Viaje no tempo e descubra um capítulo fascinante da história do Porto! Descubra a história intrigante das portagens para peões na ponte Luís I. A cidade do Porto é bastante popular por várias razões. Tem um rio encantador, um povo acolhedor, uma gastronomia de excelência, um património riquíssimo que espelha a sua fascinante história.
Uma das atrações mais populares é seguramente a Ponte Luís I, uma bandeira da cidade que está ligada a diversos episódios curiosos. Uma das curiosidades irresistíveis deste monumento consiste no momento histórico em que havia portagens para peões nesta ponte.
Quando o Porto tinha portagens para peões na ponte Luís I
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A ponte Luís I destaca-se por ser uma estrutura metálica encantadora, que se tornou por mérito numa bandeira da cidade. Esta construção revelou-se uma espécie de filigrana de ferro.
O comércio apresentava grandes progressos na cidade do Porto na segunda metade do século XIX. Nessa época, as fábricas distribuíam-se por todo o bairro oriental da cidade. O “Bairro Brasileiro”, como era então designado, beneficiava de um contexto singular. Ele tinha esta denominação devido à presença de várias habitações que acolhiam antigos emigrantes ricos vindos do Brasil.
A ideia da construção da nova ponte surgiu em finais do século XIX, num contexto em que a ponte pênsil já apresentava sinais de degradação bem evidentes. Devido ao tráfego para Gaia e Lisboa crescer diariamente, a bela “Ponte Pênsil” deixou de ser suficiente, pois já não assegurava uma circulação eficaz.
Por isso, impunha-se a sua substituição. Havia a necessidade de uma alternativa que se apresentasse mais sólida e funcional. Ora, foi devido a este cenário que foi realizada uma proposta de lei de 11 de fevereiro de 1879.
Abertura do concurso
Foi realizada a abertura de um concurso para a construção de uma nova ponte sobre o rio Douro, que o Governo determinou por ordem de António Maria de Fontes Pereira de Mello. Esta nova ponte visava substituir a ponte pênsil D. Maria II.
Diversos projetos e propostas foram apresentados. Foram vários os construtores e engenheiros a tentarem a sua sorte. Entre eles, encontrava-se Gustave Eiffel. O famoso arquiteto que está ligado à Torre mais icónica do mundo.
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No entanto, a proposta vencedora era proveniente de uma empresa belga, mais precisamente da Société Anonyme de Construction e des Ateliers de Willebroeck, no valor de 369,000$000 réis. Contudo, a obra foi adjudicada pela quantia de 402 contos de réis a esta empresa da Bélgica, mais precisamente de Bruxelas.
François Gustave Théophile Seyring (1843 – 1923) é o nome do engenheiro belga que foi responsável pelo projeto. Curiosamente, ele tinha já colaborado como autor da conceção e chefe da equipa doutra construção reconhecida: o projeto da ponte ferroviária Maria Pia.
Théophile Seyring chegou a ser sócio de Gustave Eiffel e a colaborar em diferentes projetos. No entanto, ele assina como único responsável desta ponte portuense. Esta ponte grandiosa foi construída sobre o rio Douro, mais precisamente entre o morro granítico onde a Sé Catedral do Porto se ergue e a encosta fronteira da Serra do Pilar, presente em Vila Nova de Gaia.
Portanto, percebe-se por que razão esta ponte se tornou num monumento icónico. Além da beleza da construção em si, ela ainda beneficia de um cenário verdadeiramente deslumbrante.
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Construção da ponte
No ano de 1881, os trabalhos de construção da ponte são iniciados. A ponte destacou-se pela sua estrutura metálica em ferro forjado. A ponte apresentava dois tabuleiros. Os números da ponte são reveladores da sua imponência.
O tabuleiro superior tem cerca de 400 m de comprimento, sendo suportado por um conjunto de 7 pilares e por um arco inferior com 172 m de corda e 45 m de flecha. Na ponte, destacam-se ainda 5 pilares metálicos em treliça e 2 em alvenaria. O arco suspende o tabuleiro inferior.
Inauguração da ponte
Apenas no dia 31 de outubro de 1886 aconteceu a inauguração da ponte, mas apenas do tabuleiro superior. A data escolhida para o momento foi estratégica. Tratava-se do dia do aniversário do rei D. Luiz I, que dá nome à ponte. No dia seguinte, a 1 de novembro de 1886, o sistema de portagens a favor da empresa adjudicada entraria em vigor.
Muito desconhecem este facto, mas a ponte Luis I já foi uma ponte com portagem. Noutros tempos cobravam-se 5 reis por pessoa. A portagem foi instituída, um dia após a inauguração do tabuleiro superior, a 1 de novembro de 1886.
As portagens foram cobradas durante décadas. Só deixariam de ser cobradas quase 58 anos depois. mais precisamente a 1 de janeiro de 1944.
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Nesta ponte, chegou também a usar-se um sistema de fichas (moedas) como forma de pagamento. Elas chegaram a ser aceites como moeda em alguns estabelecimentos comerciais.
O tabuleiro inferior só foi inaugurado mais tarde, em 1888, mais precisamente, tendo então a ponte entrado em funcionamento total. No seu conjunto, a ponte pesava 3,045 toneladas.
Ela apresentava uma beleza deslumbrante à noite, iluminada por meio de artísticos candeeiros a gás.
No total, havia 40 candeeiros, bem distribuídos: 24 estavam presentes no tabuleiro superior, enquanto 8 estavam destinados ao inferior, havendo ainda lugar para mais 8, presentes nos encontros.
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O nome da ponte
Segundo reza a lenda, a população portuense decidiu retirar o “Dom” do respetivo nome da ponte, como resposta à ausência do rei D. Luiz I na sua inauguração, encarada como um ato de desrespeito pelo povo local.
Contudo, esta tese não parece corresponder à realidade e será mais um mito que aumenta as curiosidades ligadas à ponte. Se tivermos em conta as notícias apresentadas nos jornais da época, pode-se confirmar que a ponte já era assim designada (por “Ponte Luiz I“) durante o período da sua construção.
Desta forma, esta ponte não tem o “Dom” como aconteceu com outras construções relevantes da época que visaram homenagear membros da família real. Ora, apesar do nome oficial da ponte ser meramente “Luiz I”, a população portuense sempre a identificou como “Ponte D. Luiz”.
O Povo da cidade do Porto manteve esse respeito. Apesar das inscrições oficiais nas placas presentes sobre as entradas do tabuleiro inferior referirem apenas “Luiz I”, os habitantes do Porto e de Gaia salvaguardaram o título do rei, porque o povo local sempre sentiu grande proximidade com D. Luiz I.
Esta ponte icónica é um dos ex-libris da cidade do Porto, um símbolo tão emblemático como a Torre dos Clérigos.