Os traços do abandono da aldeia de Safira são visíveis. A passagem do tempo e o domínio da natureza estão presentes em cada metro quadrado.
O turismo pode ser muito distinto. O enriquecimento decorrente das viagens pode ser obtido de diferentes formas. Uma delas está na exploração dos locais através de caminhadas, fazendo com que os mais aventureiros explorem locais desconhecidos, pouco conhecidos ou simplesmente abandonados.
É o que acontece com uma aldeia abandonada em pleno Alentejo. Quer saber mais sobre esta aldeia que fascina diversos apreciadores de caminhadas?
Safira, uma aldeia alentejana que não existe
Localização
A aldeia de Santa Maria de Safira ou simplesmente aldeia de Safira encontra-se abandonada. Esta aldeia está presente em pleno Alentejo, no concelho de Montemor-o-Novo, mais precisamente na freguesia das Silveiras.
Esta aldeia não resistiu ao evoluir dos tempos e as pessoas abandonaram o local. Atualmente, a aldeia está parcialmente destruída e apenas se encontram ruínas. Como foi abandonada, a Natureza decidiu a assumir o seu posto.
O abandono
No meio de um vasto Alentejo, encontra-se Safira que é hoje um pedaço de terra perdida e esquecida por quase todos (menos pelos mais aventureiros e curiosos). A aldeia de Safira está desabitada desde 1930. A aldeia ficou totalmente abandonada desde 1965.
Atualmente, a aldeia encontra-se em ruínas. Apenas restam destroços. No entanto, não faltam vestígios que nos fazem constatar que outrora se tratou de um local próspero e cheio de vida.
As razões para o abandono
Esta é uma aldeia abandonada, sem qualquer habitante. Este foi uma consequência natural do progresso. Segundo os historiadores, terá acontecido nesta aldeia o que sucedeu em muitas outras. A aldeia esteve destinada a este fim pela falta de condições que apresentava.
O abandono surgiu devido à necessidade de se encontrarem melhores condições de vida, enquanto os jovens foram à procura de oportunidades para a construção de um futuro melhor. Outras pessoas envelheceram e foram desaparecendo. Foi e é a realidade de muitas aldeias presentes de norte a sul do país.
Nobreza
Safira foi uma aldeia singela e modesta. Chegou a ser uma zona de título de nobreza. Augusto Dâmaso Miguens da Silva Ramalho da Costa serve de exemplo disso mesmo. Este homem foi um grande proprietário em Montemor-o-Novo, espaço onde Augusto exerceu o cargo de Presidente da Câmara local.
Foi a 30 de abril de 1886, por altura do decreto do Rei D. Luís, que Augusto recebeu o título de Visconde. Posteriormente, Augusto Dâmaso foi ainda elevado a Conde. O homem faleceu no dia 3 de fevereiro de 1945, deixando assim de haver este título.
Atrações locais
Atualmente, a aldeia que se encontra num sítio bastante isolado é procurada pelos aventureiros que valorizam o estado em que a aldeia se encontra e que procuram conhecer mais sobre a sua história.
Apesar de apenas restarem escombros e ruínas de algumas casas, a aldeia de Safira não deixa de ser procurada. Além das casas, há ainda a igreja e o cemitério, como elementos curiosos de Safira. O lago presente nas proximidades é outra atração local.
Assim, a Natureza é outra atração do local. Ela domou por completo as ruínas da aldeia. Apesar de estar abandonada, de não existirem habitantes na aldeia, é possível ver “moradores”. Entre eles, destaca-se a quantidade de pássaros, que é impressionante. Também não faltam flores em Safira.
O ex-libris
A grande atração da aldeia foi a igreja de Nossa Senhora da Natividade de Safira, ex-libris da época e da atualidade. Embora, atualmente, apenas restem a fachada e as paredes deste templo.
O edifício foi mandado construir no séc. XVI, no bispado do Infante Cardeal D. Afonso, filho de D. Manuel I e Bispo de Évora e de Lisboa. A Igreja ficou muito danificada na sequência do terramoto de 1775. Esse momento poderá ter sido o início da decadência da região.
Documento histórico sobre a igreja
Existe um documento histórico onde podem ser lidas palavras que revelam muito sobre a aldeia. É referida a prática de atividade religiosa na aldeia. É feita a referência à existência de um templo e das suas alfaias.
No documento, é referida a atividade agrícola e de pastorícia. Além disso, no documento também são referidos os estragos registados na aldeia que foram resultado do terramoto de 1755.
No referido documento, surge a informação: “uma racha no arco da Capela-mor, outra na parede lateral direita e alguns prejuízos no campanário e no sino”.
Referência histórica sobre Safira
O padre Thomás de Vasconcelos Camello, num documento de 1768, ajuda-nos a perceber um pouco mais da aldeia. Na época, Thomás era pároco da Igreja de Nossa Senhora de Safira.
No documento, há uma referência que indica as condições da freguesia. Ele refere que existiam “57 propriedades, e nelas se incluem 120 fogos onde residem 578 pessoas. No alto de uma charneca estão edificadas a igreja e as casas do padre e do sacristão”.
Existem também indícios da existência de uma fábrica de cal e de uma mina de arsénio na Herdade Gouveia de Baixo, além de existirem indícios de uma mina de cobre e ferro na Herdade da Caeira.
Como chegar
Se desejar visitar a aldeia de Safira ou o que ainda resta, convém ficar a conhecer que ainda existe uma placa toponímica que se encontra bem visível na EN4. Após seguir a indicação, irá passar por uma estrada alcatroada sendo, depois, confirmada a presença dos destroços. São eles que dão as boas-vindas aos visitantes do espaço.
Vídeo de: Portugal do Ar
O que visitar nas proximidades?
Castelo de Montemor-o-Novo
O Castelo é uma atração imperdível na região. O Castelo de Montemor-o-Novo terá sido construído sob as ruínas de um povoado muçulmano. Esta construção permitiu ter uma fortificação que fez a defesa da região ao longo dos séculos, nomeadamente durante a Guerra da Restauração contra Castela. Também serviu para defender o reino, durante as invasões francesas.
O Museu de Arqueologia
Este espaço encontra-se no Convento de São Domingos. Entre os seus destaques, está o conjunto de azulejos do século XVII. No entanto, o museu apresenta ainda um espólio arqueológico importante, com peças que vão do Paleolítico até à Idade Média.
Morada: Convento de São Domingos
Largo Prof. Dr. Banha de Andrade
7050-111 Montemor-o-Novo
Contactos: +351 266 877 010 | +351 936 768 744 / [email protected]
Mais informações, aqui.
As Grutas do Escoural
Elas foram descobertas em 1963. Foram os trabalhadores de uma pedreira de mármore que descobriram a Gruta do Escoural num momento em que laboravam no local.
A gruta apresenta um espólio arqueológico que confirma uma ocupação humana com mais de 50 mil anos. Neste espaço, destacam-se as pinturas rupestres.
Centro Interpretativo da Gruta do Escoural
Morada: Rua Dr. Magalhães de Lima, 48; 7050-555 Santiago do Escoural
Contactos: 266 857 000 / 266 769 800
Horário de verão: das 09h30 às 13h e das 14h30m às 18h.
Horário de inverno: das 09h às 13h e das 14h às 17h.
Nota: Por razões de segurança e conservação, as visitas ao local estão sujeitas a diversas restrições e condicionantes. As visitas à Gruta do Escoural só são realizadas mediante marcação, que deve ser feita com uma antecedência igual ou superior a 24 horas, no Centro Interpretativo do Escoural!