Uma mulher empreendedora que ficou para a história pelo seu papel incontornável no universo dos vinhos. Antónia Adelaide Ferreira, a Ferreirinha!
Antónia Adelaide Ferreira ficou mais conhecida como a “Ferreirinha” ou a “mãe dos pobres”. Nascida nos princípios do século XIX, numa família já ligada à produção vinícola, quis o destino e, também, a sua força interior que se tornasse numa das figuras mais importantes do Douro vinhateiro, devido ao papel incontornável que teve no comando dos negócios ligados ao vinho. Fique a saber mais.
A Ferreirinha: a super mulher que triunfou e marcou o Douro
Ferreirinha teve dois filhos, Maria de Assunção e António Bernardo Ferreira. Depois de ter ficado viúva muito jovem, Ferreirinha teve de assumir a Casa Ferreira, uma herança de família. Nesse momento, fez grandes plantações de vinha, construiu armazéns, contratou colaboradores, comprou as quintas de Aciprestes, Porto e Mileu e fundou outras na zona de Vale Meão.
O ano de 1868
Em 1868, houve uma produção excedentária de vinho do Porto. Nessa altura, Ferreirinha decidiu comprar grandes quantidades de vinho, a um custo reduzido. Passados dois anos, a praga do oídio dizimou muitas vinhas, fazendo os preços do vinho do Porto subirem. Escusado será dizer que esta foi uma oportunidade de ouro para a Ferreirinha recuperar o investimento que tinha feito dois anos antes e, assim, conseguir aumentar ainda mais a sua fortuna.
O ano de 1872
Mas os desafios não pararam. Anos mais tarde, a região do Douro foi afetada pela filoxera, um inseto que sugava, secava e matava as raízes das videiras. Este acontecimento arrasou com muitas produtoras de vinho do Porto.
Para evitar esse fim, Ferreirinha toma a iniciativa de ir até Inglaterra para tentar descobrir meios de combater aquela praga. Além disso, a Ferreirinha aposta em métodos mais sofisticados de produzir e investe em novas plantações de vinhas, com raízes de videiras americanas, imunes à filoxera. Ao mesmo tempo, continuava a adquirir quintas do Douro, de modo a garantir que elas se mantinham em mãos portuguesas e não ficavam dominadas pelos ingleses.
A sua fortuna foi sempre aumentando e, por isso, foi-se envolvendo em benfeitorias, como a construção dos hospitais de Vila Real, Régua, Moncorvo e Lamego.
Morte e herança
A Ferreirinha viria a morrer em 1896, deixando uma fortuna incrível, de onde se contam trinta quintas, como a emblemática Quinta da Leda, em Almendra, Vila Nova de Foz Côa. Ainda hoje se pode usufruir da sua produção, através do vinho da Casa Ferreirinha, o icónico Barca Velha, símbolo maior dos vinhos do Douro.
Revolucionária
Numa época, em que o papel das mulheres na sociedade tendia a ser secundário, sobretudo no mundo dos negócios, Ferreirinha operou uma pequena revolução, provando aos mais conservadores, como uma mulher era capaz de comandar e mesmo aumentar um império.
Para isso, Ferreirinha não teve medo de enfrentar um universo dominado pelos homens e contrariar mesmo os avanços dos ingleses.
Num período em que o Douro viveu várias e grandes crises, Ferreirinha teve a habilidade e a inteligência de gerir os seus negócios e ainda fazê-los crescer, mesmo em momentos onde esse caminho parecia ser impossível de seguir, dado o contexto.
Por todas estas razões e muitas mais a história do Douro não pode ser contada sem falar em Ferreirinha, no seu contributo e no seu legado. Aquilo a que, hoje em dia, se chamaria de empreendedorismo, dominou as ações de Ferreirinha permitindo que os vinhos do Douro, como o vinho do Porto, alcançassem outros níveis e reconhecimentos.
Atualidade
Nos dias de hoje, a Casa Ferreirinha é responsável pela gestão de muitas das quintas que a sua antiga proprietária foi adquirindo ao longo da sua vida. Em sua homenagem, é atribuído o Prémio Dona Antónia Adelaide Ferreira que distingue figuras femininas portuguesas que, de algum modo e em algum setor, tenham honrado o legado de Ferreirinha.
Como precisamos de mais mulheres como esta