Frequentemente, a nossa língua suscita dúvidas entre optar pela expressão X ou Y. Assim, há erros que são cometidos… Escreve-se «ter de» ou «ter que»?
A língua portuguesa é extremamente complexa, não é? Ela contém muitas regras e tem ainda exceções a regras que tornam a nossa vida “complicada”. É, por isso, uma língua bastante difícil de dominar, mas deve ser encarada como um bom desafio. Uma espécie de teste que está perante nós e que deve ser superado com distinção. Assim sendo, devemos esclarecer no imediato quaisquer dúvidas que nos surjam.
Na língua portuguesa, há diversas dúvidas que vão surgindo e, como não se sente urgência em as esclarecer, elas revelam-se muitas vezes em erros embaraçosos. Frequentemente, ouvimos erros enquanto conversamos ou enquanto vemos televisão. É também comum encontrar diversos erros quando lemos jornais, livros e revistas. Há ainda vários erros nas redes sociais, mas esse é um universo que nem vale a pena explorar, pois faz-se um uso criativo da linguagem.
No geral, há erros que mancham a reputação das pessoas, nomeadamente alguns que são cometidos por pessoas que têm a obrigação de evitar cometer esses mesmos erros. Entre esses erros comuns, está a confusão que é feita com as expressões “ter de” ou “ter que”.
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Língua Portuguesa: «ter de» ou «ter que»?
No discurso falado, a troca destas duas formas é comum. No entanto, na escrita (especialmente), deve ter-se o maior cuidado possível. Embora ambas as formas sejam muito semelhantes, elas possuem usos distintos. Ora, fique a conhecer as duas formas.
Vejamos os seguintes exemplos:
– Fui multado. Agora, tenho que pagar a coima.
– Fui multado. Agora, tenho de pagar a coima.
– Tenho de sair antes das 17h.
– Tenho que sair antes das 17h.
Parece a mesma coisa, não é? Mas qual das formas devo usar em cada um dos determinados contextos? Certamente que ficará devidamente esclarecido, com a explicação que se segue.
O contexto é importante, nomeadamente o enquadramento gramatical destas expressões e a intenção com que a frase é dita, pois isso determina o uso da expressão “ter de” ou “ter que”.
Assim,…
Devemos dizer «tenho que fazer X», quando nos referimos a algo que podemos fazer.
Porém,…
Devemos dizer «tenho de fazer Y», quando há uma obrigatoriedade em fazer algo.
Portanto:
– «Tenho que» deve ser usado quando há algo que queremos fazer, embora não seja obrigatório fazê-lo. Por exemplo, quando o verbo é usado no sentido de ser detentor de algo ou de possuir alguma coisa. Veja o seguinte exemplo: «Como já regressei de férias, tenho que te mostrar as fotografias.»
– «Ter de» permite expressar o desejo de algo, o dever de fazer alguma coisa, a obrigação de cumprir algo (cumprir uma lei, pagar uma multa,…); é como ter a necessidade de fazer algo.
Assim sendo, “ter de” corresponde na verdade ao desejo (necessidade, obrigação, dever) de realizar o ato expresso pelo verbo que surge na sequência da expressão, ou seja, o verbo principal.
Agora que compreende plenamente a diferença entre os diferentes momentos em que pode e deve usar as expressões “ter de” ou “ter que”, seguramente que irá cometer menos erros. Recomendamos que tenha agora uma maior atenção ao uso destas duas expressões que, embora sejam tão parecidas na expressão escrita, devem ser usadas de formas distintas.
Já o mesmo não se pode dizer da comunicação oral. A verdade é que a substituição de uma por outra acaba por ser praticamente impercetível.
Vejamos os exemplos:
– Tenho de tomar o antibiótico. / Tenho que tomar o antibiótico.
– Ganhei o processo em tribunal. Ela tem de me pagar a indemnização até ao final do ano. / Ganhei o processo em tribunal. Ela tem que me pagar a indemnização até ao final do ano.
– Tenho que juntar dinheiro. / Tenho de juntar dinheiro.
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Gostei muito, e ajudou me bastante na compreensão de algumas expressões! E estou muito apaixonada pela língua portuguesa.
Gostei muito. Acho que o mais explícito possível.