Fique a conhecer um homem que desempenhou um papel importante na conquista da independência de Portugal. Após a sua morte, este homem tornou-se santo!
Ao longo da nossa história, muitas pessoas desempenharam diferentes tipos de papel, uns mais importantes que outros. No entanto, muitos desempenharam tarefas que se revelaram decisivas, mas a história esqueceu o seu papel.
Bernardo de Claraval foi um dos homens que não é lembrado como merecia. O seu desempenho foi crucial para a formação da independência do nosso país. Fique a conhecer melhor a vida do abade de Claraval, um homem que desempenhou um papel importante na independência de Portugal.
Bernardo de Claraval: conseguiu a independência de Portugal e tornou-se santo
São Bernardo de Claraval
Bernardo de Claraval, também conhecido como Bernardo de Fontaine, nasceu em Dijon (França), em 1090. Ele nasceu numa família nobre da Borgonha, mais precisamente no castelo de Fontaine-lès-Dijon.
Bernardo de Claraval foi o terceiro filho de Tescelin o Vermelho e de Aleth de Montbard. Tinha apenas nove anos quando foi enviado para a Escola Canónica de Châtillon-sur-Seine, onde Bernardo revelou uma especial aptidão para a Literatura.
Bernardo entrou para a Abadia de Cister em 1112, onde Santo Estêvão Harding havia acabado de ser eleito abade.
O jovem Bernardo foi convencido por Estêvão Harding e, em 1115, fundou uma nova casa cisterciense com um grupo de 30 monges. Ela localiza-se no Vale de Langres e é chamada “Vale Claro” ou “Clairvaux” – Claraval. É a esta abadia-mãe, que a maioria das abadias portuguesas e espanholas ficaram associadas.
Trabalho
Ao longo dos 38 anos do seu abaciado, Bernardo marcou definitivamente a política de França e do próprio ocidente medieval. Cister consegue atingir 165 mosteiros. Bernardo está associado a 68.
Bernardo era um homem de constituição frágil. No entanto, era uma pessoa exigente no cumprimento da Regra e da penitência. Bernardo de Claraval dividia as suas horas entre a oração e o trabalho manual.
Ele desejava que os cistercienses revivessem a austeridade e a pureza monásticas, próprias do seu hábito branco. A vida em comunidade era realizada em silêncio.
Legado
Bernardo de Claraval foi um Doutor da Igreja. A eles estão associadas vários obras, nomeadamente escritos, sermões, planos e projetos que estruturavam as suas ideias no interior da própria Ordem.
Bernardo de Claraval foi autor de diversos escritos onde fica clara a dedicação a Deus, definida como entidade de amor e de caridade. Bernardo de Claraval foi o grande impulsionador do culto e contemplação de Maria. O Abade de Claraval foi ainda o autor da Regra para a Ordem dos Cavaleiros Templários.
Contexto
Naquele tempo, no território que hoje reconhecemos como Portugal, o contexto era difícil. No ano da morte do Conde D. Henrique, em 1112, o Condado Portucalense beneficiava de uma sólida autonomia. Quem assumiu o Governo foi D. Teresa que procurou reforçar as condições do Condado. No entanto, era clara a influência galega, por via de Fernando Peres de Trava.
Ora, esta realidade desagradava os sentimentos independentistas da Nobreza do Condado Portucalense. Por isso, surgiu a oposição de D. Afonso Henriques. Em 1120, a oposição entre mãe e filho foi uma consequência da tendência de bipartidarização.
Guerra civil
O jovem D. Afonso armou-se cavaleiro, em 1125, pelas suas próprias mãos. Na Sé de Zamora, três anos mais tarde, ocorreu a Batalha de S. Mamede onde aquele que ficou conhecido como O Conquistador derrotou a sua mãe.
Ao derrotar D. Teresa, D. Afonso consagrou-se uma autoridade. Após a resolução da guerra civil, iniciou-se a disputa de soberania. D. Afonso Henriques pretendeu fazer oposição a Afonso VII de Leão, além de ter realizado uma série de contendas contra os muçulmanos.
A Batalha de Ourique realizou-se a 25 de julho de 1139, momento em que D. Afonso foi aclamado como Rei.
Proteção e conquistas
D. Afonso Henriques tornou-se tributário da Santa Sé, em 1143, em troca da proteção pontifícia. A Independência de Portugal foi reconhecida nesse ano, com o tratado de Zamora.
