As escapadinhas podem representar experiências inesquecíveis. Basta visitar Penha Garcia para constatar isso mesmo.
O nosso país tem diversos destinos ideais para escapadinhas. Aldeias, vilas e cidades que reúnem uma série de características que os tornam particularmente indicados para uns dias de férias bastante enriquecedores.
Há muitos destinos para escapadinhas que reúnem uma série de características que podem proporcionar experiências inesquecíveis. Para constatar esta realidade, basta visitar Penha Garcia. Este destino tem um pouco de tudo o que se necessita para uma escapadinha. Além da beleza natural, há muita história, achados arqueológicos relevantes, património fascinante e outras atrações.
Visitar Penha Garcia e a praia fluvial, o castelo e os fósseis
Localização
No concelho de Idanha-a-Nova, está presente uma aldeia que encanta todos os que têm a sorte (ou o engenho) de a visitar. A pequena Penha Garcia é conhecida por algo raro de se valorizar num destino: a riqueza em icnofósseis.
Esta é uma das suas principais atrações, mas não é a única…
A origem do nome
O topónimo Penha Garcia pode ter tido origem na designação “penhasco (penha) dos
Garcia”. Um nome que terá surgido devido a D. Gonçalo Garcia (filho de D. Garcia Mendes e irmão de Fernando Sanches, o Porta bandeira de D. Afonso III) ter sido o 1º a assinar o foral atribuído por esse monarca no ano 1256.
Uma outra explicação dada para o nome da localidade está ligada à presença de garças, animais que fizeram muitos ninhos nas escarpas rochosas e que predominam nesta área.
A lenda do Governador Garcia
A origem de Penha Garcia está associada à lenda do governador Garcia. D. Garcia, enquanto governador do castelo, raptou D.ª Branca numa noite tempestuosa. Esta figura tinha uma beleza lendária. A jovem era filha do governador de Monsanto. A perseguição ao culpado foi terrível.
D. Garcia foi apanhado passados alguns meses. O homem foi apanhado pelos perseguidores de Monsanto e a justiça impunha para estes crimes a pena de morte. O governador de Monsanto, condoído pela situação da filha, comutou a pena capital pelo corte do braço esquerdo de D. Garcia. Segundo a lenda, a figura do decepado ainda permanece no alto das torres e continua a vigiar e a olhar o morro sobranceiro de Monsanto, que foi a causa da perda do seu braço de guerreiro.
Baseado na lenda presente Penha Garcia uma Vila Templária! (Pires Nunes, 2006)
Vestígios e história
O território da aldeia e nas proximidades é invulgarmente fértil em vestígios romanos e pré-históricos. Estes servem de prova que o terreno que hoje conhecemos como aldeia de Penha Garcia ou Idanha-a-Nova foi bastante útil para outros povos. Penha Garcia foi sede de município. O rei D. Dinis doou a vila aos Templários.
Ao longo do tempo, os pilares da economia de Penha Garcia foram as atividades agrícolas e a pastorícia. A maioria das casas da aldeia foi construída para fins utilitários, para atividades como as mencionadas, não visavam o conforto dos seus ocupantes. O bairro de casas tradicionais, construídas com quartzitos, está presente na Rua da Lapa e encanta todas as pessoas.
Características
A aldeia de Penha Garcia encontra-se situada num cenário deslumbrante, distribuída ao longo de uma grande encosta. A aldeia é invulgar pelo cenário único que a circunda. As casas brancas e de pedra dominam o cenário, estando um castelo presente mais acima.
Nesta aldeia com 800 habitantes, há marcas que revelam a imensa história deste local. Muitos foram escondidos pela Natureza, mas descobertos pelo Homem.
Beleza do cenário
O castelo, além de reivindicar protagonismo na paisagem, revela-se um excelente miradouro para a aldeia. No castelo, existe uma vista privilegiada para a aldeia e para uma paisagem deslumbrante para o vale do Ponsul.
