O mundo está cheio de atrações incríveis. Há monumentos fascinantes como a Torre Eiffel, a Estátua da Liberdade, o Cristo Redentor, o Taj Mahal, entre muitos outros. Estes são pontos de interesse que nos fazem decidir viajar para um determinado país. E o Palácio de Versalhes é uma dessas atrações especiais, que nos fascina. É uma construção que deslumbra todos os que o visitam e está associado à vida pomposa de Luis XIV, Rei de França e Navarra de 1643 até à sua morte, em 1715.
Contudo, muitos desconhecem um lado negro e sujo deste monumento. O cinema apresenta o Palácio de Versalhes como o apogeu do glamour. No entanto, a realidade era muito distinta… O Palácio de Versalhes representa luxo mas, surpreendentemente, revelava ser um lixo…
Convém ter em conta que a vida neste século era muito distinta. No entanto, não deixa de surpreender que um palácio associado ao glamour e ao luxo tenha sido, na verdade, um espaço imundo.
Nesta época histórica, os cuidados com a limpeza das pessoas e dos locais eram quase inexistentes. Por isso, a higiene das pessoas deixava muita a desejar. Nem o famoso Palácio de Versalhes fugia a um quotidiano imundo. Este espaço era habitado por moradores que não valorizavam a higiene. Este era um local sem saneamento básico.
A população vivia num contexto nojento, no meio da sujidade, na companhia de animais peçonhentos. Ora, foi esta realidade que originou a pandemia de peste bubónica, também conhecida como Peste Negra.
No século XIV, esta doença, que era transmitida pela picada de pulga, dizimou um terço da população europeia. As vítimas tanto estavam entre a realeza, como na plebe. A peste chegou a ser considerada um castigo de Deus. Ela mudou hábitos. O conceito de higiene pessoal foi desenvolvido até ao ponto em que hoje vemos pessoas limpas e cheirosas.
1 – Falta de privacidade
Estima-se que tenham vivido entre 3 a 10 mil pessoas no palácio durante o reinado de Luís XIV. O Rei Sol tinha uma notória fama de ter várias amantes e ter, inclusive, engravidado muitas delas.
Em Versalhes, havia um número de criados e de membros da realeza que eram abrigados no local. Por isso, a família real não conseguia ter privacidade. Por isso, qualquer atividade realizada tinha público…
A rotina dos reis começava logo com a falta de privacidade. Os criados ajudavam os monarcas a vestirem-se, havendo várias pessoas de classes distintas a esperar pela sua oportunidade de trocar umas palavrinhas com Sua Majestade.
2 – Água da doença
As casas de banho até eram bastante comuns na Europa medieval. No entanto, durante o predomínio do cristianismo, elas foram fechadas, por supostamente incentivarem atos de luxúria.
Nessa época, foi também difundida a ideia de que a sujidade era benéfica à saúde. A teoria era aprovada pela comunidade médica. Na época, acreditava-se que a água abria os poros. Por isso, ela deixava os indivíduos vulneráveis à doença!…
3 – Banho familiar (venham todos!)
Para alguém ser considerado limpo nessa época, bastava lavar as mãos e o rosto. Nesse tempo, o banho de corpo inteiro era raro, sendo realizado, quando muito, uma vez por ano. Nesse momento, a família inteira usava o mesmo barril para o banho, sendo usada a mesma água para todos.
O pai tinha prioridade, sendo seguido pela mulher e só depois os filhos, seguindo uma sequência consoante a idade, começando no mais velho e acabando no mais novo. Mesmo o Rei Luís XIV fugia do banho. O monarca apenas se lavava quando o médico recomendava. O Rei Sol limpava-se com um pano com água, álcool ou saliva.
4 – Esponja de imundice
As roupas que tinham no corpo só eram trocadas quando se encontravam muito sujas ou se apresentavam infestadas de pulgas, percevejos e traças. As roupas da época eram feitas de linho.
Este material absorvia o sebo com a transpiração, deixando o corpo purificado. Por isso, para estas pessoas, bastava trocar de roupa. Não era preciso tomarem banho.
Para elas, limpar as partes expostas já era suficiente. Bastava-lhes limpar a face, o pescoço, as mãos e até os braços.
5 – Como tirar o fedor?
Em Versalhes, fazia-se o mesmo que nas casas comuns: usava-se uma espécie de vassoura de bambu para varrer os quartos. No entanto, ela apenas tirava o grosso da sujidade.
Os quartos estavam sempre húmidos e com cheiro a suor. A roupa das camas quase não era trocada ou muito raramente. As casas eram locais de parto. Por isso, as camas eram forradas com lençóis velhos e sujos, quando era chegado o momento de alguém dar à luz.
Desta forma, de forma a amenizar o mau cheiro, eram queimadas substâncias odoríficas, antes da hora de dormir.
6 – Faz mesmo no chão
Até ao século XIX, era muito incomum haver quartos com fossas e sistemas de drenagem. Por isso, as pessoas faziam as suas necessidades em qualquer lado. Alguém aflito tanto fazia no canto da rua, como no Palácio de Versalhes.
Neste espaço, as pessoas podiam fazer as necessidades nos corredores ou nos jardins. Estes espaços eram verdadeiros depósitos de dejetos. Por isso, podiam ser chamados de espaços castanhos.
Um decreto do ano de 1715 refere que as fezes deveriam ser retiradas dos corredores uma vez por semana. Ora, isto diz muito sobre o contexto. Significa que era frequente haver fezes no corredor. Além disso, anteriormente, o recolhimento dos dejetos nem sequer era feito uma vez por semana…
7 – Lá vai água!
Os penicos eram elementos importantes que ficavam nos quartos. As necessidades fisiológicas feitas nesses objetos eram depois despejadas pelas janelas. Ora, as fezes e a urina atirada pela janela poderia atingir qualquer pessoa que passasse no local errado, na hora errada. A limpeza íntima nessa altura era feita com folhas de sabugo de milho ou mesmo com a mão…
8 – Madeixas sebosas
Na época, fios de cabelo oleosos eram sinónimo de cabelos saudáveis e brilhantes. As pessoas não tinham o hábito de lavar a cabeça. Ora, naturalmente, a infestação de piolhos era comum.
Nesse tempo, caçar os piolhos na cabeça do outro era quase como um passatempo familiar. Em ocasiões especiais, para dar uma aparência de limpeza na cabeça, os cortesãos e a realeza recorriam a perucas.
9 – Pó de arroz
Atualmente, a indústria de cosméticos fatura milhões. Contudo, tudo começou com as mulheres daquela época que queriam combater os maus cheiros.
No final do século XVI, surge o pó de arroz. Este produto era usado frequentemente. Ele conseguia disfarçar as imperfeições do rosto e até as feridas originadas pela falta de higiene.
Nas axilas, eram colocadas esponjas perfumadas. Para disfarçar o mau cheiro nas partes íntimas, eram usadas pastas de ervas que eram aplicadas sobre a pele.
10 – Bafo de morte
As pessoas não tinham escova de dentes ou pasta. Por isso, para esfregar dentes e gengivas costumavam recorrer a panos. Elas usavam misturas de ervas para amenizar o mau hálito.
Estas pessoas costumavam enxaguar a boca com água gelada que contribuía para libertar o muco. Também era comum mastigar aipo ou casca de cidra. Estes alimentos cortavam o bafo. Como antissético, usavam almíscar e folhas de louro.