Os portugueses conquistaram Madrid sob o comando de Marquês das Minas e um exército composto por 19.000 soldados. Fique a saber mais sobre o que aconteceu.
Apesar do nosso país ter as fronteiras estabelecidas desde o final do século XIII, devido à assinatura do Tratado de Alcanizes, a 28 de junho de 1706, um exército composto por quase 15000 portugueses e por mais de 4000 anglo-holandeses, comandado pelo 2º Marquês das Minas, Dom António Luís de Sousa, invadiu Madrid. O que aconteceu depois? Fique a saber.
Quando os portugueses conquistaram Madrid em 1706
A campanha envolveu 500 kms de percurso e 3 meses de operações, durante os quais foram feitos cerca de 8000 prisioneiros e reunidas mais de uma centena de peças de artilharia por terras espanholas.
O contexto era favorável ao lado luso, uma vez que em Espanha se vivia a Guerra da Sucessão (1701 – 1714).
A Guerra da Sucessão Espanhola
O príncipe-eleitor da Baviera, José Fernando da Baviera, foi escolhido para suceder ao seu tio-avô, o rei Carlos II de Espanha, que havia falecido e não tinha filhos.
Porém, José Fernando da Baviera acabou por falecer ainda criança, passando Filipe V, neto de Luís XIV de França, a estar na linha de sucessão ao trono espanhol. No entanto, os outros países não viam tal com bons olhos, já que assim a Casa de Bourbon passaria a dominar França e Espanha, duas importantes potências.
Por isso, o imperador romano-germânico Leopoldo I, familiar de Carlos II, tentou impedir a ascensão de Filipe V ao trono espanhol, iniciando assim um conflito.
Todos contra os Bourbon
Embora Portugal não estivesse, originalmente, envolvido neste conflito, a sua aliança com Inglaterra fez com que o nosso país se juntasse a ingleses e a germânicos no sentido de impedir a subida de um Bourbon ao trono espanhol.
Assim, D. Pedro II de Portugal anulou, em 1702, o tratado que tinha com França prometendo-lhe apoio militar, em caso de ameaça.
Nesse momento, Portugal passa a apoiar o arquiduque Carlos, filho de Leopoldo I, como rei de Espanha, e entra no conflito, gozando de uma localização privilegiada que o tornou na base de operações dos aliados, onde se preparou o combate contra as forças franco-espanholas, comandadas pelo Duque de Berwick.
A invasão de Espanha
É neste contexto que ocorre a conquista de Madrid. O primeiro ponto de ataque foi a Ciudad Rodrigo, mas a invasão não foi bem-sucedida, sendo necessário recuar.
Depois, António Luís de Sousa, marquês das Minas, decidiu reocupar as localidades da Beira Baixa, as quais tinham sido ocupadas pelas tropas espanholas, após Portugal se ter envolvido neste conflito.
Posteriormente, o Marquês tentou conquistar Badajoz, o que também não foi bem-sucedido. Voltou a tentar em 1706, queimando a vila de Bricas e derrotando o exército oposto. Finalmente, um mês depois, conseguiu cercar e conquistar Alcântara, detendo o governador D. Miguel Gasco, a sua guarnição e 47 peças de artilharia.
A partir daí, as conquistas somaram-se, conseguindo o exército português apoderar-se de territórios como Ciudad Rodrigo, Salamanca, Coria, Plasencia e Madrid.
A conquista de Madrid
Aquando da conquista de Madrid, o Marquês das Minas instalou-se durante mais de um mês no Paço Real, tendo poder não só sobre Madrid, como sobre Segóvia e Toledo e proclamando rei o Arquiduque Carlos.
Porém, noutras cidades espanholas, era Filipe de Anjou que era aclamado rei de Espanha, o que gerou grande confusão e fez com que o Marquês tivesse de regressar a Portugal, deixando em Madrid uma guarnição que foi rapidamente derrotada e expulsa.
Assim, Filipe de Anjou acabou por ser rei de Espanha, embora cedendo à Grã-Bretanha a ilha de Menorca, nas Baleares, e o rochedo de Gibraltar e, aos Habsburgos, os Países Baixos espanhóis.
Os tratados de Utreque
Quanto a Portugal, apenas beneficiou dos tratados de paz assinados com França e Espanha.
O primeiro Tratado de Utreque data de 1713 e determinava que Portugal ficaria com alguns territórios sul-americanos, nomeadamente na região do Amazonas.
Dois anos mais tarde, é assinado novo Tratado de Utreque, entre Portugal e Espanha, desta feita obrigando à restituição dos territórios ocupados pelas partes no decurso da guerra.
Solucionava, por exemplo, o problema da posse das colónias em litígio nas Américas, a questão da troca dos prisioneiros, as relações comerciais futuras entre os dois países, o pagamento de dívidas antigas, a revalidação dos acordos anteriores entre as duas potências e a normalização das relações diplomáticas.
O fim da guerra
O final da Guerra da Sucessão de Espanha só foi determinado em 1715, quando Filipe V, neto de Luís XIV de França, foi reconhecido como o rei oficial de Espanha. A representar o nosso país estiveram o conde de Tarouca e D. Luís da Cunha.
Todo este conflito teve como resultado o enfraquecimento dos reinos francês e espanhol e o fortalecimento do império colonial britânico.
Quem foi o Marquês das Minas?
António Luís de Sousa Telo de Meneses, 2º Marquês das Minas, foi um militar superior português. Nasceu a 6 de abril de 1644 e morreu a 25 de dezembro de 1721. Em 1664, casou com a sua prima D. Maria Madalena de Noronha.
Antes do seu envolvimento na Guerra de Sucessão de Espanha, foi promovido a governador e capitão-general do Brasil. O seu percurso militar ficou para a história e, por isso, hoje dá nome a uma rua de Lisboa, situada junto à Cascalheira, na freguesia de Campolide.