Trilhos: A rota dos fósseis
A Rota dos Fósseis faz-se descendo em direção ao rio, num percurso que nos leva a descobrir como a vida naquele lugar era há 600 milhões de anos, podendo ser observados vestígios que contam parte da história da Terra.
A Rota dos Fósseis consiste num percurso circular. O trilho pedestre PR3 — Rota dos Fósseis encontra-se sinalizado. Tem uma distância total de 3 km. Este percurso atravessa o Parque Icnológico de Penha Garcia. O percurso é iniciado no mesmo ponto onde termina, na Vila de Penha Garcia.
Ao longo do percurso, realizado na Rota dos Fósseis, passa-se por monumentos relevantes, como a Igreja Mártir ou o Castelo. Este último monumento servia como proteção relevante noutros tempos. Atualmente, serve como um miradouro incrível que permite apreciar toda a beleza da região.
Durante a caminhada, ainda é possível observar os fósseis de animais pré-históricos marinhos. As origens destes seres marinhos perdem-se no tempo…
Geopark Naturtejo
No vale do Ponsul, encontra-se um geomonumento que preserva inúmeros vestígios de outros tempos. Quando estas cristas quartzíticas eram um imenso mar e esta região estava próxima do Pólo Sul.
São vestígios que relatam como era a vida neste lugar há 480 milhões de anos, numa época onde reinavam trilobites e seus predadores. Este era um mundo de biodiversidade aquática impressionante. Atualmente, serve de “berço” do Geopark Naturtejo, o 1º português, da Rede Mundial de Geoparques da UNESCO.
Abrangência do território
Este parque está situado na Península Ibérica, presente no Centro de Portugal, tendo a Este fronteira com Espanha. A sede do geoparque está presente no Centro Cultural Raiano, em Idanha-a-Nova.
O território espalha-se por seis municípios, cinco pertencem à Beira Baixa e estão incluídos no distrito de Castelo Branco (Idanha-a-Nova, Castelo Branco, Oleiros, Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão), enquanto o município de Nisa está presente no Alto Alentejo e pertence ao distrito de Portalegre.
As coordenadas geográficas são:
39º 20’ N e 40º 5’ N (latitude); 6º 50’ W e 8º 10’ W (longitude) do Meridiano de Greenwich.
O Parque Icnológico
Em Penha Garcia e nas proximidades, encontra-se um dos geomonumentos do Geopark Naturtejo, que está presente no vale do rio Ponsul. As rochas que podem ser encontradas em Penha Garcia foram formadas num mar antigo. São fruto de uma história com 479 e 468 milhões de anos (coisa pouca!…).
Estes vestígios tão bem preservados da Era Paleozóica (há quase 500 milhões de anos) que se encontram em Penha Garcia são raros. Há poucos sítios do mundo onde eles se encontrem num espaço territorial reduzido.
Os icnofósseis
Os icnofósseis são marcas que se encontram gravadas na rocha e que revelam as movimentações realizadas pelas criaturas marinhas, as trilobites. Estes seres viveram por ali muito antes dos dinossauros, numa era em que o oceano ainda cobria a paisagem.
Em várias camadas de rocha, estão expostos vestígios da atividade de seres vivos, que viveram há muito tempo no fundo daquele mar. As marcas que podem ser observadas foram feitas por organismos do passado. São fósseis com centenas de milhões de anos.
O termo icnofósseis é o nome dado aos vestígios fósseis resultantes da atividade de organismos. Penha Garcia reúne um conjunto de icnofósseis com qualidade, quantidade e diversidade, informação relevante que permite a reconstituição dos ecossistemas marinhos que existiram no nosso planeta nessa altura. Por isso, Penha Garcia é reconhecida a nível internacional por causa dos seus icnofósseis.
O valor do património
O valor deste património natural é significativo, por isso deve ser preservado para que as gerações futuras compreendam o tesouro que têm em mãos. Esta área do Geoparque foi identificada como um geomonumento, por apresentar um registo icnofóssil importante.
