É um tesouro para se descobrir tranquilamente. Descubra um paraíso rural escondido em Trás-os-Montes.
Os stresses com o trabalho, o trânsito, as burocracias, as idas e vindas das compras podem deixar-nos de rastos. Por isso, o corpo implora por dias de repouso. Merece um descanso, não merece?
Há diversos locais em Portugal que proporcionam todas as condições para se recuperar do desgaste que se vive na cidade. Há destinos que encantam de norte a sul do país. Existe uma aldeia tão transmontana que é perfeita para nos deixar revitalizados. Fique a conhecer as qualidades de Rio de Onor, um tesouro para se descobrir tranquilamente…
Um paraíso rural escondido em Trás-os-Montes
Localização
Esta aldeia encontra-se presente no famoso Parque Natural de Montesinho. Rio de Onor está localizada no concelho de Bragança. Esta é uma aldeia fronteiriça que apresenta um conjunto de atrações que deixam rendidos todos os que visitam este local.
Rio de Onor é atravessada pela fronteira com Espanha. Num lado, encontra-se Rio de Onor, enquanto do lado espanhol, podemos encontrar Rihonor de Castilla. É comum dizer-se que Rio de Onor é “uma aldeia, dois países”!
Reconhecimento
A aldeia de Rio de Onor é reconhecida no nosso país como um tesouro. Por isso, foi eleita uma das 7 Maravilhas de Portugal, na categoria aldeia em área protegida. Esse reconhecimento aconteceu em 2017.
Rio de Onor é uma das aldeias de Bragança mais emblemáticas, uma pérola turística presente no Parque Natural de Montesinho.
A presença ilustre
O bucolismo faz parte deste recanto do Parque Natural de Montesinho. O escritor José Saramago deteve-se por aqui.
Na sua Viagem a Portugal, revela-o. Com o calor caraterístico das gentes da montanha, os habitantes da aldeia ofereceram ao Nobel da Literatura bagaço, logo a ele, que se vê como “um organismo que repele aguardentes”. A custo, o escritor aceitou…
“Uma plaina não seria menos áspera. Há uma explosão no estômago, o viajante sorri heroicamente e repete. Talvez para reparar os estragos, a mulher abraça o pão contra o peito, tanto amor neste gesto, corta um canto e uma fatia, e é o seu olhar que pergunta: ‘Quer um bocadinho?’”
Esta alegoria espelha a essência das pessoas de Rio de Onor! José Saramago também ficou confuso quando passou por esta aldeia que se encontra muito próxima de Espanha. No seu livro Viagem a Portugal, de 1981, o escritor português descreveu a experiência:
“Afinal de contas, onde está a fronteira? Como se chama este país, aqui? Ainda é Portugal? Já é Espanha? Ou é só Rio de Onor, e nada mais do que isso?”.
A aldeia
Rio de Onor é conhecida pelas casas típicas serranas. Estas habitações feitas em xisto apresentam varandas alpendradas. As casas desta aldeia enquadram-se perfeitamente na paisagem. As habitações contribuem para a formação de um cenário verdadeiramente memorável.
Tradicionalmente, as habitações desta aldeia destacam-se por serem feitas numa construção em altura, com dois pisos. O piso superior das casas de Rio de Onor era utilizado para habitação, enquanto o piso térreo destas habitações era usado para guardar os animais e os produtos agrícolas.
Tendo em conta a disposição das casas desta aldeia, o calor dos animais vindo do piso térreo permitia aquecer o piso superior. Esta era uma estratégia comum que tornava estas casas mais confortáveis, durante os meses frios de inverno. A aldeia de Rio de Onor é atravessada pelo rio local que ajuda a tornar este espaço territorial ainda mais encantador.
As pessoas
Atualmente, nas duas aldeias (Rio de Onor e Rihonor de Castilha), há poucos habitantes. São 53 portugueses e 10 espanhóis a viver neste local. Muitos dos portugueses partilham o apelido “Preto”. Já “Prieto” é o apelido mais frequente entre espanhóis.
Estes habitantes são quase todos idosos, porque os mais jovens partiram há muito. Foram à procura de uma vida melhor. Também é possível encontrar alguns visitantes em Rio de Onor, à procura de uma experiência agradável e memorável.
As pessoas são uma mais-valia nesta aldeia, agora e no passado. O comunitarismo faz parte da identidade dos habitantes desta aldeia. Rio de Onor apresenta fortes raízes comunitárias.
