Conheça a conexão entre o escultor Soares dos Reis e uma igreja da cidade do Porto. Uma história insólita que vai gostar de conhecer.
A história que lhe vamos passar a contar ocorreu no final da Rua de São Bento da Vitória, perto do Miradouro da Vitória, onde existe a Igreja de Nossa Senhora da Vitória (nunca a visitou? Então, vá até lá, pois vale bem a pena uma visita!…).
Esta igreja terá sido construída sobre as ruínas de uma antiga sinagoga, a Sinagoga do Olival… Este monumento começou a ser erguido em meados do século XVIII e encontra-se ornamentado com obras dos melhores artistas do barroco, como Francisco Campanhã e Teixeira Guimarães. Porém, por lá também é possível encontrar peças saídas das mãos do brilhante escultor António Soares dos Reis. Continue a ler para saber mais sobre esta história.
A história de Soares dos Reis e da Santa Degolada
Então, vamos agora à história que liga Soares dos Reis a esta igreja. Em 1874, houve um grande incêndio nesta construção, o qual destruiu todo o altar-mor, assim como a imagem da sua padroeira, Nossa Senhora da Vitória.
Nessa altura, a Confraria da Igreja pediu ao escultor Soares dos Reis que fizesse uma nova escultura para a igreja. O resultado foi muito apreciado por alguns, já que a Santa revelava grande expressividade e a imagem do Menino Jesus grande qualidade na execução. A imagem de Nossa Senhora da Vitória foi inspirada numa jovem que servia muitas vezes de modelo a Soares dos Reis, a chamada “Mariquinhas Castanheira”.
No entanto, nem todos gostaram da escultura, sobretudo os fiéis que consideravam que a obra não era fiel à imagem da Santa, por não transmitir um ar divino, mas antes banal. Também o Menino Jesus desagradava por ter um aspeto muito humano e alegre.
Apesar da polémica e da contestação, a imagem foi sobrevivendo aos apupos…
O ano de 1889
Passada mais de uma década sobre esta obra, eis que o inusitado acontece. O escultor Soares dos Reis acaba por pôr termo à vida e, nessa altura, a Confraria da Igreja de Nossa Senhora Vitória aproveita para fazer a vontade aos seus fiéis e intervir na obra do escultor recentemente falecido.
Assim, mandaram a Santa para um Santeiro da Maia, de modo que ele a deixasse mais ao gosto dos fiéis daquela paróquia. O Mestre modificou as roupas e a postura da Santa, assim como cortou a cabeça da escultura, aplicando-lhe uma outra, de ar mais angelical, à semelhança daquilo que os fiéis pretendiam.
Pelo trabalho, o homem recebeu 40 tostões, tendo depois admitido que a amputação da cabeça da Santa se deveu a um pedido expresso da Confraria da Vitória, que posteriormente foi acusada de crime de Lesa de Arte.
Quanto à cabeça original da escultura da Santa, da autoria de Soares dos Reis, ela foi guardada nas instalações da Igreja de Nossa Senhora da Vitória, onde ainda hoje se mantém. Esta ficará para sempre conhecida como a história da Santa Degolada.
Quem foi Soares dos Reis?
Para quem não sabe, Soares dos Reis foi um dos maiores escultores do seu tempo. Nasceu a 14 de outubro de 1847, na freguesia de São Cristóvão de Mafamude, em Vila Nova de Gaia, e suicidou-se com 42 anos de idade, a 16 de fevereiro de 1889, no seu atelier, com dois tiros de revólver.
Em 1861, ingressou na Academia Portuense de Belas Artes, onde recebeu vários prémios e louvores, como o 1º prémio nas cadeiras de desenho, arquitetura e escultura. Estudou ainda em Paris e Roma, cidade onde fez uma das suas obras mais emblemáticas, o Desterrado.
Foi um dos fundadores do Centro Artístico Portuense e professor titular da Academia Portuense de Belas Artes. Além de ser dono de várias obras marcantes, o principal museu municipal do Porto possui o seu nome e parte importante do seu espólio.
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Boa Tarde
Seria interessante aclarar o assunto, muitíssimo pouco falado, sobre o Cristo NU, que está na Igreja de Mafamude, quem entra está deitado do lado esquerdo da Igreja, numa caixa vedada com um vidro.
Consta que o Cristo foi esculpido por Soares dos Reis, mas estava completamente NU, diz-se que mulheres que faziam a limpeza na Igreja, achando aquilo indecente, por o Cristo ter as partes À MOSTRA se queixavam ao padre, que nunca nada fez para resolver o problema das donas. Só que estas foram ter com um senhor de CABO MOR, que à martelada capou o Cristo, sendo coberto o sítio das PARTES com um pano branco, posteriormente foi arranjado com gesso ou outro material.
Assim continua e pelos vistos SOARES DOS REIS tinha OBRAS que sofreram posteriormente à sua morte a tratamentos menos dignos do ARTISTA.
Cumprimentos
chico da EMILINHA
NOVAMENTE E COM PEDIDO DE DESCULPA
QUEM ENTRA ESTÁ DO LADO DIREITO E NÃO esquerdo