O Parque icnológico é o nome dado ao geomonumento que tem um património geológico valioso, que pode ser situado geograficamente. Na área, existem vários locais de interesse paleontológico.
As trilobites
As Cruzianas são exemplo das marcas que foram produzidas por Trilobites e por outros seres do género, com forma semelhante. Estes seres estão extintos há cerca de 250 Ma. As trilobites faziam parte de um grupo de organismos, os Artrópodes. Estes organismos apresentam esqueleto externo e o corpo está dividido em vários segmentos e revelam apêndices articulados.
Quando as trilobites se deslocavam (total ou parcialmente), enterradas em sedimentos argilosos, elas iam escavando para se alimentarem, à procura de matéria orgânica no fundo marinho. Desta forma, produziam as pistas de alimentação, chamadas de Cruziana.
As Cruzianas presentes em Penha Garcia atraem grande interesse internacional, pois neste local elas encontram-se em grande número, estando todas presentes numa área pequena. As Cruzianas apresentam uma diversidade enorme de formas, caratacterísticas que indiciam diversidade de comportamentos das trilobites durante a pesquisa de alimento (repouso, escavação, imersão, andamento, corrida), sendo algo que apresenta um fantástico estado de preservação.
Outras das principais atrações
Castelo e muralhas
O Castelo serve como último vestígio de uma fortaleza que outrora serviu para proteger a aldeia. Atualmente, apenas restam alguns troços das muralhas. Da antiga fortificação gótica, apenas subsiste a pequena cidadela, ainda que tenha sido um pouco alterada e recriada pelas obras que foram realizadas no século XX.
O Castelo Templário encontra-se no cimo de uma encosta. Está implantado num maciço rochoso, escarpado, da Serra do Ramiro, dominando o vale encaixado do rio Pônsul. Esta construção medieval (possivelmente edificada no século XIV) foi realizada sobre as estruturas de um outro castelo mais antigo.
Ele oferece vistas fantásticas sobre o profundo recorte do vale do Ponsul. Do antigo castelo, é possível observar um conjunto de casas de xisto e o pelourinho.
Capela do Espírito Santo
Esta construção religiosa está presente na rua do Espírito Santo, estando situada em frente ao Posto de Turismo de Penha Garcia. A Capela do Espírito Santo é um templo que remonta ao século XIV. Contudo, desta época conserva-se o arco da capela-mor.
Pelourinho
Esta atração local pode ser encontrada na rua da Praça (no início da Rua do Pelourinho, frente ao n.º 2 da citada rua). O pelourinho é um símbolo do antigo município. Esta obra é da autoria de Estêvão Simões e Domingos Fernandes.
Esta obra foi construída no reinado de D. Sebastião. O pelourinho é constituído por um capitel com 2 escudos, um com as armas nacionais e outro com 5 flores-de-lis e rosetas entre as volutas.
A peça cilíndrica apresenta-se coroada por uma peça cónica boleada encontrando-se, no cimo desta, um cata-vento em ferro.
Igreja Matriz de Penha Garcia
O templo original foi construído no século XIII por D. Dinis. A sua construção foi realizada em honra de Santa Maria, sendo posteriormente reconstruída na segunda metade do século XX.
Gruta da Lapa
A Gruta da Lapa é fantástica. Esta gruta, também conhecida como Gruta dos Morcegos, proporciona uma experiência memorável. É um espaço mágico onde o tempo parece parar.
Moinhos de rodízio
Este complexo moageiro de Penha Garcia revela-se uma atração local. Atualmente, os Moinhos de rodízio encontram-se desativados. Antigamente, as pessoas moíam o pão destes espaços localizados nas margens do rio Pônsul.
