Fique a conhecer Sebastião José de Carvalho e Melo, um dos portugueses mais importantes da história de Portugal. A sua obra é reconhecida nacional e internacionalmente.
Portugal é um país que conta com quase 900 anos de História, um número que é revelador da antiguidade deste país que chegou a tornar-se dos mais poderosos do planeta. Embora atualmente esteja longe de ter essa importância, no passado foi notória a sua influência.
Ao longo da sucessão de séculos, foram vários os portugueses a colocarem o seu nome na lista de figuras emblemáticas do país. Uma delas está ligada a um dos acontecimentos mais marcantes da história do nosso país, o catastrófico terramoto de 1755, o Marquês de Pombal.
Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal e Conde de Oeiras
Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782)
O nome completo desta figura incontornável da história de Portugal é desconhecido por muitos portugueses. Sebastião José de Carvalho e Melo nasceu no dia 13 de maio de 1699, em Lisboa. Muitos desconhecem o verdadeiro nome da pessoa que ficou conhecida como o Marquês de Pombal. Desta forma, já todos reconhecem a personalidade que teve um papel importante na nossa História.
Sebastião José de Carvalho e Melo foi um elemento de uma família da baixa aristocracia. Sebastião José de Carvalho e Melo teve como pai Manuel de Carvalho e Ataíde, que foi capitão de Cavalaria e fidalgo da Casa Real. A mãe de Sebastião José de Carvalho e Melo foi D. Teresa Luísa de Mendonça e Mello. O batizado de Sebastião José de Carvalho e Melo realizou-se no dia 6 de junho na freguesia de Nossa Senhora das Mercês.
Percurso
Sebastião José de Carvalho e Melo frequentou o 1º ano jurídico na Universidade de Coimbra. No entanto, ele acabou por abandonar, de forma a poder dedicar-se à carreira de armas. Um pouco mais tarde, veio a pedir a demissão devido à sua inconstância e à desobediência militar.
Posteriormente, Sebastião José de Carvalho e Melo dedicou-se ao estudo da história, da política e da legislação. No ano de 1733, ele foi nomeado sócio da Academia Real de História, um acontecimento que surgiu devido à influência do cardeal Mota, ministro e valido do rei D. João V.
O amor
D. Teresa de Noronha e Sebastião José de Carvalho e Melo apaixonaram-se e casaram-se em 1723. D. Teresa de Noronha era viúva de António de Mendonça Furtado e não tinha filhos. Ela era dama aristocrata, sobrinha do conde dos Arcos e dama da Rainha D. Maria Ana de Áustria.
Estava em Inglaterra quando soube que a sua mulher faleceu, em Lisboa, no dia 6 de fevereiro 1739, aos 51 anos.
A ligação a Pombal
Terá sido no ano de 1724 que surgiu a ligação de Sebastião José de Carvalho e Melo a Pombal, após ter ficado a viver na casa do seu tio, o arcipreste Paulo de Carvalho e Ataíde. Este homem era proprietário da Quinta da Gramela. No ano de 1737, ele herdou a Quinta da Gramela, após o falecimento do seu tio.
A carreira
Sebastião José de Carvalho e Melo começou em 1738 a sua carreira ao serviço do Estado, mais precisamente em Londres, local para o qual foi enviado com a missão de colocar termo aos litígios de comércio entre Portugal e Inglaterra.
Posteriormente, em 1743, foi enviado para Viena de Áustria. Nesse momento, assumiu a missão de mediar o conflito diplomático entre a Coroa austríaca e o Papa.
O segundo amor
Durante a sua estadia em Viena, Sebastião José de Carvalho e Melo conheceu D. Maria Leonor Ernestina Eva Josefa, a Condessa de Daun, que pertencia à alta nobreza austríaca. Sebastião José de Carvalho e Melo estava já viúvo, quando encontrou a mulher com quem viria a casar.
