As autoridades portuguesas estão a lançar um alerta urgente sobre um novo golpe telefónico internacional que está a fazer inúmeras vítimas em vários países europeus. O esquema, conhecido como “Wangiri”, utiliza números com o indicativo +30 (Grécia) para enganar as pessoas e levá-las a devolver chamadas — um gesto aparentemente inofensivo que pode resultar em prejuízos financeiros significativos.
Um golpe que atravessa fronteiras
O avanço da tecnologia tornou os golpes telefónicos cada vez mais sofisticados e globais. Já não importa onde o criminoso se encontra: uma chamada feita a partir de França, Marrocos, Países Baixos ou agora da Grécia pode chegar facilmente a qualquer telemóvel em Portugal — e provocar danos sérios.
De acordo com o portal Executive Digest, há um aumento expressivo de chamadas fraudulentas com origem no indicativo +30, o código internacional da Grécia. O padrão é quase sempre o mesmo: o telefone toca uma única vez e desliga-se antes que a pessoa consiga atender.
O objetivo? Despertar a curiosidade e levar a vítima a devolver a chamada. É nesse momento que o golpe se concretiza.
Como funciona o golpe “Wangiri”
O esquema “Wangiri” — termo japonês que significa literalmente “uma chamada e corta” — é tão simples quanto perigoso. Quando a vítima retorna a chamada perdida, o número liga automaticamente para uma linha de tarifa premium internacional, que cobra valores elevados por cada segundo de ligação.
Em muitos casos, ninguém fala do outro lado: a ligação é interrompida de imediato, mas o débito é feito.
Há relatos de pessoas que perderam dezenas ou mesmo centenas de euros sem perceberem o que tinha acontecido.
Embora esta nova vaga tenha origem na Grécia, autoridades de cibersegurança alertam que os mesmos esquemas estão também a operar a partir de França, Marrocos e Países Baixos.
Em Portugal, a ANACOM e a PSP já receberam várias denúncias de cidadãos que foram alvo destas chamadas suspeitas.
Como se proteger deste tipo de burla
Felizmente, evitar o golpe é simples, desde que se mantenha a atenção.
As autoridades recomendam as seguintes medidas de prevenção:
- Nunca devolva chamadas de números desconhecidos com prefixos internacionais que não reconhece.
Se o indicativo for +30 e não conhecer ninguém na Grécia, bloqueie o número imediatamente. - Verifique sempre o código de país antes de atender.
As chamadas nacionais começam sempre com +351. Qualquer outro indicativo deve levantar suspeitas. - Pesquise o número online antes de ligar de volta.
Se for legítimo, aparecerá facilmente uma correspondência. Caso contrário, pode encontrar relatos de outras vítimas a alertar para o mesmo número. - Use aplicações de bloqueio de chamadas fraudulentas, como Truecaller ou Hiya, que identificam e bloqueiam automaticamente números suspeitos.
- Evite agir por impulso.
Se estiver à espera de uma chamada importante, mas o número for estranho, aguarde. Se for uma chamada legítima, voltarão a ligar.
Um simples toque pode custar caro
O perigo do golpe “Wangiri” está na aparente inocência do gesto. Um simples toque, uma chamada perdida, um retorno automático — e o prejuízo pode ser avultado, adverte o Postal.
Alguns planos de telecomunicações não cobrem números premium estrangeiros, e as tarifas podem chegar a vários euros por minuto, dependendo do país de origem.
Especialistas alertam que a sofisticação destes esquemas cresce a cada mês, e que os burlões exploram emoções humanas como a curiosidade, o medo ou a pressa. A melhor defesa continua a ser a informação e a vigilância.
Um golpe que se reinventa, mas com o mesmo objetivo
O “Wangiri” não é novo. Já circulou pela Ásia e pela América Latina há alguns anos, mas agora ressurge com força na Europa, adaptado às novas tecnologias e aos hábitos digitais.
Segundo a Executive Digest, centenas de cidadãos europeus foram recentemente vítimas deste golpe, que volta a provar que a cibercriminalidade não conhece fronteiras.
Num mundo onde a ligação é constante, a prudência tornou-se a nova forma de segurança.
Por isso, se receber uma chamada com o indicativo +30, não atenda e não devolva. Pode ser apenas um toque — mas é o suficiente para que alguém, do outro lado do mundo, toque na sua carteira.