Tempestade solar severa em curso pode tornar as auroras boreais visíveis no Minho — mas também representa riscos para comunicações e energia. Imagine olhar para o céu e ver dançar, sobre as montanhas do Minho, véus de luz em tons verdes e púrpura, como se o Norte de Portugal tivesse sido transportado para o círculo polar ártico. O fenómeno é raro, mágico — e está mais perto do que nunca.
Este domingo, o mundo acordou em alerta. A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos emitiu um dos avisos mais graves da sua escala: uma tempestade geomagnética severa (nível G4) está em curso, resultado direto de uma intensa atividade solar.
Este tipo de fenómeno não só é capaz de iluminar os céus com auroras boreais visíveis em latitudes improváveis, como também pode afetar sistemas essenciais do nosso quotidiano, da comunicação à energia.

O que está a acontecer no Sol — e por que devemos prestar atenção?
Durante os últimos dias, o Sol tem estado particularmente irrequieto. Através de erupções violentas conhecidas como ejeções de massa coronal (CMEs), lançou enormes quantidades de partículas carregadas diretamente em direção à Terra.
Quando estas partículas atingem o nosso campo magnético, dão origem a tempestades geomagnéticas — fenómenos naturais de alta intensidade que podem durar horas ou mesmo dias.
A NOAA confirmou que as condições severas já foram observadas, e o alerta foi elevado para a classificação vermelha, a mais grave da escala. Este é um evento raro — o último de magnitude semelhante aconteceu há anos e deixou marcas no planeta.
Auroras Boreais no Minho? Sim, é possível. Mas há mais…
É esta energia solar que, ao interagir com a atmosfera terrestre, dá origem às auroras polares — o famoso fenómeno de luzes coloridas no céu noturno. O que normalmente apenas se observa em países nórdicos, como a Noruega ou a Islândia, pode agora ser visível em zonas mais a sul, como o norte de Espanha e até em Portugal, na região do Minho.
Se o céu estiver limpo e livre de poluição luminosa, o espetáculo poderá ser único, talvez irrepetível numa geração.
Mas nem tudo são luzes no céu.

Perigos invisíveis: impactos reais no quotidiano
Uma tempestade geomagnética severa não é apenas um fenómeno bonito. É também uma ameaça invisível que pode causar interferências sérias em satélites, redes elétricas, telecomunicações e sistemas de navegação.
- GPS e comunicações podem falhar temporariamente, afetando desde a aviação à navegação marítima.
- Redes elétricas podem sofrer picos de tensão ou interrupções, especialmente em infraestruturas mais antigas.
- Voos em altitudes elevadas, sobretudo nas zonas polares, poderão ser desviados ou reprogramados devido à exposição acrescida à radiação solar.
Quanto tempo vai durar este fenómeno?
Segundo os dados divulgados pela NOAA, esta tempestade deverá persistir ao longo deste domingo e prolongar-se até segunda-feira, com flutuações na sua intensidade. O risco é real, mas também o é a oportunidade única de ver o céu português pintado por auroras boreais.
O que pode (e deve) fazer?
- Evite depender exclusivamente de GPS nestes dias — tenha alternativas à mão.
- Desligue aparelhos eletrónicos sensíveis durante picos de instabilidade.
- Observe o céu noturno longe das luzes da cidade — se estiver no Norte, especialmente no Minho, há chances de presenciar um fenómeno mágico.
- Mantenha-se informado através de fontes fiáveis como o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) ou o site oficial da NOAA.
Um fenómeno raro, belo e poderoso — e um lembrete de que não controlamos tudo
Vivemos rodeados de tecnologia, mas por vezes o universo recorda-nos que ainda somos vulneráveis às forças da natureza. Uma simples explosão no Sol pode afetar comunicações, deslocações, energia… e também o nosso olhar sobre o mundo.
Se tiver oportunidade, pare. Olhe para cima. Sinta a fragilidade e a beleza do planeta onde vive. Porque entre o risco e o deslumbramento, o que está a acontecer agora lá em cima é história viva — escrita em partículas de luz.
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