Ele casou com D. Maria Leonor Ernestina Eva Josefa no dia 18 de dezembro de 1745, em segundas núpcias. Foi com esta mulher que viria a ter sete filhos. Os filhos do casal foram:
- D. Teresa Violante Josefa Maria Eva Judite de Daun (1746 – 1823);
- D. Henrique José Maria Adão Crisóstomo de Carvalho e Melo, 2º marquês de Pombal (1748 – 1812);
- D. Leonor Joana Maria Eva de Daun (1749 – 1754); D. Maria Francisca Xavier Eva Anselma de Carvalho e Daun (1751-1815);
- D. Mariana Xavier Ema Manuel de Daun (1753 – 1754);
- D. José Francisco Xavier Maria Adão Macário de Carvalho Melo e Daun, 3º marquês de Pombal (1754 – 1821);
- D. Maria Amália Eva de Carvalho e Daun (1757 – 1812).
Obra como Secretário de Estado
D. José I assumiu o trono na sequência da morte do rei D. João V. No ano de 1750, Sebastião José de Carvalho e Melo foi nomeado Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra. Enquanto ministro, ele fez obra, extinguiu privilégios ao clero e à nobreza e também retirou poderes dispersos na sociedade, centralizando-os na coroa.
O terramoto de 1755
O terramoto de 1755, um dos acontecimentos históricos mais marcantes, ocorreu no dia 1 de novembro. Após este momento, seguiu-se um novo abalo. Posteriormente, houve um maremoto. Este momento histórico levou à destruição de grande parte de Lisboa.
Neste contexto difícil, Sebastião José de Carvalho e Melo assumiu as rédeas da situação e medidas notáveis que permitiram restabelecer a normalidade possível. Uma frase sua ficou célebre e ficou para a história pela sua profundidade:
“Agora há que enterrar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos”.
A reconstrução de Lisboa
A reconstrução da cidade de Lisboa revelou-se um trabalho notável de Sebastião José de Carvalho e Melo. Este acontecimento revelou-se uma obra-prima do planeamento urbanístico que se tornou um marco para Portugal, garantindo reconhecimento nacional e internacional.
O trabalho foi realizado com o máximo profissionalismo, de forma ordenada e organizada. Foram criadas grandes praças. Foram criadas avenidas que se distinguiram por serem largas e retilíneas. As técnicas construtivas foram das mais inovadoras, apresentando-se agora resistentes aos terramotos e incêndios. Desta forma, foi criada a “gaiola pombalina”.
Outras obras
Sebastião José de Carvalho e Melo colocou em prática várias reformas. O seu trabalho não se cingiu à nova baixa pombalina. Este estadista foi um déspota esclarecido. A sua obra foi visível em várias áreas. O seu interesse dispersou-se por diferentes vertentes, pela administração, finanças, indústria, comércio, economia, agricultura, ensino e defesa.
No domínio da administração pública, Sebastião José de Carvalho e Melo destacou-se por ter criado instituições que visaram reforçar o aparelho do Estado. A Intendência Geral da Polícia serve de exemplo. Tinha como escopo manter e zelar pela segurança e tranquilidade pública. O Erário Régio é outro exemplo de uma medida tomada por Sebastião José de Carvalho e Melo. Tratava-se de um cargo semelhante ao do Ministério das Finanças.
Agricultura
A área da agricultura também foi do interesse do homem que ficou conhecido como Marquês de Pombal. Ele conseguiu implementar medidas de proteção agrícola. Sebastião José de Carvalho e Melo fomentou uma política de intercâmbio regional de cereais. Ele também colocou termo ao parcelamento das terras a que se procedia ao longo das gerações.
Sebastião José de Carvalho e Melo tinha como objetivo assegurar a independência nacional, por isso promoveu uma série de medidas protecionistas que visaram relançar a produção. Ele projetou a criação e a renovação de várias manufaturas distribuídas por Portugal.
Comércio
A Real Fábrica de Chapéus de Pombal foi criada por alvará a 24 de março de 1759. Trata-se da primeira fábrica de chapéus finos do reino. Esta fábrica operava na Quinta da Gramela.
Sebastião José de Carvalho e Melo tinha o objetivo de proteger os comerciantes e os burgueses, por isso ele criou várias companhias comerciais por todo o país. A Companhia do Grão-Pará e Maranhão e a Junta do Comércio foram criadas em 1755.
