Explore a incrível riqueza das plantações de chá nos Açores, viva uma experiência singular e conheça a história de duas culturas únicas na Europa!
Todos os portugueses nascidos em Portugal Continental deveriam visitar as ilhas. Os nossos arquipélagos apresentam um país distinto, um Portugal exótico. O Arquipélago dos Açores é um destino fascinante, paradisíaco. As ilhas açorianas são magníficas, a sua beleza natural é incrível e as suas paisagens são verdadeiramente deslumbrantes. Além disso, há a destacar o conjunto de atrações, a simpatia das pessoas, a gastronomia deliciosa.
Não faltam razões para visitar este destino de eleição. Há um motivo inesperado: as suas culturas únicas e exóticas. O arquipélago dos Açores tem solos vulcânicos que se revelam férteis e que proporcionam as condições ideais para a plantação do melhor chá dos Açores. Explore a incrível riqueza das plantações de chá dos Açores, viva uma experiência única e conheça a história de duas culturas únicas na Europa!
O mundo mágico das plantações de chá nos Açores
Localização
Na Ilha de São Miguel, há duas plantações de chá que são únicas na Europa. Estas plantações encontram-se na costa norte, na região da Ribeira Grande. Estas plantações representam uma experiência singular, imperdível.
Quem visita a Ilha de São Miguel deve colocar como prioridade a realização de uma visita às plantações de chá dos Açores.
Riqueza
Estas duas plantações de chá merecem ser visitadas, porque apresentam uma riqueza única no nosso país. Neste local, poderá ficar a saber como funciona todo o processo, além de poder sentir o aroma deste tipo de cultivo.
Prepare-se para viver uma experiência verdadeiramente inolvidável. Acompanhe-nos a um mundo mágico…
A origem
O nascimento das plantações de chá dos Açores surgiu num contexto de desgraça e de declínio, o que não é incomum. O cenário de infortúnio e de empobrecimento revela-se frequentemente um terreno fértil para o surgimento de muitas transformações.
No início do século XIX, a produção da laranja apresentava uma importância capital para a Ilha de São Miguel, pois representava o seu “ganha-pão”. Contudo, uma crise económica e social surgiu na ilha quando a produção da laranja começou a entrar em queda.
Os efeitos fizeram-se sentir por toda a ilha. Era imperativo reagir a esse cenário triste, doloroso e cruel. Para grandes males, grandes remédios, diz o povo. Por isso, foi necessário procurar fontes de rendimento e culturas alternativas. A população local encarou outras possibilidades de rendimento. Por isso, voltou-se para o ananás, a batata-doce, o tabaco… o chá!
Os especialistas
Na época, havia um grande desconhecimento sobre a cultura do chá, mas o clima de São Miguel era bastante favorável ao crescimento da planta do chá.
No ano de 1878, a Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense tomou a iniciativa de solicitar a presença dois especialistas chineses. Lau-a-Pan e Lau-a-Teng eram os especialistas oriundos de Macau que foram chamados aos Açores.
Estas pessoas tiveram a oportunidade de ensinar ao povo dos Açores o que sabiam desta matéria, nomeadamente como cultivar e tirar o maior partido do chá. Os especialistas ajudaram as pessoas da ilha a aperfeiçoarem as técnicas da produção de chá.
A produção
Foi na plantação do Chá Canto, que ocorreu a primeira produção industrial de chá em São Miguel, mais precisamente na Caldeira Velha da Ribeira Grande, propriedade do pioneiro José do Canto. Este homem foi um dos principais impulsionadores da introdução da cultura do chá na Ilha.
O “Chá Canto” foi produzido pela fábrica do deste José do Canto. Foi em 1883 que esta unidade fabril iniciou a sua atividade. Esta fábrica estava situada no caminho que liga a cidade da Ribeira Grande à Lagoa do Fogo.
Esta fábrica de chá foi a mais emblemática de São Miguel e de Portugal. Contudo, os herdeiros de José do Canto acabaram por desistir da produção de chá na década de setenta do século XX.
Contexto
Ocorreram várias peripécias. Após a Primeira Guerra Mundial, o cenário foi negro: 9 fábricas de chá açorianas tiveram de fechar. No entanto, a Fábrica de Chá da Gorreana conseguiu manter a sua atividade.
A Fábrica de Chá da Gorreana
Esta era uma fábrica inovadora nessa época. Exemplo desse espírito está no facto de que a Fábrica de Chá da Gorreana já produzia a sua própria eletricidade. O cultivo do chá desta fábrica iniciou-se em 1874.
O primeiro chá Gorreana foi consumido passados 9 anos desde esse primeiro cultivo, por intermédio da proprietária da plantação, D. Ermelinda Pacheco Gago da Câmara.
O arranque do cultivo deste chá estava dado. No entanto, só em 1950 é que a produção de chá atingiu o seu auge. Ora, nessa época, foram exportadas 250 toneladas de chá (verde ou preto). O chá tinha por base a planta Camellia sinensis.
Atualmente, é possível realizar uma visita à Fábrica de Chá da Gorreana e à do Porto Formoso. São duas experiências distintas que nos podem revelar muito do mundo do chá.
