Um pequeno gesto, quase impercetível, pode transformar um momento do quotidiano numa experiência angustiante. A Guarda Nacional Republicana (GNR) alerta para o crescente uso do chamado “método da sementeira”, um esquema de furto rápido que tem ganhado expressão em Portugal e em países vizinhos, aproveitando locais de rotina e distração.
Este método tem como palco parques de estacionamento de superfícies comerciais, áreas junto a bombas de gasolina e imediações de caixas Multibanco. Apesar da aparência simples, trata-se de uma técnica cuidadosamente planeada por grupos organizados, que atuam com rapidez e precisão.
Como funciona o “método da sementeira”
O golpe começa com a escolha da vítima, geralmente pessoas sozinhas, recém-chegadas ou prestes a entrar no veículo. Um dos membros do grupo lança discretamente um objeto ao chão, como uma moeda, chaves ou qualquer outro item pequeno.
O objetivo é induzir um gesto instintivo: ao reparar no objeto, a vítima tende a abaixar-se ou sair do carro para o apanhar, acreditando que caiu inadvertidamente.
É nesse instante que entra em ação o resto do grupo: enquanto a atenção está desviada, os cúmplices retiram rapidamente sacos, mochilas ou outros bens do interior do veículo ou do chão próximo.
A operação é extremamente rápida. Muitas vítimas só percebem o furto quando já é tarde demais.
Assaltos organizados e escolha criteriosa das vítimas
A GNR sublinha que raramente o método é executado por um único indivíduo. Os criminosos atuam em grupo, com funções definidas, aumentando a eficácia do golpe e dificultando qualquer reação da vítima.
Apesar de não haver números oficiais consolidados em Portugal, há registos semelhantes noutros países. Em Espanha, por exemplo, a Guardia Civil deteve recentemente oito pessoas ligadas a cerca de duas dezenas de roubos em Madrid.
A técnica não é nova, mas a sua reaplicação sistemática, em locais onde as pessoas tendem a relaxar a vigilância, torna-a particularmente eficaz.
Locais de maior risco: rotina pode ser perigosa
Parques de estacionamento de supermercados, bombas de gasolina e áreas próximas de caixas Multibanco são os pontos mais visados. A familiaridade com o espaço cria uma falsa sensação de segurança, que os criminosos exploram ao máximo. O risco aumenta quando a vítima está distraída, ao telefone, com pressa ou a pensar noutras tarefas, tornando o golpe ainda mais difícil de prevenir sem atenção redobrada.
Como se proteger do “método da sementeira”
A GNR partilha várias medidas de prevenção essenciais:
- Nunca perder de vista os pertences: mesmo em paragens rápidas, o veículo deve permanecer trancado.
- Desconfiar de objetos ou abordagens inesperadas: moedas, chaves ou outros itens lançados no chão podem ser “iscas” para desviar a atenção.
- Manter a calma e avaliar antes de agir: os assaltantes contam com reações automáticas. Quebrar o padrão e pensar antes de se abaixar ou sair do carro pode salvar bens e evitar traumas.
- Denunciar situações suspeitas: mesmo quando não ocorre furto, a informação pode ajudar a identificar padrões criminosos e prevenir novos assaltos.
A vigilância constante e a desconfiança saudável são as melhores defesas contra este tipo de crime.
Por que este método é eficaz e perigoso
O método da sementeira combina planeamento, rapidez e distração, tornando-o difícil de detectar e impedir no momento. Cada segundo conta: um gesto automático da vítima é suficiente para que os criminosos completem o furto.
O perigo reside na aparente banalidade do objeto lançado, que transforma um gesto rotineiro, como apanhar uma moeda caída, no ponto de partida de um assalto cuidadosamente orquestrado.
Conclusão: atenção redobrada salva vidas e bens
Um objeto aparentemente inofensivo pode esconder uma armadilha pensada ao detalhe, refere o Postal. O “método da sementeira” lembra-nos que, mesmo nos momentos de rotina, a atenção e a prevenção são fundamentais.
Seguir as recomendações da GNR, manter a calma e nunca reagir impulsivamente são atitudes essenciais para proteger-se e evitar ser vítima deste tipo de crime.