Ensino
Sebastião José de Carvalho e Melo iniciou a reforma do ensino na sequência da expulsão da Companhia de Jesus, em 1759, espaço temporal em que todos os bens da instituição foram confiscados.
Pela primeira vez em Portugal, foram criadas escolas laicas. No ano de 1768, Sebastião José de Carvalho e Melo criou a Junta da Providência Literária. O seu objetivo era perceber as causas da decadência do ensino universitário. Nesse tempo, registava-se uma diminuição drástica no número de alunos.
O processo dos Távoras
O Processo dos Távoras é o caso judicial mais famoso de sempre de Portugal. Foi um acontecimento polémico e permanece a suscitar debate entre os historiadores. No dia 3 de setembro de 1758, foi instaurado um processo de investigação para apurar o nome das pessoas implicadas na tentativa de regicídio. Apesar de ter havido outros envolvidos no atentado, estavam membros da família Távora na lista de elementos que foram acusados de conspiração.
No dia 13 de janeiro de 1759, esses elementos foram sentenciados. Posteriormente, foram executados na Praça de Belém, publicamente! A execução pública teve lugar num descampado perto da torre de Belém. Foram executados vários elementos da alta nobreza. Entre eles, estavam o duque de Aveiro e o marquês de Távora, entre outros elementos da sua família.
Antes de serem decapitados, os elementos julgados foram sujeitos a tortura, suplício e humilhação públicas. Após serem decapitados, os seus corpos foram reduzidos a cinzas. As acusações foram dadas como provadas. Tratava-se de um crime de lesa-majestade, por isso a sentença foi particularmente severa e cruel.
O rei D. José e a corte assistiram ao acontecimento. Sebastião de José Carvalho e Melo mostrou o seu apoio à decisão do rei, por isso defendeu que a condenação dos culpados tinha de ser severa. Ficou assim ligado ao processo de Execução dos Távoras. Todos os bens dos elementos executados foram confiscados. O palácio do Conde de Aveiro foi demolido. Além disso, o nome e o brasão dos Távoras foram apagados da história.
O título de Marquês de Pombal
Sebastião de José Carvalho e Melo é reconhecido pela sua obra em 1759, ano em que recebeu o título de 1º Conde de Oeiras e senhorio de juro e herdade da vila de Pombal. Uma década mais tarde, foi reconhecido novamente pelo trabalho público realizado e pela sua dedicação ao Rei. Nesse momento, foi atribuído a Sebastião de José Carvalho e Melo um segundo título, o de 1º Marquês de Pombal!
Construções
No ano de 1776, já enquanto senhor de Pombal, Sebastião de José Carvalho e Melo mandou construir na Praça da vila os edifícios da Cadeia e Celeiro, espaço onde é possível vislumbrar a cobertura de madeira que suporta o telhado, no interior do 1.º Piso.
A cobertura faz lembrar o casco de um navio. A técnica de construção antissísmica de estrutura em gaiola, usada na baixa de Lisboa, é utilizada neste edifício. O Celeiro é um edifício pombalino que serviu para armazenar os cereais que vinham da sua quinta, a Quinta da Gramela. Ele está classificado como Imóvel de Interesse Público.
No entanto, o edifício foi remodelado pela Câmara Municipal de Pombal, posteriormente. Neste projeto do Arquiteto Reis de Figueiredo, foram recuperadas as salas do rés do chão. Estas salas foram adaptadas ao projeto museológico do Museu de Arte Popular, que se encontra dedicado ao Artesanato.
A queda política
O Processo dos Távoras não é algo consensual. Foi polémico devido à imposição da submissão da nobreza aos projetos de centralização que concederam poder ao Marquês de Pombal. O que inicialmente representou um passo importante na trajetória de Sebastião de José Carvalho e Melo na consolidação do poder absoluto (a expulsão da Companhia de Jesus também foi importante), iria ter consequências.
No entanto, estes efeitos só duraram enquanto reinou D. José. A queda política do Marquês de Pombal surgiu pouco depois da morte do rei. Após o falecimento de D. José, em 1777, o ministro caiu em desgraça. O ressentimento contra o Marquês de Pombal era pesado e estava a ser acumulado ao longo de anos.