Após ter resolvido a contenda com Afonso VII, D. Afonso Henriques expandiu os seus domínios para sul. A tomada de Santarém (15 de março) e a tomada de Lisboa (rendição a 23 de outubro) são os seus maiores feitos no ano de 1147. Seguem-se duas décadas em que D. Afonso Henriques dilatou os limites de Portugal.
O Rei legítimo
O Papa Alexandre III concedeu a D. Afonso o título de Rei, momento que só aconteceu em 1179, através da Bula Manifestis Probatum. Desta forma, estava legitimada a independência de Portugal e o direito sucessório.
A recompensa
D. Afonso terá prometido erigir um mosteiro em honra de Santa Maria nas vésperas da tomada de Santarém (1147). No dia 8 de abril de 1153, D. Afonso Henriques doou a Bernardo de Claraval e à Ordem de Cister um território vasto, de 44 mil hectares. Era necessário ocupar e povoar os territórios conquistados, além de ser importante favorecer religiosamente a causa do autoproclamado Rei de Portugal.
O Abade de Claraval era uma pessoa extremamente popular. Encontrava-se entre as figuras mais eminentes da sua época. Desta forma, Claraval era uma pessoa altamente influente em matérias públicas, com especial atenção a pessoas ligadas à Religião.
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Bernardo de Claraval
Bernardo foi uma das personalidades mais importantes do mundo cristão do século XII. O abade de Claraval percorreu grande parte do continente europeu, frequentou Concílios e foi um brilhante orador. Este homem teve uma influência determinante na expansão da Ordem Cisterciense pelo continente europeu, fazendo com que a nova ordem monástica se instalasse em Portugal no momento de formação do reino.
Bernardo de Claraval foi um soldado da fé e um crente na força das armas. Foi com essas qualidades que contribuiu para a expansão da fé no reino de Portugal. Ele desempenhou um papel importante. Foi a “alma” da Segunda Cruzada à Terra Santa.
Troca de Cartas com D. Afonso Henriques
Bernardo enviou quase 500 cartas que são reconhecidas como documentos históricos. Entre essas cartas, encontram-se quatro que ligam o primeiro abade de Claraval a Portugal. A carta 308 é dirigida ao próprio Afonso Henriques. Esta carta foi enviada através do frei Rolando. Esta carta atesta a munificência Apostólica, mencionando-se com essa expressão talvez o título papal de reconhecimento de Afonso como rei do nosso país. Ela foi enviada na sequência do pedido feito a Bernardo para intermediar o assunto junto do sumo Pontífice.
Existe outra carta dirigida a Afonso Henriques. Na carta 463, é mencionado um mosteiro a construir na sequência da vitória sobre os sarracenos. Existe uma carta 464 sobre a fundação de mosteiros de Cister em Portugal, esta é dirigida a João Cirita. A carta 470 é de Afonso Henriques dirigida ao Abade de Claraval. Além de informar sobre a conquista de Santarém, está presente a promessa de assinalar a fundação de um mosteiro da Ordem de Cister (veio a ser o de Alcobaça).
Contributo
Nas cartas 308, 463 e 470, ficou fundamentado que Bernardo teve, ao longo do tempo, uma
intervenção direta e clara em diferentes áreas. O abade de Claraval teve um papel no reconhecimento do Papa pelo título dado a D. Afonso Henriques. Será lícito concluir que, dada a projeção europeia do Imperador Afonso VII, apenas alguém da importância de São Bernardo poderia ativar a criação do nosso País.
Bernardo também teve um papel na fundação do mosteiro de Alcobaça, que foi construído como forma de retribuição de uma intervenção milagrosa na conquista de Santarém.
A morte
Bernardo foi o maior impulsionador da Ordem de Cister. O abade de Claraval foi uma das personalidades eclesiásticas mais influentes do século XII. Bernardo foi um abade cisterciense, um santo e um Doutor da Igreja.
Ele morreu em 1153, com 63 anos. Posteriormente, foi canonizado por Alexandre III, no dia 18 de julho de 1174. Em 1830, Bernardo foi declarado Doutor da Igreja por Pio VIII. A sua ligação a Alcobaça não se cinge ao Mosteiro. A cidade homenageia o homem, existindo o feriado municipal de Alcobaça no seu dia, 20 de agosto.