É visto como um dos maiores tesouros do património nacional. Conheça o Templo da Pátria que demorou 7 reinados a ser construído no Centro de Portugal.
Ao longo da história de Portugal, muitos foram os reis que contribuíram para grandes feitos. Muitos reis e rainhas desempenharam papéis importantes. Sobre estes poderosos portugueses recaíram grandes responsabilidades.
Uma pequena parte desses reis ficou associada a um monumento especial. Fique a conhecer qual foi o mosteiro que precisou de 7 reinados para ser construído.
O Templo da Pátria que demorou 7 reinados a ser construído no Centro de Portugal
Localização
O mosteiro está presente na vila da Batalha, que integra o distrito de Leiria. Inicialmente, este mosteiro serviu o propósito de albergar os frades dominicanos. No entanto, após a extinção das ordens religiosas (realizada no século XIX, no contexto da revolução liberal), o Mosteiro da Batalha acabou por ser incorporado no património nacional.
Reconhecimento
Ele foi considerado uma das sete maravilhas de Portugal, em 2016. Este mosteiro é um dos representantes portugueses que está integrado na lista de Património da Humanidade da UNESCO. O Mosteiro da Batalha ascendeu à categoria de Panteão Nacional, um facto que o tornou ainda mais importante, mais emblemático.
História
Este é um monumento fascinante que teve uma construção que se prolongou no tempo, tendo sido realizada ao longo de sete reinados. O Mosteiro da Batalha revela-se um ‘pedaço’ determinante da história do nosso país.
Mosteiro da Batalha
Atualmente, o Mosteiro da Batalha é visto pela generalidade dos portugueses como um dos maiores tesouros do património nacional. Por isso, este é um espaço que merece bem uma visita demorada, de forma a ficar a conhecer toda a sua riqueza.
Este monumento é igualmente conhecido como Mosteiro de Santa Maria da Vitória e é visto como uma das joias maiores do património de Portugal. Por isso, não se estranha que muitos o apelidem como “Templo da Pátria”. O Mosteiro da Batalha é uma obra nacional emblemática, uma obra notável.
Ele representou um grande desafio a diferentes níveis, quer de arquitetura, quer de engenharia. O Mosteiro da Batalha apresenta-nos diferentes estilos. Entre eles, estão o gótico e o manuelino.
A origem
O mosteiro foi mandado erguer pelo rei D. João I. A sua origem deve-se a uma sensação de gratidão, sendo construído como agradecimento pela vitória dos portugueses sobre o castelhanos, mais precisamente, na Batalha de Aljubarrota.
É necessário recuar vários séculos para se chegar ao início da construção, uma vez que ele foi realizado no século XIV, mais precisamente nos anos de 1383-85. Nessa época, ocorria uma crise dinástica. Esta crise chegou a colocar a independência nacional em real perigo.
Esse contexto levou a uma escalada de tensão com os castelhanos e o conflito armado tornou-se inevitável. No entanto, a sua construção prolongou-se no tempo. A construção deste monumento atravessou cerca de dois séculos. Por isso, foi realizada ao longo de sete reinados em Portugal.
D. Pedro
D. Pedro I foi sucedido no trono pelo seu filho, D. Fernando, que acabaria por morrer sem deixar herdeiro varão. Ora, foi esse facto que levou à crise sucessória, uma vez que a filha de D. Fernando era casada com o então rei de Castela, que aproveitou o contexto de crise dinástica para reclamar o trono português.
D. João I
O Mestre de Avis era o filho ilegítimo do rei D. Pedro I. A sua mãe era Teresa Lourenço, uma amante do monarca. D. Pedro ficou mais conhecido pelo relacionamento trágico com Inês de Castro, que foi assassinada a pedido do então rei de Portugal, D. Afonso IV.
Tendo em conta que havia o perigo do país ficar na mão do rei de Castela, os nobres portugueses ficaram do lado de João. O filho bastardo do Rei D. Pedro I seria aclamado rei nas Cortes de Coimbra. No entanto, os castelhanos não desistiram…
Luta pelo trono
Os castelhanos entraram no nosso país. Eles apresentavam um exército muito mais numeroso. No entanto, apesar do seu poderio, os castelhanos acabariam derrotados na Batalha de Aljubarrota.
Ora, a galhardia dos soldados portugueses fez-se sentir e os castelhanos saíram vergados. A mestria militar de D. Nuno Álvares Pereira foi revelada. Tratava-se de um dos homens de maior confiança de D. João I.
