Serão estas expressões equivalentes? Ou há uma certa e outra errada? Fique a saber como se deve dizer: ter de ou ter que.
Há expressões muito semelhantes e que até na própria pronúncia se aproximam. Por essa razão, é frequente começarem a ganhar afinidade, até se tornarem sinónimos, no entendimento de grande parte das pessoas.
Porém, há que abrir as gramáticas e conferir atentamente as diferenças que estas expressões apresentam e perceber exatamente quando se deve usar cada uma delas. Prepare-se, então, para ficar a saber quando usar “ter de” e “ter que”.
Dúvidas de Português: deve dizer-se Ter de ou Ter que?
Qual das formas devo usar em cada um dos contextos? O contexto, o enquadramento gramatical destas expressões e a intenção com que a frase é dita determinam o uso da expressão “ter de” ou “ter que”. Com a explicação que se segue, certamente ficará esclarecido. Portanto:
“Ter de” é uma locução que exprime o desejo, a necessidade, a obrigação ou o dever em relação a algo. Por exemplo: «Ele tem de arrumar o quarto».
Neste caso, o verbo «ter» assume o papel de verbo auxiliar da conjugação perifrástica (auxiliar ter + preposição de + verbo no infinitivo). Esta locução é um sinónimo de outras expressões como «ter necessidade de», «precisar de», «ser obrigado a», «dever».
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“Ter que” usa o verbo «ter» já não como auxiliar, mas sim com a sua significação de «possuir», «ser detentor de», «estar na posse de», «desfrutar», «usufruir», «poder dispor de». Por exemplo: «Tenho muito que fazer.» Isto é, «tenho muito trabalho que fazer».
Resumindo, “ter de” e “ter que” são locuções que expressam significados diferentes. A primeira locução expressa uma ideia de obrigação, necessidade e dever, enquanto a segunda informa acerca daquilo que o emissor possui ou tem.
Atente nas seguintes frases: «Ele não vai sair, porque tem de estudar.» e «Ele não vai sair, porque tem que estudar.» Enquanto na primeira frase, queremos dizer que ele tem a obrigação, a necessidade ou o dever de estudar; na segunda frase, o que pretendemos dizer é que ele tem matérias ou disciplinas para estudar.
Agora que compreende plenamente a diferença entre os momentos em que deve usar ter de ou ter que, temos a certeza de que irá cometer menos erros. Recomendamos que tenha sempre mais atenção ao uso destas duas expressões tão parecidas na expressão escrita.
Na oralidade, a verdade é que a substituição de uma expressão por outra acaba por ser praticamente impercetível. Já o mesmo não se pode dizer da comunicação escrita.
Nota explicativa adicional
A língua portuguesa contempla algumas conjugações perifrásticas, tais como:
– ter de ou ter que;
– haver de;
– ir + gerúndio.
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Neste artigo, focou-se a diferença entre “ter de” ou “ter que”, tendo por base as explicações de algumas fontes dedicadas ao ensino e esclarecimento de dúvidas da língua portuguesa, uma das quais da responsabilidade do Instituto Universitário de Lisboa.
Apesar de algumas gramáticas considerarem ser indiferente o uso de “ter de” ou “ter que”, há fontes que distinguem ambas as expressões e foi isso que pretendemos expor.
É importante ter em conta que a locução “ter que” pode ter uma função pronominal, mas há que destrinçar alguns aspetos, nomeadamente o sentido e intenção da expressão.
Na frase – “Eu tenho que comer, se não desmaio.” – a palavra “que” não possui função de pronome, visto que não substitui qualquer nome. Já na frase – “Não preciso que faças almoço, pois eu tenho que comer.” – a palavra “que” já tem uma função pronominal, visto que o que se pretende dizer é que “eu tenho coisas para comer”.
Todavia, o aspeto semântico que analisámos neste artigo prende-se com o primeiro exemplo, porque é esse que pode suscitar dúvidas, quando confrontado com a outra expressão aqui visada (“ter de”).
Bom dia. De um momento para o outro deixei de ouvir dizer (todos vós) e oiço apenas (todos vocês) Nos meios artísticos, os cantores/as abusam dessa expressão.
Às vezes já tenho dúvidas se sou eu que estou a ficar desinformado. Mas uma coisa é verdade; os meus ouvidos, sentem-se arranhados com esta frase. Terei razão ou não? Obrigado. Feliz Natal.
Como falante, não sinto que esta distinção interfira na intenção comunicativa, e o uso indiscriminado de ambas não dá lugar a mal-entendidos.
Aqui no Brasil costumo ouvir/ver “não faças almoço porque tenho o que comer”. Estaria errado?
Muito importante vossa explicacoes espero que mais seja enviadas neste site.
Estou estudando português língua não materna e estas explicações ajudam-me muito, obrigado.