Recordaremos um episódio polémico que ganhou destaque na história de Portugal. O Rei que gostava de visitar conventos… D. João VI: O Clemente ou… o Traído?
Em nove séculos de existência, foram vários os episódios interessantes na História de Portugal, sendo mais emblemáticos os que envolveram os Reis e Rainhas do país. Neste percurso longo da nossa história, há vários momentos envolvendo os Reis e Rainhas que são merecedores da nossa atenção.
Desde D. Afonso Henriques, o primeiro Rei, até Manuel II, o último Rei, foram vários os episódios que merecem uma análise atenta, mas daremos primazia aos episódios mais melindrosos. Foram 34 Reis que marcaram a nossa história, foram quatro dinastias, foram diversos os episódios insólitos e caricatos e muitas as curiosidades que encantaram.
Os Reis construíram parte dos alicerces que sustentam a história do nosso país. Neste percurso, surgiram diversos projetos incríveis, episódios em que determinados reis revelaram uma desmesurada ambição, fortes investimentos em megalómanas construções, vários acontecimentos marcantes.
Existiram reis emblemáticos e marcantes, que realizaram feitos memoráveis e existiram reis que foram protagonistas de momentos menos dignos, reis que foram protagonistas de eventos mais melindrosos, reis que usaram ações polémicas, reis que viveram momentos embaraçosos.
Foram vários os escândalos, as polémicas e a controvérsia que fazem parte da história de diversos reis. Numa época em que se está bem distante do tempo em que os Reis designavam os desígnios do país, é importante dar um novo olhar e centrar-nos em episódios interessantes para saciar a curiosidade.
Quem não pretende saber mais sobre os escândalos na monarquia portuguesa? Então, veja isso mesmo aqui, no NCultura! Neste artigo, iremos centrar-nos em D. João VI.
D. João VI (1767-1826) “O Clemente” ou… o Traído?
D. João VI foi rei de Portugal por uma década, entre 1816 e 1826. Ele foi príncipe regente, estando nessas funções por via da doença da rainha-mãe, D. Maria I. Depois de D. Maria I, ter sido declarada pela equipa de médicos como louca, Dom João VI assumiu as rédeas do reino.
No ano de 1808, para se proteger das invasões napoleónicas, orquestrou a fuga da corte para o Brasil. D. Carlota Joaquina foi sua esposa e o casamento com a espanhola revelou-se uma verdadeira dor de cabeça…
Amantes
A Rainha Carlota Joaquina gozou da sua liberdade, passou a viver num palácio separado e, nesse espaço, viveu de forma moralmente criticável… teve vários amantes! A Rainha Carlota Joaquina revelou-se uma Rainha adúltera, repetindo os feitos de Maria Luísa de Parma, sua mãe, esposa do Rei Carlos IV de Espanha. Maria Luísa de Parma traía o marido com o primeiro-ministro, Manuel Godoy.
Incompatibilidades
A incompatibilidade entre o Rei e a Rainha fica bem exposta na citação: “O príncipe regente [D. João VI] bota a cabeça de fora e, ao avistar a carruagem de Carlota Joaquina, berra num desespero: – Parem! Parem! Voltem para trás que aí vem a p…!”
Ela está presente na biografia de D. Carlota Joaquina – Rainha de Portugal, de Sara Marques Pereira.
Filhos
Havia muitas dúvidas em relação à verdadeira paternidade de cinco ou seis dos nove filhos oficialmente atribuídos ao Rei: “Parece que D. Pedro, D. Isabel Maria eram indubitavelmente seus. D. Ana é talvez o primeiro fruto de João dos Santos [jardineiro da Quinta do Ramalhão]. D. Maria Francisca é filha de Luiz da Motta Feo; D. Miguel do Marquês de Marialva; D. Maria da Assunção de João dos Santos; e dos outros nem sequer se conhece o pai.”
Os autores de D. João VI, Jorge Pedreira e Fernando Dores Costa, reproduzem o parágrafo assassino de Raul Brandão, os filhos do rei D. João VI.
A rainha
A Rainha Carlota Joaquina era tida como “feia e muito antipática”, sendo retratada como uma mulher horrível. Apresentando diversos defeitos físicos, era coxa, tinha o nariz vermelho e era baixa. Estava cheia de cáries e borbulhas.
No livro, A Última Corte do Absolutismo em Portugal, a Rainha é achincalhada por Alberto Pimentel: “feia e muito antipática, teria enfastiado mortalmente um amante único, mas variando incessantemente, não dava tempo a ninguém para se arrepender… nem a ela mesma”, sendo assim citada por Sara Marques Pereira.
Infidelidades
A Rainha Carlota Joaquina revelou-se infiel ao Rei, até politicamente. Ela participou em diversas conspirações que foram realizadas no sentido de o afastar, nomeadamente após 1805.
Ela pretendeu ser regente. Segundo alguns historiadores, terá sido suspeita de ter envenenado o marido em 1826. D. João VI não era um anjo e também terá tido amantes, destacando-se D. Eugénia de Meneses que era uma jovem camarista. Esta terá engravidado de D. João VI e fugido com o médico do paço para dissimular o escândalo. D. Eugénia de Meneses, a amante, e a filha do Rei foram viver para um convento em Espanha.
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