O Convento de Mafra, que hoje é um símbolo nacional, foi um sonho caro que representou uma mudança. D. João V e a sua obra louca e megalómana.
Os reis e as rainhas são idolatrados como deuses, mas são pessoas comuns, de carne e osso. Magoam-se em quedas, cortam-se se forem descuidados, amam e, se não forem correspondidos, sofrem.
Ao longo de quase 900 anos da História, Portugal teve mais de 3 dezenas de reis. Foram quatro dinastias que foram decidindo os destinos do reino. Ao longo de todo esse tempo, houve uma vasta série de episódios particulares que comprovam como os reis e as rainhas são pessoas que cometem erros; que são tão humanas quanto nós. Todos têm virtudes e defeitos.
Para enaltecer isso mesmo, o NCultura tem vindo a publicar uma série de artigos que revela episódios curiosos e intrigantes sobre reis e rainhas. No presente artigo, iremos centrar-nos em D. João V e na sua obra megalómana, o Convento de Mafra.
D. João V e a sua obra louca e megalómana
D. João V (1689-1750)
D. João V nasceu a 22 de outubro de 1689. O seu pai era D. Pedro II, enquanto a sua mãe era D. Maria Sofia de Neuburgo. No dia 01 de janeiro de 1707, foi aclamado rei, tendo reinado até ao momento da sua morte, em 1750. Este foi um dos reinados mais longos da História portuguesa.
D. João V casou com D. Maria Ana da Áustria (que era irmã do imperador austríaco Carlos III), no dia 09 de julho de 1708. O vigésimo quarto rei de Portugal recebeu o cognome de “o Magnânimo”, pela sua obra, tendo investido na educação e na cultura, no campo da arte, na literatura e na ciência. Na arquitetura, foram realizadas algumas obras que foram uma verdadeira loucura…
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Contexto
O reinado de D. João V foi vivido num contexto bastante favorável, em termos económicos, pois pôde explorar a riqueza proveniente do Brasil, o seu ouro e os seus diamantes. Um património substancial que levou a uma série de monumentais investimentos.
Foram realizadas diversas obras. Entre as mais emblemáticas, estão o aqueduto das águas livres e o convento de Mafra. O investimento foi de tal ordem que D. João V deu nome a um período da história da arte portuguesa que é hoje designado de Barroco Joanino.
A obra louca
O Palácio-Convento de Mafra foi um sonho caro. Foi mandado construir por D. João V, como forma de agradecimento pelo nascimento do seu primeiro filho varão (embora haja quem defenda que o motivo tenha sido uma súplica na sequência de uma doença de que o rei teria padecido. O rei terá prometido construir um convento, caso sobrevivesse, o que aconteceu).
O investimento para materializar a obra foi enorme. D. João V fez com que vários pintores e escultores se deslocassem de Itália para trabalhar em Portugal. A magnitude desta construção foi retratada por José Saramago na obra “Memorial do Convento”.
Os sacrifícios de uma loucura
Faz mais de 300 anos que foi dado início à obra. As condições não eram as ideais. As estradas eram péssimas, por isso o esforço foi enorme. Fez lembrar as obras faraónicas, passe o exagero, pelo sacrifício humano e pelo investimento necessários.
Carros de bois serviam para transportar enormes blocos de pedra lioz da região. Um transporte feito em câmara lenta, com muito sangue, suor e lágrimas a serem derramados pelo caminho. Foram necessárias várias picaretas…
A história de uma obra emblemática
Faz 300 anos que começou a ser construído o Convento de Mafra. O Palácio Nacional de Mafra, conhecido como Convento de Mafra, começou a ser construído a 17 de novembro de 1717. Nesse momento, por indicação do rei D. João V, foi colocada a primeira pedra de uma construção que teve a direção Johann Friedrich Ludwig, arquiteto alemão que por cá ficou conhecido como João Frederico Ludovice.
Os números de uma construção memorável
– O edifício tem grandes dimensões: alberga um palácio real, um convento e uma basílica.
– O Convento de Mafra ocupa uma área de 38 mil metros quadrados, aproximadamente.
– No Convento de Mafra, há 1200 divisões.
– Nesta obra, há mais de 4700 portas e janelas, 156 escadarias e 29 pátios e saguões.
– No Convento de Mafra, trabalharam 52 mil operários!
– Foi investido boa parte do ouro e diamantes provenientes do Brasil.
– Foram comprados mármores preciosos e madeiras exóticas.
– Foram encomendadas peças de escultura em Itália.
– A biblioteca foi outro investimento colossal, com 36 mil valiosos livros.
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