Ao longo da história, muitos foram os povos que criaram impacto, vencendo outros povos, demonstrando crueldade, poder, ganância. Em determinado período histórico, os romanos dominaram o mundo. No entanto, outros povos tiveram a oportunidade de exercer a sua influência, como os muçulmanos, os vikings, entre outros.
Há um povo que está na origem de um termo que não é sinónimo de coisa boa, muito pelo contrário. Os vândalos estão na origem do termo vandalismo. Descubra os segredos de um povo fascinante e que tiveram grande importância histórica.
Os vândalos invadiram Roma no ano de 455. Eles deixaram um rasto de destruição pela cidade romana. Relíquias históricas, monumentos e obras de arte foram pilhadas ou simplesmente arrasadas. Os vândalos tiveram o fim que se esperava de quem tanto mal espalhava: eles foram aniquilados. O protagonismo que os vândalos tiveram foi tão nefasto que o seu nome veio a tornar-se parte do vocabulário universal. Tal aconteceu treze séculos mais tarde, durante a Revolução Francesa.
Segundo o Dicionário da Infopédia, vandalismo é nome masculino que significa “devastação própria dos ataques perpetrados pelos antigos Vândalos”. O mesmo termo significa também “ato que procura deliberadamente destruir ou danificar propriedade alheia, pública ou privada, sem outro propósito que o de causar ruína”.
Vandalismo significa ainda “destruição de património que a sociedade valoriza pela sua importância cultural, histórica, etc”. No sentido figurado, vandalismo significa selvajaria. A origem do termo vem do francês vandalisme, com o mesmo sentido.
O termo vândalo é nome masculino que significa “indivíduo pertencente ao povo germânico dos Vândalos”. No sentido figurado, vândalo significa pessoa que, por maldade ou ignorância, destrói o património valorizado pela sociedade. Também no sentido figurado significa: “destruidor da propriedade alheia”; “selvagem”; “iconoclasta”.
A expressão está assim relacionada com os Vândalos. Eles surgiram por volta de 120 a.C. na região do rio Oder, atual Polónia. Esse povo começou a escrever o seu nome na história algumas centenas de anos mais tarde, num momento em que o Império Romano sofre a Crise do Terceiro Século, um momento histórico que representou um dos seus principais abalos.
Essa crise começa em 235 d.C., quando acontece o assassinato do imperador Alexandre Severo. Após esse momento, ocorre uma luta pelo poder que acaba por enfraquecer o Império romano, cujo território acaba por ficar fragilizado. Por isso, é atacado por vários povos.
Os Vândalos eram um desses povos. A Praga de Cipriano é outro acontecimento da época que torna o contexto ainda mais sensível. Tratou-se de uma epidemia (de varíola ou sarampo, provavelmente). Centenas de milhares de pessoas morreram devido à epidemia, o que levou a que o poder militar romano ficasse enfraquecido.
Devido a este contexto delicado, o Império romano balança. No entanto, não cai. Os Vândalos recebem permissão de Roma para se estabelecerem na Panónia, que era então uma mera província romana (parte do que atualmente reconhecemos como território da Hungria, Áustria e Croácia) no ano de 340, mas eles não sossegaram.
No ano de 409, os Vândalos invadiram a península ibérica. Mais tarde, em 429, invadiram o norte da África, tomando-o das mãos de Roma. Por onde passaram, deixaram a sua marca de destruição. Apesar da tentativa de recapturar o território africano, os romanos fracassaram no seu objetivo.
No ano de 442, os romanos assinaram um tratado de paz com os Vândalos. No entanto, o acordo não durou muito tempo. Ele foi rompido em 455, momento em que o imperador Valentiniano III é assassinado.
Quem assume o lugar é Petronius Maximus, que se casa com Licinia Eudoxia, a viúva de Valentiniano III. Os Vândalos entendem que esse acontecimento viola o tratado. Por isso, invadem Roma, nesse mesmo ano. Eles atacaram os aquedutos romanos. A estratégia visou cortar o fornecimento de água para a cidade.
Posteriormente, ao entrarem em Roma, roubaram e destruíram obras de arte, monumentos e edifícios históricos. O Templo de Júpiter, por exemplo, foi saqueado e despedrado. Os vândalos capturaram romanos que se tornaram seus escravos.
Segundo alguns historiadores, o Saque de Roma, apesar do episódio ser recordado como brutal, terá sido menos do que se acredita. Enquanto uns investigadores defendem que os Vândalos incendiaram a cidade relatando construções queimadas, outros defendem que tal não aconteceu. Certo é que a ocupação deste povo em Roma estendeu-se ao longo de duas semanas, tendo abandonado a cidade a 16 de junho de 455.
No ano de 533, quase oitenta anos mais tarde, o Império Bizantino (que se tratava de uma continuação do Império Romano) vingou-se. Este povo invadiu o território vândalo no norte da África.
Os Vândalos acabaram por ser aniquilados, após um ano de combate. Por isso, eles deixaram de existir, enquanto povo. Os vândalos sobreviventes desapareceram, tendo fugido para o meio das populações locais. O idioma dos vândalos foi extinto. Assim, aconteceu o fim da história de terror perpetrada pelos Vândalos.
No entanto, a sua fama voltaria a surgir um milénio mais tarde. Aconteceu num contexto em que a Revolução Francesa entrou na sua fase mais violenta. Em 1792, no chamado Reino do Terror, o governo revolucionário aprovou um decreto que ordenava a demolição de monumentos que tinham sido erguidos durante o Antigo Regime.
O padre Henri Grégoire foi contra este decreto. Este intelectual era influente na política da época. O padre escreveu um texto em que faz uma comparação entre o decreto e o comportamento que os Vândalos tiveram em Roma.
Desta forma, ficou cunhado o termo “vandalismo”. Este termo passou a designar atos de destruição do património histórico e cultural. Foi assim que a palavra vandalismo nasceu e passou a ter utilidade até aos dias de hoje.