Um casamento que durou mais de um ano, sem haver materialização do amor sentido. A rainha morreu sem dar herdeiros. D. Pedro V e D. Estefânia, a rainha que morreu virgem.
O mundo dos Reis e das Rainhas era bem distinto. Muitos deles eram tratados como deuses, mas na verdade eram seres humanos como nós, com virtudes que encantam e com defeitos que os tornam mais próximos. A história de Portugal conta com mais de três dezenas de reis e quatro dinastias que reinaram e decidiram os destinos dos portugueses ao longo de vários séculos.
Ao longo deste tempo, foram vários os episódios curiosos e irresistíveis. Ao longo do tempo, surgiram diversas curiosidades que merecem a nossa atenção. No presente artigo, destinamos o nosso olhar a D. Pedro e a D. Estefânia.
D. Pedro V e D. Estefânia, a rainha que morreu virgem
D. Pedro V
D. Pedro V foi um rei bastante apreciado pela população, por isso ficou conhecido como “O Bem-Amado”. Apesar de todas as mordomias de ser príncipe, D. Pedro não teve uma juventude de sonho. Quando tinha apenas 16 anos, viu a mãe morrer. D. Maria II faleceu durante um parto que não correu como o esperado.
Em 1855, meros dois anos após esse trágico acontecimento, D. Pedro V assumiu o trono. O contexto em que ascende ao poder é conturbado, pois a sucessão de epidemias levou à morte milhares de pessoas. D. Pedro V não teme esse contexto e não prescinde de estar do lado do seu povo, indo aos hospitais, fazendo visitas, de forma a confortar as vítimas num momento delicado.
O seu reinado foi curto, pois apenas seis anos após assumir a Coroa ele acaba por morrer com febre tifoide, sem deixar descendência. Assim, o sucessor acaba por ser D. Luís, o seu irmão mais novo.
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D. Estefânia
D. Pedro V não deixou descendência, mas conheceu o amor. Dona Estefânia Josefa Frederica Guilhermina Antónia de Krauchenwies (Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen) nasceu a 15 de julho de 1837, no Castelo de Krauchenwies.
Tinha como pai D. Carlos António, Príncipe de Hohenzollern, e como mãe a princesa D. Josefina de Baden. Ela recebeu uma rigorosa educação católica.
O amor
D. Pedro V e D. Estefânia casaram-se por procuração, em 1858, mais precisamente a 29 de abril de 1858, na Catedral de Santa Edwiges, em Berlim. O responsável pelo contrato do matrimónio foi o Conde do Lavradio. Casar por procuração era um fenómeno comum entre a realeza europeia. D. Pedro V e D. Estefânia fizeram-no quando tinham ambos 20 anos.
O rei e a rainha só se conheceram um mês depois desse casamento. A 18 de maio, eles voltaram a casar, aí de forma mais tradicional. D. Estefânia tornou-se assim rainha consorte de Portugal.
A noite de núpcias
Apesar deste casamento já ter sido feito com o conhecimento das pessoas, a noite de núpcias não foi memorável para os seus intervenientes. O rei não demonstrou interesse em materializar o seu amor. D. Pedro V era um puritano e a futilidade das raparigas da corte levava a que ele ficasse desagradado.
Contudo, o tempo fez com que ele conhecesse melhor D. Estefânia e a sua perspetiva sobre a mulher mudou radicalmente. Eram ambos pessoas cultas e cosmopolitas. Ambos se revelavam pessoas apaixonadas pelas artes e pelas letras. Ambos demonstravam apreço e preocupação com os mais pobres (D. Estefânia fundou em conjunto com D. Pedro V diversos hospitais e instituições de caridade. Gozaram ambos de popularidade. O Hospital de Dona Estefânia, em Lisboa, foi nomeado em sua honra).
Eram ambos pessoas reservadas. Pareciam feitos um para o outro e o casal demonstrou em pouco tempo estar apaixonado. O casal fazia longos passeios pelos belos jardins de Sintra e Benfica de mãos dadas! O desejo de terem crianças era real, pelo povo e pela família Real. Contudo, faltava a rainha engravidar…
A desilusão
Apesar do clima quente entre ambos, algo parecia não estar bem. Um ano depois do casamento, a rainha sentiu-se mal e foi internada. D. Pedro V ficou dois dias inteiros à cabeceira da sua cama, incrédulo, temeroso e revoltado.
A Rainha morreu virgem!
D. Estefânia faleceu na sequência de uma angina diftérica. Na sequência da autópsia, os médicos da casa real chegaram à conclusão de que a rainha morreu virgem. Ela morreu pouco tempo depois de completar 22 anos de idade, no dia 17 de julho de 1859.
D. Estefânia jaz em Lisboa, mais especificamente no Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora. O rei viúvo faleceu apenas dois anos depois, de febre tifóide. Foram precisos passar 50 anos para esta informação se ter tornado pública. Tal aconteceu num artigo de Ricardo Jorge, um famoso médico português.
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Pq sera q nao consumaram o casamento, ja q se gostavam tanto? Portugal tem cada historia…sera q ele gostava dela só como amiga?
Há quem afirme que se trata de intriga palaciana e que terá sido a rainha D.Maria Pia a dar origem ao boato. Fosse o que fosse já não estão entre nós, não se podem defender e respeitemos as suas memórias, tanto mais que só fizeram o BEM.
Gosto muito das publicações pois fico sabendo de acontecimentos
que ficaram em sigilo e ninguém soube a verdadeira história.
Desconhecia…. Sempre tive paixão pela cultura…!
Muito interessante, a história sendo publicada mesmo depois de décadas, o importante é que veio a tona a verdade. Vemos muitas fantasias nas histórias de reinado, principalmente na questão sexual.
D. Pedro V era impotente. Talvez por recalcamentos de educação.
Gostei muito do artigo sim e como a colega intrigada se apaixonada pq morreu virgem. Gosto muito deste tipo de artigo, história de reis, rainhas, príncipes e princesas da vida real.
Adorei. Vou continuar convosco. Obrigado.
Adoro história, e como tal todos estes relatos me fascinam.
Não vejo nada de intrigante. Numa sociedade absolutamente patriarcal, o motivo para o facto só pode estar do lado do rei, muito provavelmente por impotência, ou desinteresse pelo sexo, como o seu carácter deixa supor. Também não impossível uma mulher manter a integridade do hímen com uma vida sexual activa.