D. Sebastião ficou ligado a um mito, mas o regresso do Salvador nunca se confirmou. As loucuras de D. Sebastião…
A história de Portugal é muito longa. Um dos períodos mais encantadores da história de Portugal, que conta com quase 9 séculos, é o da monarquia, um tempo repleto de reis e rainhas, príncipes e princesas, mas sem magia, sem fadas, sem dragões.
Foram mais de 30 reis a assumirem o trono de Portugal, num total de 4 dinastias. Os reis tinham um poder ímpar, que exerciam livremente. Quanto mais se sabe sobre eles, mais se percebe que eram pessoas comuns, com virtudes e defeitos, como qualquer outra pessoa.
Eles amavam, mas nem sempre eram amados. Eles traíram, mas também foram traídos. Eles sonharam e, muitas vezes, ficaram frustrados por não conseguirem ser tão grandes quanto as suas ambições. Neste artigo, iremos centrar as nossas atenções em D. Sebastião.
Reis de Portugal: loucuras de D. Sebastião
O poder
A sensação de poder pode ser uma carga demasiado pesada para algumas pessoas que sejam fracas psicologicamente. Muitos são os que se entregam ao desvario, quando gozam da sensação de poder.
Acontece atualmente com pessoas comuns que adquirem impacto mediático nacional ou internacional. Também aconteceu no passado, quando jovens assumiram o trono sem estarem devidamente preparados.
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D. Sebastião (1554-1578)
D. Sebastião foi rei jovem, mas não teve um reinado prolongado. Ele foi “O Desejado”, cognome que revela bem como se temia uma crise de sucessão ao trono.
D. Sebastião era neto de D. João III e havia a necessidade de se ter um sucessor ao trono. Por isso, o nascimento de D. Sebastião foi muito celebrado. Ele reinou de 1557 a 1578.
Ficou ligado a um mito, mas o seu percurso revela que bem podia ter ficado mais conhecido pelas suas loucuras. Sebastião chegou a ser definido de diferentes formas. Sonhador, irrealista, imaturo, irresponsável são alguns exemplos de termos que ajudam a definir o homem.
Ambição militar
D. Sebastião empenhou-se em ganhar prestígio militar, por isso dedicou-se na preparação de um exército que visava combater os Mouros. Contudo, a sua ambição levou ao seu “desaparecimento” na batalha de Alcácer Quibir, no norte de África, o que levou à criação de um mito.
O “Sebastianismo” consiste na esperança de que D. Sebastião regresse um dia, numa manhã de nevoeiro, para salvar o país de todos os seus problemas. Ao longo de séculos, foram milhões os portugueses a suspirarem pelo regresso de D. Sebastião, montado num cavalo branco, numa manhã de nevoeiro.
Loucuras de D. Sebastião
Em pequeno, num casual encontro, D. Sebastião percebeu que uma senhora pretendia abraçá-lo. Ele rejeitou e implorou-lhe que o não fizesse. Mas a senhora insistiu e, quando lhe tocou, estremeceu.
D. Sebastião, ao visitar o mosteiro de Alcobaça, demonstrou logo interesse em ver os cadáveres dos reis de Portugal que lhe antecederam e que jaziam no mosteiro de Alcobaça.
D. Sebastião ordenou que colocassem os túmulos na vertical. Depois, ordenou que as tampas fossem retiradas. Posteriormente, obrigou os seus acompanhantes a beijarem a mão de Afonso III ou o pouco que restava dela.
A seguir, virou-se para os despojos de D. Pedro I e invetivou-o por ter sido excessivamente pacífico. No entanto, um corajoso monge, homem culto, relembrou a sua majestade D. Sebastião que D. Pedro podia não ter sido um conquistador de terras, mas provou ser um bom administrador. Esse comentário deixou D. Sebastião furioso.
D. Sebastião ordenou que nenhum navio passasse diante da Torre de Belém sem autorização expressa. Caso o fizesse, deveria ser alvejado pela artilharia do baluarte, independentemente de ser amigo ou inimigo. Para testar o cumprimento das ordens, ousava meter-se numa embarcação seguindo rio acima. Exultava ao ver os tiros de canhão atingirem a água, nas proximidades. Pensou estar protegido por um desígnio divino, pois nunca foi atingido.
Em momentos em que o mar estava mais bravo, testava-se. Embarcava numa caravela e, determinado, saía da barra do Tejo e só regressava quando o navio já estava meio danificado.
D. Sebastião sonhava com conquistas em Marrocos. Por isso, preparou secretamente uma operação de conquistas contra os mouros. Em 1574, o Rei desapareceu da corte. Embarcara em Paço de Arcos rumo a Tânger.
Numa carta enviada de Lagos, D. Sebastião confiava a regência ao cardeal D. Henrique, seu tio. Nessa carta, convidou ainda os fidalgos do reino a juntarem-se a ele na sua cruzada em terras infiéis.
O rei, depois de estar em Tânger, quis reconquistar Larache e Arzila, que foram abandonadas por D. João III. A operação estava a prolongar-se em demasia, por isso regressou a Lisboa. Posteriormente, embarcou numa nova viagem às praças marroquinas, que correu bem e deixou-o confiante em “planear” a expedição a Alcácer-Quibir, que se revelou desastrosa para si…
O sonho estava na criação de um império cristão no Norte de África. Em função disso, escolheu um lado numa disputa que estava a ocorrer entre dois senhores marroquinos.
A loucura cometida custou caro à nobreza portuguesa e a Portugal. A arrogância e a inexperiência levou à tragédia. Um exército de 25 mil homens partiram em barcos engalanados e, nessa aventura tresloucada, foi arrastada para a morte boa parte da elite portuguesa.
Em Alcácer-Quibir, morreram D. Sebastião e muitos portugueses, numa batalha sem sentido, sem objetivo, em que o rei demonstrou falta de liderança e de conhecimento tático.
A morte
O corpo de D. Sebastião não foi recuperado pelos portugueses sobreviventes, algo que contribuiu para o mito. O jovem mostrou-se inexperiente, não percebeu a responsabilidade que tinha em liderar os destinos de um reino.
Sucessão
A verdade é que a sua morte foi precoce e, como morreu sem deixar descendência, contribuiu indiretamente para a entrega da coroa portuguesa aos Filipes de Espanha, dando-se início à dinastia Filipina, alguns anos mais tarde, algo que durou 60 anos, assumindo a coroa portuguesa os reis Filipes (I, II, III).
D. Henrique I, “O Casto”, reinou entre 1578-1580, enquanto D. António I, “O Determinado”, só reinou em 1580. A Era Filipina prolongou-se de 1580 a 1640.
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