Muitos desconhecem, mas os portugueses enganaram o Papa no século passado. Quer saber o que aconteceu, não quer?
O nosso país tem uma história longa. São vários séculos de existência. Ao longo deste tempo todo, muitos foram os episódios históricos fascinantes. A religião chegou a ser um elemento bastante importante na nossa história. Atualmente, ainda há fortes raízes religiosas. O Santuário de Fátima revela-se uma prova disso mesmo.
O Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima (como é formalmente intitulado pela Igreja Católica) é um dos maiores centros Marianos do Mundo. Este é um local de peregrinação, que recorda o acontecimento fundante, as aparições de Nossa Senhora aos 3 pastorinhos. Este santuário já recebeu a visita de alguns Papas.
Há um episódio relacionado com o primeiro Papa a visitar este santuário, Paulo VI. Muitos desconhecem este facto, mas o Papa Paulo VI foi enganado no nosso país. Quer saber o que aconteceu, não quer?
Quando os portugueses enganaram o Papa com um Rolls-Royce
O Papa
O Papa Paulo VI foi o primeiro Papa a visitar Portugal, nessas funções. A primeira visita de um Papa ao nosso país foi envolta em polémica. Portugal encontrava-se num contexto de crise entre o regime e o Vaticano. O próprio Salazar chegou a jurar que o Papa não iria ao santuário de Fátima. No entanto, no fim, o regime tentou ganhar com a visita do Papa.
O carro
Na coleção do Museu do Caramulo, existe um Rolls-Royce Phantom III de 1937 que está ligado a várias histórias interessantes. O carro foi produzido de 1936 a 1939, cerca de 710 unidades. Este carro foi o último Rolls-Royce de luxo a ser fabricado antes da guerra e foi igualmente o único V-12 da marca até então.
Este carro “viveu” vários momentos relevantes antes de integrar a coleção do museu. Por exemplo, este veículo esteve colocado ao serviço da Presidência da República. Enquanto esteve nessas funções, este Rolls-Royce Phantom III de 1937 já transportou algumas das maiores figuras de estado que visitavam o nosso país.
O carro foi comprado por instrução do General Craveiro Lopes, à época Presidente da República. O militar foi Presidente da República entre 1951 e 1958. Craveiro Lopes morreu em Lisboa a 2 de setembro de 1964. Tinha 70 anos.
A compra do carro
General Craveiro Lopes era o Presidente da República quando se decide adquirir um Rolls-Royce descapotável, tendo em vista a receção da Rainha Isabel II na visita a Portugal que ela realizaria em fevereiro de 1957.
Harry Rugeroni foi enviado a Inglaterra com esse propósito, mas não conseguiu comprar o modelo desejado, em novo, por isso, optou por uma solução alternativa. Decidiu-se, assim, aproveitar o antigo Rolls-Royce, do Príncipe de Berar, que regressou a Londres, em 1950 e que tinha sido expurgado de todas as fantasias do nobre indiano.
Este exemplar tinha sido comprado pelo príncipe em 1937, após ter sido encomendado à Windovers uma carroçaria especial, tipo Cabriolet. Este veículo foi adaptado e recheado de acessórios para a caça, nomeadamente com: faróis, porta-armas, estribos e tudo o mais. Essas modificações transformaram a carroçaria, pintada de branco, num carro exótico e verdadeiramente invulgar.
Um carro ao serviço de Portugal
O carro recebeu a matrícula DD-30-92, no dia 28 de março de 1957, ficando ao serviço da Presidência da República. O Rolls-Royce Phantom III de 1937 passou a ter essa função tão importante de transportar o Presidente da República, mas também transportou outras personalidades de relevo, nomeadamente o Presidente Eisenhower e os Papas Paulo VI e João Paulo II.
O pedido
O Papa Paulo VI tinha agendada visita a Portugal. Antecipadamente, expressou aos representantes portugueses que não desejava ser transportado num Rolls-Royce. A justificação para essa decisão prendia-se com o facto de este ser um carro muito ostensivo.
O carro em questão era um veículo ligado ao luxo e essa situação não assentava muito bem às pretensões de um líder da Igreja Católica. A Sua Santidade fez valer a sua posição ao Estado Português e este não quis desiludir o Papa Paulo VI.
O engano
Apesar de existir consciência que o Rolls-Royce não se enquadrava nas pretensões do Papa, os representantes do Estado Português tiveram de recorrer ao seu engenho e criatividade. O famoso desenrascanço dos portugueses teve de vir ao de cima, por via de não existir outro automóvel para realizar este tipo de serviço.
Os representantes do Estado Português estavam obrigados a recorrer ao Rolls-Royce Phantom III, mas não queriam desiludir a Sua Santidade. Por isso, decidiram descaracterizar o automóvel procedendo à substituição do seu símbolo, tendo este sido substituído pela bandeira do Vaticano. A grelha do Rolls-Royce foi pintada de negro, nomeadamente o logótipo que se apresenta à frente do carro.
Conclusão
A visita do Papa Paulo VI foi muito curta. O Papa Paulo VI realizou a sua passagem por Portugal no Rolls-Royce Phantom III, embora desconhecendo o que os portugueses fizeram ao carro.
O Papa viajou no Rolls-Royce durante o tempo todo sem que tivesse percebido que se encontrava num carro de luxo. A estratégia dos portugueses correu bem e ficou facilitada por via do Papa não ser um especialista em automóveis.
Embora os representantes do Estado Português tenham conseguido satisfazer a vontade da sua Santidade, duvida-se muito que com essa tenham conseguido assegurar um lugar no céu…
Informação útil
Museu do Caramulo
Morada: Rua Jean Lurçat, 42 3475-031 Caramulo
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Horário:
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