Um negócio familiar
Esta fábrica foi fundada em 1883, por isso apresenta uma grande longevidade que faz com que seja uma das fábricas de chá mais antigas da Europa. A Fábrica de Chá da Gorreana funciona desde o momento da sua abertura, interruptamente.
Este é um negócio familiar que já se encontra na 7ª geração. Atualmente, no comando da Fábrica, estão Madalena Hintze Motta e Sara Hintze Motta. Esta fábrica é conhecida internacionalmente.
A compra
No ano de 2011, a Fábrica de Chá da Gorreana adquiriu a fábrica e as plantações Canto que, como vimos, tiveram um papel relevante na história da produção de chá em Portugal.
A exportação
A plantação da Fábrica de Chá da Gorreana apresenta uma área de mais de 40 hectares. Esta produção permite que se exportem 33 toneladas de chá, não só para Portugal Continental, mas também para a Alemanha, os Estados Unidos da América, o Canadá, a Áustria, a França, a Itália, o Brasil, a Angola, o Japão, entre outros destinos.
O chá produzido por aqui pode ser:
- Verde (nomeadamente, nas variedades Hysson, Encosta de Bruma e Pérola);
- Preto (nomeadamente, nas variedades Moinha, Orange Pekoe, Pekoe, Ponta Branca, Broken Leaf);
- Oolong (mistura entre o chá verde e o chá preto).
O chá é 100% biológico. Tal acontece, porque o clima húmido da ilha de São Miguel permite afastar as pragas, evitando a necessidade de recorrer a pesticidas químicos nas plantações de chá.
Visitas
A Fábrica de Chá da Gorreana é visitada anualmente por milhares de pessoas. Os visitantes têm a possibilidade de conhecer o mundo do chá nas suas diversas etapas. Podem ficar a conhecer a plantação de chá e o quotidiano da fábrica.
Além disso, há outros espaços que merecem ser conhecidos, como a Casa de Chá, a loja e o núcleo museológico, onde se encontra a maquinaria Marshall de 1840 que ainda funciona!
O trilho
Atualmente, há um trilho pedestre que nos permite realizar um circuito ao longo das plantações de chá da Gorreana. Este percurso tem 3 kms. Pode ficar a saber mais sobre ele, aqui.
Fábrica de Chá do Porto Formoso
Esta fábrica encontra-se próxima da Fábrica de Chá da Gorreana. A Fábrica de Chá do Porto Formoso funcionou entre 1920 e 1980. No ano de 1998, a fábrica sofreu obras de requalificação, tendo reaberto em 2001.
Esta fábrica produz chá preto ou verde, 100% biológico. A Fábrica de Chá do Porto Formoso apresenta variedades como: Orange Pekoe; Pekoe; Broken Leaf e Azores Home Blend.
A oportunidade de visitar a Fábrica de Chá do Porto Formoso é bastante enriquecedora. Esta fábrica permite aos seus visitantes um passeio ao longo dos seus 5 hectares de plantações.
Além disso, neste espaço, encontra-se o núcleo museológico. Pode ainda visitar a loja. Uma experiência imperdível é beber um chá na sala ou na esplanada.
Todos os anos, a Fábrica de Chá do Porto Formoso promove no mês de maio uma recriação da colheita tradicional do chá. Esta Fábrica procura assim recuperar os costumes e as vivências de outros tempos, recordando e homenageando uma época em que a produção do chá se revelava a principal atividade económica e social dos Açores.
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Tradição
Nos Açores, houve um enriquecimento e desenvolvimento com a produção de chá. O processo de cultivo, de apanha e transformação do chá fez parte do quotidiano de muitas pessoas da ilha.
Atualmente, o cultivo do chá ainda mantém os métodos artesanais que deram tanto proveito a estas fábricas. Ainda se seguem os processos naturais de outros tempos. A colheita de chá ocorre entre os meses de abril e de setembro. As sementes são colhidas entre os meses de outubro e de dezembro. A plantação é realizada no período de inverno.
A preparação
Preparar os chás preto e verde implica que se cumpram alguns procedimentos, nomeadamente:
Chá preto:
- murchamento, enrolamento e fermentação das folhas;
- secagem;
- seleção dos tipos e tamanhos de chá;
- armazenamento e embalamento.
Tipos de chá preto: Orange Pekoe, Pekoe e Broken Leaf.
Chá verde:
- colheita;
- aplicação de vapor de água nas folhas;
- enrolar, secar e enrolar novamente as folhas.
Preparação de um chá
No momento de preparar um chá açoriano, tem de seguir alguns passos para apresentar um produto de eleição. Eis o que deve saber…
1 – Para o chá verde, use uma água de boa qualidade, a uma temperatura de 70ºC.
2 – Para o chá preto, use uma água de boa qualidade, a uma temperatura de 70ºC a 90º C.
3 – Tenha em consideração que o tempo de extração deve ser de entre 3 a 5 minutos.
4 – Posteriormente, escalde o bule
5 – Em seguida, adicione 3 colheres de chá com folhas para cada litro de água utilizada.
6 – Depois, verta a água sobre as folhas de chá.
7 – Posteriormente, coloque a tampa no bule.
8 – Em seguida, aguarde 3 a 5 minutos.
9 – Está pronto a beber!
10 – Bom proveito!…