A Casa Museu Fernando de Castro proporciona uma experiência verdadeiramente distinta. Neste espaço, existe um conjunto de atrações singular e incrível!
Um museu pode revelar-se uma experiência maravilhosa. Existem diversos tipos de museus que proporcionam diferentes vivências e que podem mostrar lados desconhecidos da história. Podem mostrar encantos distintos, podem apresentar atrações diversas, explorando áreas bem distintas.
No entanto, há museus que apresentam uma singularidade tão atrativa que facilmente se distinguem por apresentar algo único. Um desses casos é a Casa Museu Fernando de Castro.
Esta é uma casa particular que deu lugar a um museu sui generis. A Casa Museu Fernando de Castro apresenta um espólio tão curioso, como fascinante; tão estranho, quanto imperdível!
Casa Museu Fernando de Castro: uma experiência única no Porto
Localização
A Casa Museu Fernando de Castro revela-se uma atração verdadeiramente imperdível para quem vive no Porto ou para quem está de visita. Este local insólito encontra-se a meros 800 metros (cinco minutos a pé) da Praça Marquês de Pombal e está presente em plena Rua Costa Cabral.
Aparentemente, esta é uma casa igual às outras. No entanto, no seu interior, ela guarda o resultado de uma coleção invulgar. A casa facilmente passa despercebida ao corrupio constante que surge na longa Rua de Costa Cabral, uma das mais emblemáticas da cidade do Porto.
A casa
Por fora, o número 716 não nos deixa suspeitar de nada. A simplicidade da fachada do prédio, pintada de branco, não nos leva a deduzir que no seu interior se esconda um ‘tesouro’. O interior da casa é revestido a talha dourada.
O espólio que se encontra neste local não se encontra em mais lado nenhum. O conjunto de peças é tão disperso e diversificado que poucos imaginariam que poderia ser apresentado desta forma.
Existe na casa algo incomum, uma ausência de vazio, um horror ao espaço por preencher. Por isso, este espaço proporciona uma experiência única e está aberto a visitas regulares!
O homem
Fernando de Castro (1889-1946) foi um homem de diversos interesses. Além de ser um aficionado pelo mundo das artes, foi poeta e caricaturista. Ele também foi negociante, uma qualidade importante pois, enquanto ávido colecionador, ele conseguiu reunir um conjunto de itens incomuns.
Na Casa Museu Fernando de Castro, pode encontrar-se essencialmente dois tipos de colecionismo, a Arte Sacra, que se encontra dispersa por toda a casa, praticamente, e a Pintura Naturalista portuguesa.
Dedicação do homem
O portuense colecionou um pouco de tudo o que lhe interessava, sobretudo na primeira metade do século XX. Grande parte da vida de Fernando de Castro foi feita a colecionar peças.
O seu interesse fez com que reunisse um espólio incomum. As peças que comprou e reuniu ao longo de 30 anos serviram para decorar a sua casa, visando tornar aquele espaço num museu verdadeiramente original.
Metodologia
Fernando de Castro reuniu diversos itens ao longo da sua vida. A sua compulsão por peças de arte ou itens decorativos levou a que reunisse um número incrível de objetos que eram usados na decoração da casa. O interior deste espaço conta com um acervo de centenas de peças.
Os artigos eram expostos sem qualquer critério museológico, aparentemente. Este local invulgar desafia a lógica inerente a qualquer museu. No entanto, a Casa Museu Fernando de Castro não é um espaço museológico qualquer. No fundo, a casa museu proporciona uma experiência singular, porque reflete a personalidade de Fernando de Castro, um homem excêntrico, com diversos interesses.
Riqueza e diversidade
Neste espaço, também pode encontrar livros (existem livros por toda a casa, de autores nacionais, mas também ligados à História e às artes) e objetos incomuns. Na habitação de Fernando de Castro, é possível encontrar um pouco de tudo, desde pinturas (elas encontram-se datadas num espaço temporal alargado, pois há exemplares entre os séculos XVI e XX) e esculturas (existem diversas peças. No entanto, todas elas são de temática religiosa).
Na Casa Museu Fernando de Castro, tanto poderá encontrar peças de cerâmica, como surpreender-se com uma quantidade impressionante de talha dourada, elementos que vieram de várias igrejas e conventos. Grande parte do interior da casa é revestido com estes elementos.
Viagens
A casa revela-se uma experiência incomum. Faz-nos viajar em diferentes sentidos, existindo grande riqueza e diversidade no espólio reunido por Fernando de Castro. Na Casa Museu Fernando de Castro, podemos sentir que estamos no palácio de Versalhes. No segundo seguinte, viajamos para a Igreja de S. Francisco. Noutro momento, estamos apenas no atelier de um artista.
A morte
Ao longo da sua vida, Fernando de Castro reuniu um conjunto de peças incomum. O espólio foi reunido, mas o museu não tinha sido criado. A morte de Fernando de Castro (em 1946) resultou num problema.
Fernando não tinha descendentes e como não deixou testamento coube à sua irmã herdar o espólio. No entanto, sensata, ela decidiu doar a casa (e o respetivo recheio, o espólio reunido pelo colecionador) ao Estado.
A casa-museu encontra-se sob a tutela do Museu Nacional de Soares dos Reis (MNSR). O MNSR tutela a casa desde o momento da sua fundação, em 1952. A CMFC permanece tal e qual como foi deixada pelo colecionador, do modo como Fernando de Castro a deixou organizada.
Singularidade
A casa proporciona uma experiência singular. O motivo é simples: nunca ninguém tinha colocado tantas peças, tão distintas, num espaço tão reduzido. Por isso, a experiência é insólita. Para uns, primeiro estranha-se e depois entranha-se. Para outros, revela-se algo demasiado estranho e excêntrico.