Os seus habitantes são o maior património desta aldeia encantadora. Eles apresentam um coração comunitário que fascina quem visita a aldeia. Estas pessoas são generosas, partilham o seu quotidiano e fazem dele uma lição de vida e de empatia.
O Bar da Associação
Neste espaço, concentram-se alguns idosos. Este é o único café de Rio de Onor. No Bar da Associação, os habitantes encontram-se e, enquanto esgrimem argumentos a jogar às cartas, trocam dois dedos de conversa. É possível encontrar cartas espanholas, bem mais explícitas nos naipes, do que as nacionais.
A vida por aqui é tranquila. Em redor da aldeia impera a calmaria. A paisagem local transforma-se ao ritmo da sucessão das estações. O frio cortante do inverno é tão belo, quanto as tardes de canícula do verão.
A aldeia irmã
A Rihonor de Castilla é uma aldeia irmã de Rio de Onor. Esta bela aldeia espanhola encontra-se presente no condado de Senabria. A aldeia Rihonor de Castilla integra o município de Pedralba de la Pradería, na província de Zamora.
Esta aldeia permite-nos ficar a conhecer o outro lado de Rio de Onor, o lado espanhol, proporcionando uma experiência complementar. Na verdade, para os habitantes de ambas as aldeias, acaba por ser indiferente se existem ou não limites fronteiriços nos mapas.
As pessoas que habitam a aldeia Rihonor de Castilla e Rio de Ono olham para o território da mesma forma. São um único povoado.
Prova disso está no seu quotidiano. Na vida de forma comunitária, visível no moinho, no forno, na Casa do Touro (espaço que foi adaptado a espaço museológico), no culto religioso e até na partilha do único rebanho…
Dialeto
O dialeto local é outra caraterística importante que estas pessoas apresentam. Os habitantes da aldeia desenvolveram um dialeto próprio. O rionorez é um dialeto criado em conjunto com os espanhóis, devido à proximidade com a aldeia espanhola Rihonor de Castilla.
Os diálogos entre os habitantes de Rio de Onor e de Rihonor de Castilla são travados em rionorês, um dialeto descendente da língua asturo-leonesa e do período em que o limite da fronteira era algo incerto e difuso. Por tudo isso e muito mais, visitar Rio de Onor permite-nos viver uma experiência singular, verdadeiramente enriquecedora.
A Vara da Justiça
Embora formalmente Rio de Onor e Rihonor de Castilha sejam duas aldeias, ambas as aldeias se sentem como parte de algo em comum. Rio de Onor e Rihonor de Castilha vivem como uma aldeia só.
O conselho local faz a distribuição de tarefas e aplica multas, por isso as transgressões realizadas são apontadas na vara da justiça. Esta é uma tradição enraizada nesta aldeia, que se prolongou no tempo, sendo preservada na memória das suas gentes.
A Vara da Justiça pode ser vista na administração rural. Ela é exercida por dois mordomos que foram designados pelo Conselho. A Vara da Justiça tem o objetivo de garantir o cumprimento das regras estabelecidas na aldeia. Ela permite o registo da aplicação das multas, sendo frequente serem pagas em medidas de vinho ou azeite.
Forno e forja comunitários
Rio de Onor e Rihonor de Castilla partilharam o forno e a forja ao longo do tempo. Estes equipamentos encontram-se entre as duas povoações, sensivelmente.
Quem visita Rio de Onor (ou Rihonor de Castilha) tem de visitar o forno e a forja que eram partilhados pelos habitantes das duas aldeias e que representam o espírito comunitário destas pessoas.
Principais atrações
Igreja Paroquial de Guadramil / Igreja de São Vicente
A arquitetura religiosa encanta todos os que visitam esta Igreja paroquial. Este templo maneirista apresenta uma planta longitudinal simples. Esta igreja tem uma nave, existindo ainda a capela-mor, mais estreita e alta, e a sacristia no lado direito.
A Igreja Paroquial de Guadramil é forrada a xisto no exterior, apresentando uma solução muito semelhante à da Igreja Paroquial de Montesinho. A Igreja de São Vicente (como também é conhecida a Igreja Paroquial de Guadramil) está situada logo à entrada da aldeia, na margem direita do rio.
Este templo apresenta uma beleza tradicional. Apesar da Igreja Paroquial de Guadramil não se encontrar num local alto, a sua torre sineira permite que seja vista em toda a aldeia.