Posteriormente, D. Nuno Álvares Pereira ficou conhecido como o “Condestável”. Nesta Batalha de Aljubarrota, os castelhanos levaram tantas que até uma padeira ficou na história…
Projeto inicial
D. João I mandou erguer o Mosteiro da Batalha. Fê-lo com o propósito de agradecer a proteção divina que sentiu que Portugal teve no combate contra os castelhanos. As obras deste mosteiro começarem em 1386.
O projeto inicial era bem distinto do monumento que se pode observar atualmente. Ele apresentava a igreja, além do claustro e das dependências monásticas, por isso revelava ter uma organização semelhante à adotada no Mosteiro de Alcobaça.
Duração e mudanças
No entanto, tendo em conta a longevidade da sua construção, houve diferentes reis que foram adicionando novos espaços, sendo que houve uns contributos maiores do que outros.
D. João I
Nasceu: 11.04.1357 (Lisboa).
Faleceu: 14.08.1433 (Batalha).
Cognome: “O de Boa Memória”.
Filiação: D. Pedro I e D. Teresa Lourenço.
União: D. Filipa de Lencastre.
Reinou: 1385-1433.
- Como se viu, o Mosteiro da Batalha teve o seu início realizado por D. João I. O rei até mandou erguer a capela do Fundador.
D. Duarte
Nasceu: 31.10.1391 (Viseu).
Faleceu: 09.09.1438 (Batalha).
Cognome: “O Eloquente”.
Filiação: D. João I e D. Filipa de Lencastre.
União: D. Leonor de Aragão.
Reinou: 1433-1438.
- Posteriormente, o rei D. Duarte mandou erguer no espaço a rotunda funerária, conhecida como Capelas Imperfeitas.
D. Afonso V
Nasceu: 15.01.1432 (Sintra).
Faleceu: 28.08.1481 (Sintra).
Cognome: “O Africano”.
Filiação: D. Duarte e D. Leonor de Aragão.
União: D. Isabel de Lencastre.
Reinou: 1438-1481.
- Afonso V foi responsável pela construção do claustro menor e dependências adjacentes.
D. João II
Nasceu: 03.05.1455 (Lisboa).
Faleceu: 25.10.1495.
Cognome: “O Príncipe Perfeito”.
Filiação: D. Afonso V e D. Isabel de Lencastre.
União: D. Leonor de Viseu.
Reinou: 1481-1495.
- Aparentemente, por parte de D. João II, houve desinteresse.
D. Manuel I
Nasceu: 31.05.1469 (Alcochete).
Faleceu: 13.12.1521 (Belém).
Cognome: “O Venturoso”.
Filiação: D. Fernando e D. Beatriz.
União: D. Isabel e D. Maria de Castela e D. Leonor.
Reinou: 1495-1521.
- O rei D. Manuel I ordenou mais uma intervenção no Mosteiro da Batalha, que voltaria a receber os favores reais até 1516 ou 1517. No entanto, o monarca iria priorizar a edificação do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
- A última grande intervenção realizada no Mosteiro da Batalha acontece no século XIX. A intervenção no monumento acontece sob a orientação de Luís Mouzinho de Albuquerque.
O projeto para restaurar o mosteiro esteve sob a direção de Luís Mouzinho de Albuquerque, segundo a traça de Thomas Pitt, viajante inglês que se encontrava em Portugal nos fins do século XVIII.
Panteão Nacional
O Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha, passou a ter o estatuto de Panteão Nacional em 2016. Este estatuto, sem prejuízo da prática do culto religioso, colocou o Mosteiro da Batalha num patamar distinto.
Nele, encontram-se sepultadas diversas personalidades relevantes para a história de Portugal, nomeadamente: o rei D. João I, a rainha D. Filipa de Lencastre e alguns dos respetivos filhos (entre eles: o infante D. Henrique, o infante D. João, a infanta D. Isabel e o infante D. Fernando).
Neste espaço, estão sepultados ainda três outros reis (são eles: D. Afonso V, D. João II, D. Duarte).
Curiosidade
No Panteão Nacional, há outra curiosidade… O Túmulo do Soldado Desconhecido de Portugal está presente na Sala do Capítulo, no Mosteiro da Batalha. Ele contém os corpos de dois soldados que morreram na Primeira Guerra Mundial. Eles foram enterrados lá a 6 de abril de 1921.
Recomendação
Por isso, o Mosteiro da Batalha é um monumento com muita história. Ter a oportunidade de fazer uma visita representa viver uma experiência enriquecedora que nos permite compreender um período fundamental da portugalidade, onde se pode ter uma lição de história imperdível.