As lendas e mitos da cidade Invicta que têm encantado a Europa com o seu carisma. O Porto é uma cidade distinta, com uma história ímpar, repleta de mitos e lendas que engrandecem ainda mais os seus feitos. Todos sabemos que é da cidade que vem o nome de Portugal, mas são muitos mais os feitos da Invicta.
A cidade que deu o vinho do Porto ao mundo tem um vasto leque de estórias fantásticas que integram a sua história. Sendo uma cidade tão antiga e tão importante para o país, muitos mitos e lendas foram criados à volta do Porto. Quer saber mais?
O Porto é uma nação: lendas e mitos da cidade Invicta
As tripas
Os portuenses são muitas vezes apelidados de “Tripeiros”, mas poucos sabem a origem dessa referência. Muitas vezes usado no sentido pejorativo, a génese da alcunha revela os portuenses como verdadeiros heróis.
Em 1415, a cidade demonstrou o seu caráter ao Infante D. Henrique. O povo local sacrificou o próprio bem-estar para fortalecer as embarcações do Infante que se preparava para partir para Ceuta. A população ofereceu os seus bens alimentares, ficando apenas com as sobras, “as tripas”. Foi neste contexto de profunda carência alimentar que nasceram as tripas à moda do Porto.
Outra lenda é contada a este respeito, sendo esta do tempo dos suevos, e que reza que, após a queda do império romano, esse povo começou a expandir-se. O Porto representou uma das principais cidades, a partir da qual eles realizaram a sua expansão. Segundo esta tese, as tripas faziam parte da sua alimentação, logo tornaram-se parte da gastronomia portuense.
Ilha do frade
No Largo de António Calém existiu, outrora, uma pequena ilha no estuário do Douro: era a “ilha do frade”. Reza a lenda que, na margem de Gaia, existia um mosteiro de frades franciscanos. Diariamente, a leiteira levava o leite ao mosteiro e era recebida sempre pelo mesmo porteiro. Esse, de tantas visitas que recebia da leiteira, apaixonou-se.
Num certo dia, num assomo de coragem, confessou os seus sentimentos à leiteira, reforçando que não era frade e que, se ela quisesse, ele poderia abandonar o mosteiro. Porém, a leiteira já namorava e contou ao seu namorado o sucedido e este decidiu preparar uma armadilha ao “frade”.
A leiteira aceitou encontrar-se com o jovem porteiro. Informou-o que um barco o iria buscar e levá-lo ao seu encontro. O jovem, feliz e apaixonado, não duvidou das intenções da rapariga e confiou cegamente nela. Por isso, entrou no barco sem questionar, pois estava entusiasmado por ir ao encontro da sua amada leiteira.
Depois da viagem, desceu do barco e por lá esperou a chegada dela. Um nevoeiro intenso surgiu, depois a noite cerrada caiu, até que ele ficou desorientado, sem noção de onde estava ou para onde deveria ir. Por isso, por ali permaneceu e por ali adormeceu.
No dia seguinte, acordou e só então se apercebeu do que tinha acontecido. Acordou sozinho e estava numa ilha. Depois, olhou em volta e viu do outro lado da margem a leiteira e o namorado a rir com sonoras e humilhantes gargalhadas. Esse pedaço de terra onde ele dormiu ficou conhecido como a “Ilha do frade”.
O fantasma de São Bento
A Estação de Comboios de São Bento tem uma beleza incrível e tornou-se um símbolo da cidade portuense. O que hoje é um ícone que é visitado por turistas de todo o mundo foi, anteriormente, um convento: o Convento de São Bento d’Avé Maria. Por isso, a estação se chama Estação de Comboios de São Bento.
Como se sabe, houve um decreto (terá sido realizado em 1834) que ordenou a extinção de todas as ordens religiosas. Segundo era defendido, as ordens religiosas que fossem constituídas exclusivamente por mulheres, só seriam extintas após o falecimento da última freira residente.
Neste caso, a última freira viveu mais de 50 anos naquele espaço. Portanto, só em 1892 se começaram a fazer planos para a construção da estação ferroviária. Segundo a lenda, o fantasma da Irmã permaneceu por lá, sendo ainda possível ouvi-la a rezar pelos corredores da estação.
Vinho do Porto
Uma embarcação saiu do Porto em 1679, com barris de vinho do Porto a bordo, rumo a Londres. A meio do percurso, a embarcação portuense foi atacada por um consórcio francês. Em busca de se salvarem, fugiram para alto mar, arriscando rumo ao desconhecido, afastando-se da rota prevista.
Tiveram que reabastecer em São João da Terra Nova. Contudo, ficaram impossibilitados de retomar a viagem, devido ao rigoroso inverno que se fazia sentir. Assim, tiveram que permanecer por lá, aguardando até à primavera seguinte. Só então puderam embarcar novamente, chegando ao destino sem sobressaltos.
Foi nesse momento que se constatou que o tempo passado em São João da Terra Nova contribuiu para mudar o vinho, permitindo que este adquirisse um aroma e um sabor distintos, neste caso, melhores. Por isso, muitas das encomendas que se seguiram passaram a envelhecer o vinho em Terra Nova, antes de seguirem viagem até ao seu destino final.
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