A casa-museu não deixa ninguém indiferente. Tanto pode ser considerada deslumbrante, como excessiva ou caótica. Certo é que a sua atmosfera é única. Nenhuma outra casa oferece uma riqueza do género. A casa é conhecida pela sua singularidade.
Uma visita guiada à Casa Museu de Castro
A Casa Museu Fernando de Castro proporciona diferentes atrativos nas suas diversas divisões. Iremos fazer uma espécie de visita guiada para compreender melhor a riqueza deste espaço.
Sala Minhota
Logo no imediato vivemos algo estranho neste espaço, localizado na antiga sala de estar da casa, também designado de Sala Regional. A Sala Minhota representa o início da insólita experiência.
Neste local, somos imediatamente confrontados com uma experiência caótica: a surpreendente proliferação de objetos e de peças de arte que se revela uma verdadeira ‘confusão’, mas que, em simultâneo, nos encanta.
Neste espaço, podem encontrar-se elementos alusivos ao Minho, peças que ajudaram a dar nome à divisão. Além dos elementos alusivos ao Minho, destacam-se as figuras populares de barro da autoria de José Joaquim Teixeira Lopes (que foi pai do escultor António Teixeira Lopes).
Outra atração desta divisão é o portão, que é idêntico ao da Igreja de São Francisco.
Sala de Jantar
Após se passar pelo vestíbulo, devemos entrar pela Sala de Jantar. Uma divisão ‘pesada’, com horror ao vazio. Tudo é excessivo, tal como acontece no resto da casa. As paredes também se encontra revestidas, como acontece noutras divisões. A arte sacra e a pintura naturalista são elementos de destaque.
Na Sala de Jantar, existe uma proliferação de imagens religiosas. Elas encontram-se em fila, apresentam-se em toda a sua riqueza e diversidade. Existem peças de todos os tamanhos e feitios. As figuras religiosas são um fator dominante e encontram-se em toda a parte, praticamente.
Sala Amarela
Após subirmos as primeiras escadas, a Sala Amarela revela-se a experiência seguinte. Neste espaço, (era uma Sala de Baile) existe um ambiente distinto. Uma petit Versailles (‘pequena Versalhes’) à portuguesa.
Esta sala é mais palaciana. Existem muitos espelhos, apresenta-se mais luminosa, existem menos peças e nela não se encontram imagens religiosas. Nesta sala, destacam-se os tons dourados. O requinte encontra-se nos elementos decorativos.
Esta sala servia como local destinado a momentos de diversão e de descontração. Este é o único espaço da sala onde se respira melhor, devido à decoração mais leve.
Acesso ao 2.º andar
Na galeria do 2.º andar, vivemos outra experiência incomum. Ao subir cada degrau deste espaço parece que somos transportados no imediato para o interior de uma igreja. Tal como acontece noutras divisões da casa, neste local as imagens religiosas são constantes e ainda existem os relicários.
Outra atração deste local vai para um vitral. As suas cores vivas e os respetivos adornos fazem-nos sentir que estamos a visitar uma catedral, não que estamos a visitar uma casa. A quantidade de Arte Sacra neste local é inacreditável.
Sala Azul
As paredes e os cortinados azuis ajudaram a dar o nome a esta divisão. No entanto, também pode ser chamada de ‘Sala Chinesa’. Nesta sala, existem diversos objetos orientais. Há riqueza em figuras chinesas, além de serem apresentados outros objetos, como jarras e leques, entre outros.
Sala de Caricaturas
Fernando de Castro era caricaturista. Nesta divisão, é explorada essa faceta do colecionador portuense.
Nesta Sala de Caricaturas, é possível encontrar duas temáticas distintas. Estão presentes caricaturas que exploram uma abordagem humorística à toponímia de vários locais. No entanto, também existem caricaturas que apresentam membros da elite cultural do Porto [especialmente, da primeira metade do séc. XX].
Quarto de dormir
O quarto de Fernando de Castro revela-se num momento em que estamos quase a chegar ao fim da visita guiada. O quarto de dormir surpreende, pois surge num momento em que já se pensava que se tinha visto tudo e comprova-se que não…
A decoração neste espaço é caótica, quase alucinada. Além do mobiliário escuro, existe neste local uma espécie de igreja com um púlpito. Neste local, existe um misto de Arte Sacra com requinte.
Um dos destaques desta divisão vai para a cama. Nela, estão presentes algumas imagens religiosas, peças que parecem encarar-nos.
Curiosidade
No século XVIII, surgiu uma lei que levou à extinção das ordens religiosas em Portugal. Nesse momento, fecharam igrejas, mosteiros ou conventos. Por isso, houve um desmantelamento destes espaços.
Muitos materiais oriundos destes locais foram colocados à venda. Mesmo as propriedades foram vendidas. Por exemplo, houve quem comprasse um convento para depois converter esse espaço num palácio ou num hotel. Fernando de Castro foi original, pois transportou as igrejas diretamente para a sua propriedade…
Conclusão
Esta casa foi a morada de um homem com crenças fortes. Fernando de Castro era alguém peculiar e excêntrico que adorava a arte, nas suas diferentes expressões.
Este museu do Porto revela-se um espaço imperdível, por ser incomum, pela riqueza do seu espólio e por ser ‘secreto’. Poucos o conhecem. Mesmo entre os portuenses, há muitas pessoas que passam diariamente pela cidade, ignorando este autêntico “tesouro” turístico!
Informação Útil
Morada: Rua de Costa Cabral 716, 4200-211 Porto.
Para visitar entre terça a sexta o horário é das 10h-17h. O custo é de €2. No entanto, deve fazer marcação prévia pelo email [email protected]. Se desejar realizar a visita noutro horário, contacte por email.
Contactos: 223 393 770 / [email protected]
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