O Bolo-Rei é um doce que, habitualmente, se come entre o Natal e o Dia de Reis. Fique a conhecê-lo melhor e aprenda a receita do Bolo-Rei tradicional.
Quem nunca reparou num bolo redondo, com um grande buraco no centro, feito de uma massa de bolo branca e fofa, rica em passas, frutos secos e frutas cristalizadas?
Especialmente entre o final do ano e o início do novo ano, é impossível não se cruzar com fatias desde doce, quer em confeitarias, quer em supermercados.
Apesar das suas diversas variantes, o bolo-rei tradicional continuar a ter fiéis adeptos e é especialmente para esses que fazemos este artigo sobre a sua história e receita. Ainda é do tempo em que no interior deste bolo havia uma fava e um brinde?
Fique a conhecer esta e outras curiosidades sobre o bolo mais emblemático do Natal português.
Como fazer bolo-rei. História e receita tradicional
A origem do bolo-rei é bastante antiga. Ao que consta, remonta ao tempo dos romanos. Terá sido, no entanto, a Igreja Católica a associar este doce às datas de 25 de dezembro e de 6 de janeiro.
Todavia, se pensarmos no bolo-rei, como o conhecemos atualmente, podemos afirmar que a sua origem remonta à corte de Luís XIV, em França, e aos seus festejos de Ano Novo e do Dia de Reis. É, inclusive, possível encontrar pinturas em que aparece representado o popular Gâteau des Rois.
Por altura da Revolução Francesa, o bolo-rei foi proibido. Mas os pasteleiros não acataram essa norma e decidiram mudar o nome ao bolo, passando a designá-lo como Gâteau des Sans-culottes.
A receita portuguesa terá sido importada do sul de Loire. Crê-se que o primeiro estabelecimento português a vender esta iguaria foi a Confeitaria Nacional, em Lisboa, (c. de 1870). O seu autor terá sido o pasteleiro Gregório, o qual se terá inspirado numa receita que Baltazar Castanheiro Júnior trouxe de Paris. A partir desse momento, a receita e a moda deste bolo foram-se espalhando um pouco por todas as confeitarias da cidade.
Já no Porto, o bolo-rei chegou mais tarde, em 1890, por iniciativa da Confeitaria Cascais, tendo por base a receita que Francisco Júlio Cascais trouxe de Paris.
Por altura da implantação da República, a 05 de outubro de 1910, o nome deste doce tornou-se, novamente, um problema. Por essa razão, durante esse período, este mesmo bolo foi na mesma confecionado e vendido, mas sob outras designações, tais como: “ex-bolo-rei”, “bolo de Natal”, “bolo de Ano Novo”, “bolo-presidente” ou “bolo-Arriaga”.
Simbologia
Há quem veja no bolo-rei um símbolo dos presentes ofertados pelos três Reis Magos ao Menino Jesus, aquando do seu nascimento. Assim a côdea simboliza o ouro; as frutas cristalizadas e secas representam a mirra; enquanto o aroma do bolo simboliza o incenso.
Receitas de bolo-rei
Bolo-rei tradicional
Ingredientes
– 4 Ovos
– 1 Limão
– 1 Laranja
– 750g farinha de trigo sem fermento
– 150g açúcar branco
– 150g frutas cristalizadas
– 150g frutos secos pinhões, nozes, passas, avelãs e amêndoas
– 150g margarina vegetal ou manteiga
– 30g fermento de padeiro
– 1dl vinho do Porto
– 1 c. de sobremesa rasa, com sal
Modo de Preparação
– Pique as frutas cristalizadas e ponha-as a macerar com o vinho do Porto, juntamente com as frutas secas.
– Dissolva o fermento em 1 dl de água tépida e junte a uma chávena de farinha.
– Misture e deixe levedar por 15 minutos.
– Bata a gordura escolhida com o açúcar e a raspa das cascas do limão e da laranja.
– Adicione os ovos, um a um, batendo entre cada adição. Junte a massa de fermento.
– Quando estiver bem ligado, acrescente a restante farinha peneirada com o sal.
– Amasse muito bem até a massa ficar macia e elástica.
– Misture as frutas maceradas no vinho do Porto. Volte a amassar e molde em bola.
– Polvilhe com farinha e tape com um pano. Deixe levedar por 5 horas.
– Quando a massa estiver bem levedada e tiver dobrado de volume, mexa e molde novamente em bola, distribuindo sobre um tabuleiro untado.
– Faça um buraco no meio da massa e, se desejar, introduza a fava e o brinde. Deixe levedar por mais 1 hora.
– Pincele com a gema e enfeite com frutas cristalizadas inteiras, torrões de açúcar, pinhões inteiros, meias nozes, etc.
– Leve a cozer em forno bem quente.
– Depois de cozido, pincele com geleia diluída em água quente.
Bolo-rei escangalhado
Ingredientes
– 5 Ovos
– 1 Cálice de rum
– 625g de farinha + q.b. (p/ polvilhar)
– 300g de frutos secos variados (+ q.b. p/ decorar)
– 180g de açúcar
– 150g de doce de chila
– 100g de manteiga (+ q.b. p/ untar a forma)
– 100g de passas
– 25g de fermento biológico
– 1 Pitada de sal
– Leite q.b.
– Cerejas em calda p/ decorar (opcional)
Modo de preparação
– Prepare as passas, colocando-as a macerar no rum.
– Num pouco de leite morno, dissolva o fermento.
– Junte 125g de farinha, amasse e deixe levedar em local ameno. Espere até atingir o dobro do tamanho.
– Bata 4 ovos com a manteiga. Junte o açúcar e um pouco de sal.
– Acrescente à massa já levedada o preparado. Posteriormente, amasse.
– Aos poucos, vá juntando a restante farinha e amasse.
Opcional: Se achar necessário, pode acrescentar um pouco de leite para tornar a massa mais macia.
– Junte à massa os frutos secos picados e as passas com o rum.
– Acrescente as 70g de chila.
– Deixe a massa levedar (o ideal é que atinja o dobro do volume).
– Coloque o forno numa temperatura de 180º C.
– Unte um tabuleiro e polvilhe com farinha.
– Ao estar a massa lêveda, faça com ela um retângulo (escangalhado).
– Bata um ovo numa taça.
– Pincele com o ovo batido a massa e deixe levedar novamente.
– Faça a decoração, recorrendo a frutos secos, à restante chila e às cerejas em calda.
– Leve ao forno aquecido a 180ºC.
– Deixe que coza por 50 minutos, sensivelmente.