A implantação da República celebra-se no dia 5 de outubro. Conhece o seu significado?
Estudámos na escola e até deu direito a um feriado. A implantação da República teve lugar a 05 de outubro de 1910, mas há muito para saber e perceber em relação a esta história. Qual foi o regime que ela veio substituir? Quais as suas novas propostas? Quais as figuras que mais se destacaram neste período histórico? Fique a saber tudo!
Conheça o significado da implantação da República
A implantação da República comemora-se a 05 de outubro, mas a preparação desta espécie de revolução começou logo no dia anterior, a 04 de outubro.
Assim, entre estes dois dias de outubro de 1910, um grupo de militares da Marinha e do Exército começaram uma revolta nas guarnições de Lisboa, de modo a abolirem o regime vigente, no caso, a Monarquia. A apoiar os militares, estiveram ainda a Carbonária e as estruturas do Partido Republicano Português.
Proclamação da República
Logo na tarde do dia 05 de outubro era proclamada na varanda da Câmara Municipal de Lisboa, por José Relvas, em nome do Directório do Partido Republicano Português, República. Assim, no dia seguinte, no dia 6, o regime republicano foi proclamado, inicialmente no Porto e, posteriormente, em todo o país.
Revolução popular ou golpe de Estado?
Os especialistas consideram que a implantação da República ocorrida no dia 5 de outubro não foi propriamente uma revolução popular, mas antes um golpe de Estado, iniciado em Lisboa, mas com repercussão e aceitação em todo o território nacional.
Mudanças operadas pela República
Uma vez implantada a República, era necessário substituir todos os símbolos associados à monarquia, desde logo a bandeira.
Assim, a bandeira azul e branca deu lugar a uma bandeira verde e vermelha, cujos tons representam, respetivamente, a esperança e o sangue derramado pelos heróis da Pátria. Depois, ao centro, a esfera armilar representa os Descobrimentos, sendo que os sete castelos remetem para os primeiros castelos conquistados por D. Afonso Henriques e as cinco quinas simbolizam os cinco reis mouros vencidos por D. Afonso. Finalmente, os cinco pontos, são as cinco chagas de Cristo.
Com a República, surgiu também um novo hino nacional, A Portuguesa, composto por Alfredo Keil.
Figuras incontornáveis do 05 de outubro de 1910 e da República
D, Manuel II
Este foi o último rei de Portugal. Sucedeu a D. Carlos I, depois deste ter sido assassinado em 1908. Apesar de ter procurado fomentar a paz política, não o conseguiu fazer.
Depois de 1910, foi exilado para Londres, onde viria a morrer em 1932.
Manuel de Arriaga
Além de poeta e de advogado, este foi um dos principais pensadores da República, enquanto Regime político.
Foi, também, o primeiro Presidente da República português eleito, de sempre, mas abandonou funções em 1915, desiludido com o rumo que o país levava. Faleceu em 1917.
Teófilo Braga
Nascido em 1843, foi um importante professor e escritor, embora neste contexto mereça destaque como fundador do Partido Republicano. Em 1910, foi Presidente do Governo Provisório Republicano e, 5 anos depois, segundo Presidente da República eleito.
Miguel Bombarda
Além de médico, fez parte do grupo de conspiradores do 5 de outubro. Porém, antes de ver a República implantada, foi assassinado por um paciente.
Cândido dos Reis
Este foi um almirante republicano, muito próximo da Carbonária e que, por isso, teve um papel importante, enquanto estratega militar da Implantação da República.
Suicidou-se na véspera do dia 05 de outubro de 1910, por julgar que o golpe de Estado não iria ser bem-sucedido.
José Relvas
Este foi um importante membro do Partido Republicano e foi quem proclamou o novo regime político, a República, a 05 de outubro de 1910.
Afonso Costa
Esta foi uma das personalidades mais relevantes para a Implantação da República e para a sua sedimentação. Ocupou por mais do que uma vez as funções de primeiro-ministro e de Ministro das Finanças.
Porém, tinha posições bastante radicais, nomeadamente no que dizia respeito aos privilégios das Ordens Religiosas e da Igreja Católica, o que lhe valeu a alcunha de o “Mata Frades”.
Foi exilado, onde morreu em 1937, tendo ainda feito parte da resistência à ditadura salazarista.
Alfredo Cristiano Keil
Foi compositor, pintor, poeta, arqueólogo e colecionador de arte português, mas ficou mais conhecido por ter sido o compositor do hino nacional português (A Portuguesa), em 1891.
Henrique Lopes de Mendonça
Talvez menos conhecido do que Keil, mas igualmente importante, Henrique Lopes de Mendonça foi militar, historiador, arqueólogo naval, professor, conferencista, dramaturgo, cronista e romancista português.
Além disso, foi o autor da letra d’A Portuguesa, cuja música foi composta por Alfredo Keil. Aproveite, agora, para conferir cada verso do hino e verificar se não lhe escapa nenhuma palavra!
A Portuguesa (versão integral)
Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões
marchar, marchar!
II
Desfralda a invicta bandeira
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu!
Beija o solo teu jucundo
O oceano, a rugir d’amor,
E o teu braço vencedor
Deu novos mundos ao Mundo!
Às armas, às armas!
Sobre a terra e sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões
marchar, marchar!
III
Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal de ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.
Às armas, às armas!
Sobre a terra e sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões
marchar, marchar!
Leia também:
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- Cronologia dos Reis de Portugal, com início e fim do reinado
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