Fique a conhecer melhor o homem que está por trás de uma das sobremesas tradicionais mais populares do país, o pudim abade de Priscos.
Portugal é uma nação com uma longevidade assinalável. Encontra-se entre os países europeus com mais história. São quase 9 séculos de existência desde o dia da sua fundação, que ocorreu a 5 de outubro de 1143.
Ao longo do tempo, várias figuras se destacaram nas mais diversas áreas. Os portugueses sentem um particular apreço pela sua barriguinha, por isso os criadores das melhores tentações gastronómicas merecem os maiores louvores.
No presente artigo do NCultura, iremos centrar a nossa atenção em Manuel Joaquim Machado Rebelo. Muitos desconhecem esta pessoa por este nome, mas ela originou uma doce tentação. Fique a conhecer melhor o homem que está por trás de uma das sobremesas tradicionais mais populares do país, o pudim Abade de Priscos.
Abade de Priscos, o criador de uma sobremesa irresistível
O homem
Manuel Joaquim Machado Rebelo é o nome de uma pessoa que deixou a sua marca na história das sobremesas portuguesas. Este homem nasceu na freguesia de Santa Maria de Turiz, concelho de Vila Verde. Após ter nascido, a 29 de março de 1834, Manuel Joaquim cresceu e tornou-se padre.
Apesar do seu lado religioso, foi noutra área que esta pessoa conquistou a sua eternidade. Manuel Joaquim revelou-se um mestre na doçaria. Foi autor de uma das sobremesas que os portugueses adoram devorar.
Manuel Joaquim Machado Rebelo morreu a 24 de setembro de 1930. Viveu uma vida longa, tendo-se despedido desta vida com a bonita idade de 96 anos.
A vida
Manuel Joaquim Machado Rebelo era filho de proprietários rurais. Após ter concluído os estudos teológicos no seminário de Braga, tornou-se padre. Ele realizou a primeira missa em 1861.
Manuel Joaquim Machado Rebelo pastoreou as freguesias de São Miguel de Cunha, Bastuço e Ruilhe, sucessivamente, até que chegou o momento em que se fixou em definitivo em Priscos, no concelho de Braga. Por aqui, Manuel Joaquim exerceu o seu múnus (obrigação; dever; funções que um indivíduo tem de exercer) ao longo de 47 anos, quase até ao momento da sua morte (1930).
A obra
Este homem revelou as suas virtudes sacerdotais ao longo da sua vida. Manuel Joaquim Machado Rebelo foi um homem de bem, um pároco de generosidade pronta, sempre pronto a ajudar, a oferecer um conselho avisado. Ele desempenhou a sua missão espiritual evidenciando as qualidades que o celebrizaram na terra.
Mãos para a massa
Diz-se que o abade de Priscos terá sido um dos maiores cozinheiros do país no século XIX. Manuel Joaquim revelava um estilo e uma técnica apuradas da escola francesa, cujos segredos dominava.
O receituário regional português também era dominado, especialmente o nortenho. Manuel Joaquim chegou a visitar Paris, em 1900. Ele levou postas do bom bacalhau na bagagem e apresentou um petisco ao dono do hotel e aos demais comensais gauleses, gerando um êxtase.
O padre chegou a ser responsável por apresentar refeições de gala para homenagear figuras de relevo. Apesar de se fazer acompanhar de uma maleta onde se julgava estar o seu livro de receitas, nada se sabe sobre esse livro, pois nunca foi encontrado.
Homenagem
O padre Machado Rebelo revelou ter grande mestria gastronómica. Por isso, este homem foi agraciado com o título de capelão honorário da Casa Real pelo rei D. Luís. Esse momento aconteceu em 1874.
Em dias especiais (nomeadamente, nos dias 11 de julho de 1883, 28 de maio de 1888 e 27 de julho de 1891), o abade de Priscos e João da Mata “trancaram-se” na cozinha para se dedicarem à área da gastronomia e pastelaria, dando asas à sua arte e fantasia.
Apesar de toda a arte e desenho nestas áreas, a receita do pudim de toucinho ou pudim do Abade de Priscos é uma das muito poucas que permitem prestar a devida homenagem à memória do abade de Priscos.
A criação
Manuel Joaquim Machado Rebelo tem um nome pouco conhecido, mas se se referir que é o Abade de Priscos já todos o conseguem reconhecer. Este homem é o criador da deliciosa sobremesa de pudim de Abade de Priscos.
Esta é seguramente uma das sobremesas mais populares do país. Este pudim típico de Braga tornou-se num doce apreciado de norte a sul do país. Apesar da sua mestria na doçaria, Manuel Joaquim Machado Rebelo não partilhou com o mundo todas as suas criações. No entanto, o abade de Priscos transmitiu para o público que a receita do Pudim Abade de Priscos foi uma das poucas receitas que o povo ficou a conhecer.
O momento
Esse momento deve-se a Pereira Júnior. O diretor do Magistério Primário feminino de Braga, no antigo Convento dos Congregados, pediu ao Abade de Priscos receitas que pudessem ser ensinadas no magistério. Foi desta forma que este doce irresistível ficou conhecido pelo grande público.
Impacto nacional
O pudim Abade de Priscos é uma das sobremesas mais famosas do país. Prova da sua popularidade está no facto desta criação ter sido finalista no concurso Maravilhas da Gastronomia.
Como fazer esta iguaria irresistível
O pudim Abade Priscos é confecionado num tacho (idealmente de latão ou cobre). No tacho, é colocado meio litro de água. Posteriormente, quando a água estiver a ferver, deve colocar-se meio quilo de açúcar.
Em seguida, deve juntar-se ao preparado uma casca de limão. Depois, adiciona-se um pau de canela e acrescentam-se cinquenta gramas de toucinho. O toucinho deve ser gordo (de preferência deve ser de Chaves ou de Melgaço). Posteriormente, deve aguardar-se e deixar ferver o preparado até atingir o ponto espadana.
Esta designação é dada na área da pastelaria, quando o açúcar é aquecido ao ponto de, quando se deixa cair, forme uma espécie de espada ou lâmina. O ponto é obtido após 3 minutos de fervura, aproximadamente.
Em seguida, batem-se 15 gemas e, em seguida, adiciona-se um cálice de vinho do Porto até ficar em meio ponto, após bater novamente. Posteriormente, a calda de açúcar é, depois, vazada para uma tigela (onde estão as gemas) por via de um coador fino, mexendo-se tudo. Depois barra-se uma forma com açúcar em caramelo.
Em seguida, transfere-se o preparado para aí. Depois, a forma é colocada a cozer em banho-maria, durante 30 minutos. O pudim só deve ser desenformado após arrefecer. Desenforme apenas quando estiver quase frio.