A rainha D. Maria I reabilitou o nome da família dos Távoras, após subir ao trono. Antes disso, ela já se tinha manifestado contra o Processo dos Távoras. Após assumir o poder até libertou elementos da família que ainda se encontravam em cativeiro.
A queda
Sebastião de José Carvalho e Melo fica gravemente doente enquanto enfrenta a vingança dos seus adversários políticos. O Marquês de Pombal chegou a solicitar a D. Maria I que lhe permitisse abandonar as funções que desempenhava e que também pretendia que a rainha o autorizasse a partir para Pombal, espaço onde se instalou numa casa na Praça, junto à Igreja Matriz.
Sebastião de José Carvalho e Melo foi posteriormente acusado de fraude, roubo e abuso de poder. Foi instaurado um processo judicial ao Marquês de Pombal. Em 1781, foi proferida a sentença da Rainha: Sebastião de José Carvalho e Melo foi considerado culpado das acusações e foi condenado ao afastamento da corte.
A morte e o corpo
A morte aconteceu quase um ano depois. Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal e Conde de Oeiras, morreu no dia 8 de maio de 1782, na casa onde residia em Pombal. Os restos mortais do Marquês de Pombal permaneceram na Igreja de Nossa Senhora do Cardal até ao ano de 1856, ano em que foi feita a trasladação para a Igreja das Mercês, em Lisboa. No entanto, em 1923, o corpo foi trasladado para a Igreja da Memória.
Reconhecimento
O seu nome ficou para a história. Foi um ministro muito importante do rei D. José I. O notável trabalho na reconstrução de Lisboa, após o terramoto de 1755, encontra-se entre as suas maiores obras. O tenebroso processo dos Távoras também foi um acontecimento marcante, que lhe multiplicou o número de inimigos.
O monumento de homenagem ao Marquês de Pombal foi inaugurado em maio de 1907, em Pombal. Encontra-se sobre uma base em calcário, uma peça desenhada pelo arquiteto Ernesto Korrodi. O escultor Fernandes de Sá é o autor do busto do Marquês de Pombal, feito em bronze.
Museu Marquês de Pombal
Este espaço encontra-se presenta na antiga Cadeia Velha de Pombal. O Marquês de Pombal mandou construir este edifício em 1776. O antiquário Manuel Gameiro está na origem do Museu Marquês de Pombal. O pombalense realizou um trabalho de pesquisa, recolha e seleção de conteúdos relevantes.
Manuel Gameiro recolheu conteúdos ao longo de 25 anos. A dedicação e persistência do colecionador levou a que conseguisse reunir um valioso conjunto de peças que apresentam um grande valor histórico e artístico.
O acervo do Museu revela muito da vida e obra de Sebastião José de Carvalho e Melo. Além disso, também se centra na História nacional e local do séc. XVIII. Por isso, este museu pretende divulgar esta época histórica.
Informação Útil
Morada: Edifício da Cadeia Velha, na Praça Marquês de Pombal | 3100-449 Pombal.
Localização GPS: N 39º 54’ 50.43’’ W 08º 37’ 39.62’’
Contactos: 236 210 564 / [email protected]
Entrada: Gratuita
Horários de Funcionamento
De terça a domingo: das 10h00 às 13H00 e das 14h00 às 18h00.
Este museu está encerrado nos seguintes dias: 2ª feira e feriados de 1 de janeiro, domingo de Páscoa, 1 de maio e 25 de dezembro.
Rota Pombalina
O Marquês de Pombal não era natural de Pombal, mas foi muito importante esta terra onde viveu e morreu. É possível fazer um percurso que permite conhecer melhor a época do Marquês.
Neste percurso pedestre feito pela cidade de Pombal, todos os participantes podem ficar a conhecer bem o património local ligado a Sebastião José de Carvalho e Melo. Este percurso pode ser descoberto livremente, em visita guiada ou em peddy paper, onde são concedidas pistas através de figuras vestidas à moda da época em que o Marquês de Pombal era figura nacional de relevo.
Informações:
Visita guiadas e peddy paper (só são realizadas por marcação)
Contactos: 236 210564 | museu @cm-pombal.pt
Horário: terça a domingo, das 10h00 às 13H00 e das 14h00 às 18H00.