Histórias fascinantes por trás destas duas emblemáticas estruturas da rica herança medieval da cidade: o Pelourinho e a Torre Medieval no Porto. A cidade do Porto é especial. Além da riqueza histórica, pelo seu território, podemos encontrar diversas atrações encantadoras, paisagens deslumbrantes, monumentos associados a mitos.
Parte do património presente nesta cidade charmosa tem muitos mais encantos. Além da beleza, tem história, curiosidades, lendas… o Falso Pelourinho e a Torre Medieval são tesouros escondidos da cidade Invicta.
Fique a conhecer detalhes fascinantes e curiosos que retratam um Porto de outros tempos. Explora a riqueza de um passado que se deve manter bem vivo para os portuenses.
História e mistério na cidade do Porto. O Pelourinho falso e a Torre Medieval no Porto
A coluna monumental que se encontra erguida no Terreiro da Sé, situada mesmo em frente à catedral portuense, não apresenta qualquer valor ou significado histórico, uma vez que não tem nada a ver com o pelourinho da cidade, apesar do mito.
Este elemento apenas se trata de uma obra moderna. Esta peça ornamental foi colocada no espaço em 1940, num momento em que as pessoas responsáveis pela Câmara (que, nesse espaço temporal, ocupava o palácio episcopal) tomaram a decisão de demolir os arruamentos e as velhas construções que praticamente encobriam a Sé e o Paço. Foi assim construído o amplo terreiro lajeado.
O verdadeiro pelourinho da cidade foi construído no tempo de D. Manuel I. O autêntico pelourinho foi colocado na Ribeira, em 20 de junho de 1517, em consequência do foral dado à cidade.
Este exemplar foi colocado num local destacado sobre a muralha fernandina, ficando situado bem perto da forca que também esteve ali erguida ao longo de vários anos. Contudo, no contexto duma campanha odiosa que varreu o Reino português no decurso do século XIX e que levou à destruição de diversos exemplares da época, estes elementos foram vistos como um símbolo de opressão e despotismo, pelo que o pelourinho original foi destruído no século XVIII.
Algumas gravuras antigas podem confirmar que o pelourinho do Porto era constituído por uma bela peça de cantaria que estava assente em três degraus de pedra. No topo da coluna, que se apresentava em forma torcida, apresentava-se uma coroa manuelina que rematava com a esfera armilar encimada por um catavento. Essa coluna também apresentava um varão de ferro do qual pendia um lampião que visava iluminar o pelourinho durante a noite.
No Largo do Dr. Pedro Vitorino, está situado o chafariz do século XVIII. Ele está encostado ao muro de suporte do Terreiro da Sé. Este elemento arquitetónico foi considerado imóvel de interesse público por decreto de 23 de março de 1938. Primitivamente, esta construção estava presente na Rua de S. Sebastião. No entanto, no ano de 1940, época de grandes obras que foram realizadas à volta da Sé, este elemento foi deslocado para o local onde se encontra atualmente.
O chafariz é um elemento arquitetónico interessante. Ele é composto por um tanque e encontra-se assente num par de degraus. Em pano de fundo, podemos ver as armas reais portuguesas coroadas dentro duma «cartouche». Elas completam o conjunto com uma cornija, um friso e uma arquitrave que se encontra sustentada por um par de pilastras em forma de cariátides.
Existe uma taça presente no centro. Ela encontra-se sustentada por divindades aquáticas, estando encimada por um pelicano (que consiste num símbolo da misericórdia) que se apresenta de asas abertas, no qual se pode verificar um furo no peito, espaço de onde a água jorrava.
Depois, mais abaixo, encontram-se três outros pelicanos menores. Desta forma, compreende-se que este espaço também se conheça pela designação de Fonte do Pelicano.
A Torre Medieval descoberta
A casa-torre medieval encontra-se presente na Calçada de D. Pedro Pitões. Esta construção foi encontrada durante as demolições do casario que envolvia a Sé do Porto. Por isso, foi (re)descoberta na década de 1940.
As demolições realizadas no local visavam desafogar a catedral, dando lugar ao amplo terreiro que atualmente se encontra a rodear a Sé e o Paço Episcopal. A casa-torre referida foi então reconstruída na totalidade.
Contudo, tal aconteceu num espaço geográfico distinto, num local afastado da localização original, a cerca de 15 metros, bem no interior da cerca primitiva. Atualmente, situa-se à entrada da Rua de S. Sebastião, apresentando-se ao lado das ruínas da antiga Casa da Câmara.
O arquiteto Rogério de Azevedo foi responsável por orientar a reconstrução atual desta casa-torre, que apresenta uma estrutura quadrangular. Este elemento arquitetónico encontra-se dividido em dois pisos. No lado sul, a casa-torre apresenta uma porta ogival e na parede que se encontra virada a norte pode ver-se um balcão de pedra, de feição gótica.
Siga o canal Ncultura no WhatsApp aqui
Conheça mais histórias e curiosidades sobre o Porto:
- Quando a peste fechou a cidade do Porto em 1899
- D. Pedro IV: o imenso amor que o levou a doar o seu coração à cidade do Porto
- Porto: a incrível história da cidade invicta
A torre medieval presente nas imediações da vetusta catedral portucalense foi reconstruída em 1940. Esta construção exemplifica um tipo de construção bastante comum na época medieval. Foi necessário dar um aspeto de fortaleza para contribuir para a defesa de pessoas e bens.
Contudo, tanto o lar, como a porta, foram alvo de construção recente. Segundo os historiadores, não integraram a construção primitiva. A reconstituição da casa-torre foi realizada de modo a seguir fielmente as descrições antigas a que se tinha acesso.
Apesar de se desconhecer a finalidade com que foi inicialmente construída, segundo os especialistas, serviu como residência de algum burguês abastado, tal como aconteceu com outras construções semelhantes.
Nesta torre, esteve instalado o Gabinete de História da Cidade até 1960, ano em que foi transferido para a Casa do Infante. Por isso, esta construção era designada por «Torre da Cidade».
Após o 25 de abril de 1974, a torre foi ocupada pela população portuense que instalou o Centro Social e Cultural da Sé no espaço. Contudo, o Centro Social abandonou a torre, na sequência de um acordo estabelecido com a Câmara Municipal.
A autarquia tencionava instalar no espaço um posto de turismo e exposições. Dada o contexto privilegiado do local, este era visto como o local perfeito para essas instalações. Neste espaço, foram postas à venda publicações editadas pela Câmara, nomeadamente elementos alusivos à história da cidade.