A Ponte Romana
Esta construção está perfeitamente integrada no meio envolvente. A ponte romana é encantadora. Esta construção torna todo a aldeia ainda mais pitoresca. A ponte tem ainda um papel importante. Permite fazer a ligação entre os dois lados da aldeia, facilitando a passagem sobre o rio Onor.
Carabelho
Uma atração de nome estranho… O “Carabelho” é uma atração incomum da aldeia de Rio de Onor. Trata-se de uma fechadura tradicional das portas, muito rudimentar, sendo feita de madeira. É possível encontrar este tipo de fechadura um pouco por todo o lado em Trás-os-Montes.
O “Carabelho” é muito comum em Rio de Onor. É quase uma regra. Nesta aldeia, há carabelhos com vários feitios. O carabelho mantém a sua utilidade na aldeia. Serve de instrumento para fechar as portas das lojas e currais.
Ao passear por Rio de Onor, é muito provável ver estas fechaduras, sobretudo nas portas dos pisos térreos. Como o “carabelho” é uma ferramenta muito fácil de abrir, só é possível ver este tipo de fechaduras em aldeias onde a confiança impera.
Casa do Touro
A denominação Casa do Touro deve-se ao facto de antigamente este ser o edifício que acolhia o touro comunitário da aldeia. Este espaço museológico foi inaugurado no final de 2018.
A Casa do Touro trata-se de um espaço merecedor de uma visita. Este local encontra-se inteiramente dedicado à história e cultura desta aldeia comunitária. Este espaço museológico recorre às novas tecnologias.
Este museu permite-nos viver uma experiência especial, dizendo-nos muito sobre esta aldeia distinta. Este museu permite-nos recuar no tempo e transporta-nos para essas realidades de outrora.
A Casa do Touro é um edifício interessante, que se encontra dividido em dois pisos. Este espaço explora diferentes temáticas estimadas na aldeia, nomeadamente o comunitarismo, que aborda ainda a regência do Conselho. Além disso, este museu recorda o touro do povo e as festas dos rapazes.
Desta forma, este espaço permite que todos os visitantes possam conhecer todos os pormenores que tornam a aldeia de Rio de Onor tão diferente de todas as outras aldeias. Por aqui, os visitantes ficam a perceber que estão perante uma aldeia singular.
Informação útil:
Horário: de quarta a domingo, das 14h00 às 18h00
Morada: Aldeia de Rio de Onor, 5300-821 Rio de Onor, Bragança.
Coordenadas GPS: 41.9386711-6.6159845
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Informação útil
Como chegar?
A aldeia de Rio de Onor encontra-se situada no extremo nordeste de Portugal, junto à fronteira com Espanha.
Tendo a cidade do Porto como referência, o melhor trajeto a realizar é seguir sempre pela A4, indo em direção a Bragança. Mais tarde, deve seguir pelas estradas EN218 e EN308. No total, são 235 km de viagem.
Posto de Turismo Municipal
Morada: Rua Abílio Beça, nº 105, 5300-011 Bragança
Contactos: 273 240 020 / [email protected]
Horário: 9h00-18h00, de segunda a domingo
Quer saber onde pode comer em Bragança?
Reunimos alguns dos espaços onde pode saborear autênticas especialidades gastronómicas. Estes são restaurantes que colocam na mesa o melhor da gastronomia local.
Restaurante O Trilho D’Onor
Morada: R. da Costa 1, 5300
Contactos: +351 273 927 035
Restaurante “O Careto”
Morada: Varge, 5300-412
“Bar da Associação”
Morada: R. da Igreja, 5300-821
Restaurante Lombada
Morada: R. das Touças, Bragança
Quer saber onde pode dormir em Bragança?
Eis algumas sugestões de qualidade:
Casa da Portela
Morada: 821, R. da Portela 7, 5300
Contactos: +351 968 239 118 / [email protected]
Casa do Rio
Morada: Rua da Lagoa, n.º 7, 5300-821 Rio de Onor, Bragança
Casa de Onor
Morada: Aldeia de Rio de Onor, Rua Central Nº 34, 5300-582 Rio de Onor
Casa da Ponte Rio de Onor
Morada: Avenida Ponte do Porto 47, 4710-730
Parque de Campismo Orbitur Rio Alto
Morada: EN 13 – Km 13, Lugar do Rio Alto, 4570-275 Póvoa de Varzim
Contactos: +351 919 982 479 / [email protected]