Perceba por que Pêro da Covilhã é considerado um dos maiores espiões portugueses de sempre.
Pêro da Covilhã foi enviado até à Índia para reunir dados importantes sobre o Oriente que permitissem que Vasco da Gama desenhasse a Rota das Especiarias. O seu papel como espião foi, assim, de certa forma imprescindível para a expansão comercial do reino português.
Esqueça tudo o que já viu sobre espionagem, mesmo o icónico 007. Pêro da Covilhã, sem carros, armas de fogo ou outros apetrechos, continuam a recolher informação preciosa, percorrendo uma longa distância umas vezes a pé, outras vezes a cavalo, outras vezes ainda de barco e, de forma muito astuta, conseguiu ser sempre bem-sucedido nas suas empreitadas.
A história pouco conhecida de um homem muito valorizado no seu tempo pelo seu engenho e arte. Fique a saber mais sobre a sua história.
Pêro da Covilhã: o maior espião português de sempre
Pêro da Covilhã terá nascido por volta de 1450 na Covilhã. Aos 18 anos, já servia D. Juan de Guzmán, irmão do Duque de Medina-Sidonia, um fidalgo de Sevilha. Aqui, assume funções como espadachim. Foi em 1474 que, com D. Juan, vem até Lisboa, reunir-se com D. Afonso V.
Por falar várias línguas, como árabe, torna-se aos 24 anos moço de esporas de D. Afonso V e, mais tarde, escudeiro, com armas e cavalo. Acompanha D. Afonso V na batalha de Toro e na jornada a França.
As primeiras missões de espionagem
Quando D. João II manda executar o Duque de Bragança, Pêro da Covilhã fica responsável por descobrir quais os nobres que conspiravam contra D. João II, identificando dois: D. Diogo, Duque de Viseu, e D. Garcia de Meneses, bispo de Évora.
Mais tarde, em 1487, Pêro da Covilhã segue com Afonso de Paiva na busca de mais informações sobre o reino de Preste João e da Índia. Nessa missão, foram disfarçados de mercadores, seguindo a cavalo de Santarém a Valência, atravessando o sul da Península Ibérica até Barcelona, numa viagem de cerca de 1 mês.
Depois, apanharam uma nau até Nápoles, desembarcando na ilha de Rodes. Depois, foram para Alexandria, no Egito. De cavalo e barco, chegaram ao Cairo, percorreram o deserto e o Mar Vermelho, cruzando a Arábia.
Calecute, Índia
Um ano depois, chegaram a Adem. Afonso de Paiva seguiu para a Etiópia e Pêro da Covilhã para a Índia. Aí chegado, inteirou-se ao máximo acerca do percurso das especiarias. Percebeu a origem da canela e da noz-moscada e concluiu que Calecute era o centro de toda esta rede.
Percorre a costa oriental de África, de modo a perceber o acesso mais fácil de Portugal até Calecute. São estas as indicações que passa a Vasco de Gama e que o orientam na definição do trajeto seguido na expedição marítima à Índia.
Quando em 1491, Pêro da Covilhã se desloca até ao Cairo, para se encontrar com Afonso de Paiva, fica a saber que este morrera. Assim, segue para a Etiópia para saber mais sobre o reino de Preste João que, afinal, mais não era do que um povo pobre e sem sinais de riqueza.
Ainda assim, o rei Narod não o deixou regressar a Portugal, tendo Pêro da Covilhã ficado a exercer cargos administrativos na Abissínia, onde recebeu terras e formou família.
Relatos das viagens
Em 1540, foram publicados os relatos das suas viagens, enviados pelo próprio ao padre Francisco Álvares. Quanto ao relato que também havia enviado a D. João II, esse não terá atingido o destino, visto que as armadas que seguiram para a Índia não estavam preparadas para um território que não era cristão, nem para os ventos de monção que se fizeram sentir durante a viagem.