Quando os alimentos chegam ao fim do prazo de validade ainda estarão bons para consumir ou devem deitar-se fora? A validade dos alimentos deve ser uma preocupação constante na casa das pessoas. É frequente comprarmos produtos em quantidade, que são posteriormente esquecidos no frigorífico ou na despensa. Ora, quando somos confrontados com um prazo de validade vencido hesitamos.
Por um lado, pretendemos evitar o desperdício, por outro, não pretendemos fazer um consumo que leve a colocar em causa o bem-estar do nosso organismo. Como saber se os alimentos fora de prazo são seguros para consumo?
O presente artigo serve como guia e irá apresentar orientações adequadas para lidar corretamente com produtos expirados. Os diferentes alimentos vencidos têm as suas especificidades.
Posso comer alimentos fora do prazo de validade?
Nem todos os alimentos que chegam ao fim do prazo de validade, apresentam sinais de deterioração evidentes. Por isso, a questão surge: devemos comer ou colocar no lixo?
Segundo os especialistas em segurança alimentar, antes de tomar essa decisão, as pessoas devem aprender a ler os diferentes tipos de prazos que são apresentados nas embalagens.
O desperdício alimentar deve ser uma preocupação geral, por motivações éticas, mas também económicas e ambientais. Nos supermercados, é cada vez mais comum ver zonas que apresentam etiquetas com cores específicas a alertar para produtos que se encontram perto do fim do prazo de validade. Estes produtos têm preços mais acessíveis para ficarem mais atrativos à compra e se evitar o desperdício.
Convém compreender a importância da questão. Num contexto em que há muita fome no planeta, cerca de ⅓ da comida produzida em todo o mundo é desperdiçada. Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), foi revelado que no nosso país foram desperdiçados 183,6 quilos de alimentos por habitante em 2020.
Muitas pessoas optam por comer produtos com o prazo de validade vencido, para evitar o desperdício alimentar, salvando também o investimento na comida. No entanto, convém saber se esta é uma prática segura ou se coloca a saúde em risco.
Saber se os alimentos que se encontram fora do prazo estão aptos para consumo é importante. Tal como é saber por quanto tempo é que se encontram em condições.
Conforme se percebe pelas diretrizes europeias, há dois tipos de data de validade que se deve ter em conta. São eles a “data de durabilidade mínima” e a “data-limite de consumo”.
Segundo os especialistas em segurança alimentar, cada uma destas datas apresenta um significado distinto. Convém compreender o que cada prazo de validade significa e como atuar perante cada opção.
É comum vermos produtos com a mensagem “consumir de preferência antes de”. O uso do termo “preferencialmente” revela-se um elemento importante para compreender a diferença entre os dois tipos de datas de validade.
Desta forma, quando lemos que alguns alimentos revelam a mensagem “consumir de preferência antes de”, devemos ter em conta que está a apontar-se uma “data de durabilidade mínima”.
Segundo a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), isto quer dizer que até essa data os géneros alimentícios preservam as suas propriedades específicas. Assim sendo, a data que a embalagem apresenta apenas indica o dia até ao qual os produtores asseguram que o alimento se encontra em condições perfeitas em termos das respetivas propriedades.
A partir desse momento, o alimento em causa deixará de estar em condições perfeitas. Por isso, pode não apresentar-se tão bom do ponto de vista da textura e do sabor. No entanto, o seu consumo não representa um perigo para a saúde.”
A mensagem de “consumir de preferência antes de” é apresentada em produtos que “não sejam perecíveis”. Idealmente, devemos consumir os alimentos o mais frescos possível. No entanto, não faz sentido deitar fora produtos que tenham ultrapassado a data de durabilidade mínima, porque a ingestão destes alimentos não coloca em risco a saúde do consumidor.
Contudo, existe um fator importante: as datas de validade que se encontram nos alimentos só são consideradas válidas enquanto o alimento se encontra fechado, porque, a partir do momento em que o produto sai da embalagem, ele deixa de estar seguro. Por isso, naturalmente, o alimento começa a degradar-se.
