV declarou nulo o casamento realizado entre D. Sancho II e D. Mécia, tendo ordenado que o casal se separasse.
Reação
D. Sancho II era homem de convicções e não tinha receio. Por isso, não se vergou à vontade dos outros. Entre os seus inimigos, estava D. Afonso, que era seu irmão. Assim, os seus inimigos confiavam no irmão mais novo do rei para intensificar a intriga junto do Papa.
D. Afonso, que era casado com a condessa de Bolonha, teve o apoio Papal, pois o Papa na Bula “Grandi non immerito” depôs D. Sancho II, tendo declarado que os portugueses já não estavam sob a sua alçada, não devendo mais obediência a D. Sancho II, mas sim a D. Afonso, “o Bolonhês”.
O rei resistiu a essa posição. Por isso, a guerra civil que se seguiu foi natural. No entanto, o rei sofreu um golpe fatal em 1246.
O golpe
Raimundo Portocarreiro, “o Torres”, era um dos principais apoiantes de D. Afonso. “O Torres” entrou no Paço a chefiar um pequeno grupo de cavaleiros, feito conseguido com a preciosa ajuda de Martim Gil de Soverosa, que era homem de confiança de D. Sancho II, mas que traiu o rei.
Raimundo Portocarreiro, “o Torres” raptou a rainha. D. Sancho II encontrava-se reunido com a corte em Coimbra, quando soube que D. Mécia tinha sido raptada e levada para o castelo de Ourém. Rapidamente, o Rei reuniu um pequeno exército, tendo seguido de imediato de viagem no sentido de libertá-la.
O desenlace
A vila encontrava-se cercada e o rei estava preparado para recuperar a mulher. No entanto, a rainha D. Mécia Lopes de Haro recusou-se a voltar para ele, pois assumiu a adesão ao partido de D. Afonso.
O acontecimento revelou-se um tremendo escândalo. A rainha D. Mécia Lopes de Haro foi acusada de ter anuído ao rapto, feito em conluio com o cunhado. Ora, além da recusa em voltar para o marido, havia a constatação de que o casal de reis não tinha filhos. Logo, o rumor de que D. Sancho era impotente ganhou dimensão.
O rei D. Sancho II partiu para o exílio, ficando em terras de D. Fernando III de Castela, que era seu primo, onde acabou por morrer, em Toledo. D. Afonso tornou-se rei. Ao ascender ao trono, passou a usar o nome de D. Afonso III.
Já D. Mécia acabou por sair de Ourém, tendo ido primeiro para a Galiza e, posteriormente, para Castela, local onde faleceu.
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