Outras atrações nas proximidades
Existem algumas aldeias históricas que não ficam muito longe de Penha Garcia e que são bons destinos para quem gosta de turismo rural. Alguns destinos interessantes são: Alpedrinha (que se encontra a 46 km), Sortelha (que está a uma distância de 58 km) e Belmonte (que está situada a 67 km).
Piscina do açude do Pego
A praia fluvial do Pego é outra atração local que atrai muitos visitantes. Trata-se de uma piscina natural e de praia fluvial. O encantador Rio Pônsul cai numa cascata para o Açude do Pego, contribuindo assim para a formação de um lago.
Em dias de calor, nada há de melhor do que refrescar-se na Praia Fluvial do Pego. Mergulhar nestas águas é aproveitar o melhor que a Natureza tem para nos oferecer.
Coordenadas GPS: 40°02’36.7″N 7°00’52.3″W
Quer saber onde comer em Penha Garcia ou Idanha-a-Nova?
Reunimos alguns dos espaços onde pode saborear autênticas especialidades gastronómicas. Estes são restaurantes que colocam na mesa o melhor da gastronomia local.
O Raiano
Morada: Estrada Nacional 239, 6060-349 Penha Garcia – Idanha-a-Nova, Penha Garcia 6000-049 Portugal.
Contactos: +351 277 366 350.
Mais informações, aqui.
Cantinho da Laura
Morada: R. 1º de Maio 25, Penha Garcia 6060-374 Portugal
Contactos: +351 913 440 694.
Mais informações, aqui.
O Espanhol
Morada: Tapada do Sobral, lote Nº1, Idanha-a-Nova 6060-101 Portugal
Contactos: +351 277 202 902.
Mais informações, aqui.
Restaurante O Javali
Morada: Estrada Nacional 239 Penha Garcia 6060-349 Penha Garcia.
Contactos: 966 133 727
Mais informações, aqui.
O Sítio Churrasqueira, Lda.
Morada: Av. 1 de Maio 21, 6060-386 Penha Garcia
Contactos: 272 347 555
Mais informações, aqui.
Quer saber onde pode dormir em Penha Garcia ou Idanha-a-Nova?
Eis algumas sugestões de qualidade:
Casa Santa Catarina
Morada: Tv. do Chafariz 1, 6060-374 Penha Garcia
Contactos: 966 864 640
Mais informações, aqui.
Casal da Serra
Morada: R. da Paz 18, 6060-314 Penha Garcia.
Contactos: 277 366 393
Mais informações, aqui.
Quinta da Pedra Grande
Morada: Rua da Estrada, 6060-093 Monsanto, Portugal.
Contactos: 969 649 553.
Mais informações, aqui.
Monsanto GeoHotel Escola
Morada: Rua da Capela, nº 1, Monsanto – Idanha-a-Nova, 6060-091 Monsanto, Portugal
Contactos: 277 314 061.
Mais informações, aqui.
Casa dos Sequeiras
Morada: Rua do Sol Velho, 6060-091 Monsanto, Portugal
Contactos: 914 961 511.
Mais informações, aqui.
Informação útil
Posto de Turismo de Penha Garcia
Morada: Rua do Espírito Santo, n.º 13.
Contactos: 277366011.
Aberto todos os dias do ano*
Horário de verão: 10h-13h/14h-18h
Horário de inverno: 9h30-13h/14h-17h30
* à exceção do dia do feriado municipal!
Como chegar
O acesso rodoviário pode ser realizado pela A23, que permite ligar Torres Novas à Guarda,
passando por Castelo Branco, num percurso que atravessa grande parte do território, o que permite facilitar o acesso a quem se desloca a partir do Norte e do litoral do País.
O IC8 atravessa a área referente ao Geopark, permitindo fazer a ligação ao centro do País. O IP2 liga o território ao Sul.
As ligações a Espanha, especialmente a Cáceres, Salamanca e Madrid, são realizadas através do município de Idanha-a-Nova, pelas estradas nacionais nº 239 e nº 240, via Termas de Monfortinho ou Segura, respetivamente.
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