É por essa razão que os produtos apresentam uma indicação sobre quanto tempo podem ser mantidos abertos até ao momento em que se estragam e não devem ser comidos.
Existem alimentos com condições especiais de conservação e/ou de utilização. Por isso, no rótulo destes produtos, devem ser apresentadas instruções, nomeadamente para o prazo de consumo, após a abertura da embalagem.
Segundo o regulamento europeu, existem alimentos que não necessitam de ter referência à data de durabilidade mínima, nomeadamente os vinhos e bebidas com título alcoométrico volúmico de 10% ou superior, mas também o açúcar no estado sólido, os vinagres, o sal de cozinha, as pastilhas elásticas, entre outros.
A ASAE destaca ainda que as frutas e produtos hortícolas que “não tenham sido descascados, cortados ou objeto de outros tratamentos similares”. Os produtos de padaria e pastelaria também não apresentam referência a prazo de validade.
Qual o significado de “consumir até”?
Esta data exige mais atenção dos consumidores. Conforme a definição da ASAE, a data-limite (na designação “consumir até”) é correspondente ao dia “a partir do qual não se pode garantir que os géneros alimentícios perecíveis (em termos microbiológicos) estejam em condições para consumo seguro”.
Este tipo de afirmação consta em alimentos frescos. Este prazo é apresentado em alimentos como a carne e o peixe. Estes produtos alimentares não se encontram em condições após esse tempo. Podem ser contaminados por microrganismos patogénicos. Por isso, o seu consumo pode originar problemas de saúde.
Estes alimentos apresentam um tempo de vida mais curto por serem frescos. Não é possível garantir a segurança do alimento após a data indicada. Por isso, quando temos um alimento com a indicação a superar a data presente na informação ‘consumir até’, é melhor não arriscar comê-lo.
Também não deve comer um alimento que exceda o prazo indicado na data-limite de consumo, porque pode colocar a saúde em risco. Superar esta data significa que o alimento já se encontra contaminado com microrganismos ou toxinas prejudiciais num nível perigoso para a saúde humana.
Tal pode acontecer mesmo que não exista qualquer alteração visível no alimento. Devemos cumprir a data justamente porque não podemos avaliar se o produto está ou não bom, quando supera a data-limite de consumo.
Em determinados casos, o cheiro ou o aspeto não revelam que o produto está impróprio para consumo. Os nossos sentidos são ótimos para muita coisa, mas não conseguem identificar os microrganismos.
Um truque que permite evitar o desperdício é congelar um produto com data-limite de consumo. É a melhor solução para não desperdiçar o que sabe que não vai conseguir comer, antes do final do prazo. A congelação irá permitir um prolongamento da data de validade, porque os microrganismos não se desenvolvem a baixas temperaturas.
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Pode também cozinhá-lo antes do prazo de validade ser superado. Se o alimento estiver próximo da data de validade e for cozinhado a altas temperaturas, então o calor irá “matar” uma quantidade elevada de microrganismos que já tenham contaminado o alimento. Desta forma, poderá ser colocado no frigorífico onde se conserva por mais algum tempo.
O consumo de alimentos com a indicação “consumir até” após a data-limite de validade implica riscos; há perigos para a saúde. Esse gesto pode originar uma intoxicação alimentar devido à ingestão de microrganismos patogénicos (nomeadamente, bactérias, parasitas, vírus ou toxinas).
Os sintomas mais comuns dessa intoxicação são: diarreia, náuseas, vómitos, febre e dores de estômago ou cólicas. Normalmente, ao fim de alguns dias, a intoxicação alimentar passa. No entanto, se os sintomas persistirem ou intensificarem-se, a intervenção médica será necessária!
O Centro norte-americano de Controlo de Prevenção de Doença (CDC) informou que as intoxicações alimentares graves podem originar diversos problemas de saúde. Entre os mais comuns estão a meningite, os danos renais ou até danos cerebrais e nervosos. Em situações radicais até pode originar a morte.
Conforme os dados fornecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), anualmente, há 420 mil pessoas que morrem devido à ingestão de alimentos contaminados.