Quando se cai no erro de propagar erros. Estes tornam-se difíceis de erradicar… Conheça algumas Expressões e palavras da língua portuguesa que muitos falam erradamente.
Na nossa amada língua portuguesa, não faltam exemplos de palavras que suscitam confusões e que levam a pequenas gralhas.
As palavras parónimas (propriedade de duas palavras com sentidos distintos, mas cuja grafia é relativamente próxima) – como emigração/imigração ou comprimento/cumprimento – são um perfeito exemplo de palavras que estão na origem de muitos erros. Basta uma ligeira distração. O mesmo acontece com palavras homógrafas (saia/saía) ou palavras homófonas (acento/assento).
Contudo, é diferente o caso, quando se chega mesmo a inventar palavras que não constam no dicionário de língua portuguesa (ou, surgindo, aparecem por razões bem distintas da forma como a palavra é aplicada). Vejamos, então, expressões e palavras da Língua Portuguesa que muitos falam erradamente.
Bebida à descrição
Quando ouvimos um amigo falar numa festa com bebidas à descrição, ficamos entusiasmados. Contudo, a expressão é mal usada, pois há uma confusão entre palavras parónimas. Deve dizer-se “bebidas à discrição”, no sentido de à vontade, sem restrições ou em abundância.
Ora, “descrição” vem do verbo descrever… e a última coisa que pretendemos é um barman a dizer esta bebida é vermelha, tem um teor alcoólico de 13%, foi realizada a partir das castas Touriga Nacional e Touriga Francesa, pois por muito que o barman saiba muitos detalhes da bebida, ouvi-lo não nos tira a sede…
Concerteza
Quando se diz “concerteza” estamos a cometer um atentado à língua portuguesa. Até podemos pretender enriquecer a língua com a adesão a uma palavra inventada, mas por que razão inventar um termo, quando já há na língua portuguesa uma expressão que é “com certeza” mais adequada para o efeito?
Desejamo-vos
A letra “s” faz aqui toda a diferença. Deve dizer-se “nós desejamos-vos um feliz natal” e não devemos dizer “nós desejamo-vos um feliz natal”. Esta última frase é um erro.
Quando se deseja a vós um feliz natal (ou outra coisa qualquer), o “s” deve manter-se, ficando “desejamos-vos”. Quando se deseja a nós mesmos, enquanto grupo, fica desejamo-nos (sem o “s”). Pode não soar bem para muitos, mas “desejamos-vos” é a forma correta.
Por causa que
A forma correta é dizendo “por causa de”. Dizer “por causa que” está incorreto. Aprenda a falar bom português, usando as expressões adequadas.
Salganhada
Esta é daquelas palavras que não está presente no dicionário, mas que é proferida com frequência. Apenas existe o termo salgalhada para identificar uma trapalhada, uma confusão ou uma mixórdia.
Solarengo
Esta é outra daquelas palavras que ouvimos frequentemente ser usada de forma errada. São tantas as vezes em que é usada que, quando a procuramos num dicionário, duvidamos do que estamos a ler.
Isto, porque solarengo é algo relativo ou pertencente a solar, pode ser uma moradia ou também o dono ou habitante de um solar. Por isso, quando alguém olha para o sol e diz que está um belo dia, um dia solarengo, na verdade pretende dizer soalheiro (ou ensolarado) que quer dizer exposto ao sol, quente.
Uma grama
Grama, como medida, é uma palavra que, embora termine com a letra “a”, serve de exceção à regra. Somos ensinados, desde cedo, a associar a qualquer palavra que termine com a letra “a” o género feminino. Contudo, grama (no sentido da medida, por exemplo, “300gr”) é uma palavra masculina.
No Brasil, existe ainda a palavra grama no feminino para identificar erva ou relva. No entanto, no que diz respeito à medida, esta é uma palavra masculina. Portanto, pode pedir trezentos gramas de fiambre, pois pedir trezentas gramas de fiambre está errado.
Viver às custas de
Basta uma rápida pesquisa num motor de busca (como o Google), para encontrar vários exemplos do uso da expressão “viver às custas de”. Contudo, esta expressão está incorreta. Deve dizer-se “à custa de”, a única forma que é correta e comumente aceite na língua portuguesa.
Apesar de estarem na internet (e não só) inúmeros exemplos do uso da expressão “viver às custas de”, a verdade é que “custas” é um substantivo (feminino) que tem um uso associado a um contexto jurídico. Não deve por isso ser usado no sentido anteriormente analisado, como plural de custa, pois “à custa de” é uma locução que não possui plural.
Trezentos gramas se escreve
300g (de preferência) ou 300 g (com um espaço),
JAMAIS 300gr nem 300 gr!
O símbolo de “grama” (substantivo masculino), a unidade internacional de massa, é “g”, minúsculo — e sem ponto abreviativo, pois é um símbolo, não uma abreviatura.
Excelente Alerta. As abreviaturas das grandezas físicas necessitam ser absolutamente respeitadas do mesmo modo que a grafia das palavras para evitar grandes mal entendidos.
No título deste próprio texto há uma incorreção.
Em: “que muitos falam erradamente”, deveria estar “que muitos dizem erradamente”.
“Falam”, é relativo à Língua em si mesma, quando nos referimos a “expressões e palavras” é “dizem”.