Ao longo da história, foram apenas 2 os Prémios Nobel portugueses. Contudo, muitos estiveram bastante perto de o conseguir.
Existem diversos prémios no mundo, para as diferentes áreas. Os Óscares são os prémios mais reputados para a área do cinema. São organizados pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
A Bola de Ouro é o prémio mais popular para a área do futebol. Trata-se de um prémio anual organizado pela revista France Football. No entanto, essas são áreas de entretenimento e desporto. Os Prémios Nobel são seguramente os prémios de maior reputação a nível global.
Ao longo da história, doze portugueses foram nomeados para os Prémios Nobel. Contudo, apenas dois conseguiram ficar com o prémio. Os restantes dez elementos não tiveram a mesma sorte, mas merecem ser recordados. Ficam na memória.
Os Prémios Nobel portugueses e os dez que o podiam ter ganho
Os Prémios Nobel
Estes prémios receberam este nome em memória de Alfred Nobel, um químico e inventor sueco. O propósito destes prémios é enaltecer os feitos de personalidades ou organismos que se tenham destacado ao longo do ano, uma vez que o evento é realizado todos os anos.
Existem várias categorias, nomeadamente: Paz, Literatura, Física, Química, Economia, Medicina ou Fisiologia. Por isso, algumas das descobertas revolucionárias ou extraordinárias que se tenham destacado são premiadas.
Os portugueses
Ao longo da história, vários portugueses foram indicados para o galardão. No entanto, apenas dois conseguiram conquistar o prémio mais cobiçado do planeta. O Nobel é seguramente a distinção mais prestigiada do mundo para a maioria das pessoas. Ganhar um prémio Nobel representa a etapa máxima da carreira.
Fique a conhecer os portugueses que venceram o cobiçado prémio e todos os outros que estiveram próximos. São os “Quase-Nobel” de Portugal, pessoas que foram indicados, mas que viram o prémio cair noutras mãos.
O processo de seleção
Existe um processo de nomeação que se inicia todos os anos em setembro. Por essa altura, é feito o envio de cerca de 3000 convites a diversos elementos. São pessoas ilustres em diferentes áreas.
Os convites podem chegar a personalidades muito distintas. Podem ser membros de academias a professores universitários, de cientistas a anteriores laureados. Vários membros de assembleias parlamentares de diversos países também recebem esses convites.
Secretismo
O processo é rigoroso. Os candidatos que os convidados sugeriram são analisados e são posteriormente selecionados, criando-se uma lista reduzida de 250 a 300 nomes. O processo é feito com grande secretismo.
Nenhum potencial Nobel é informado de que o seu nome está a ser considerado para o prémio. Aliás, o nome dos indicados só é divulgado ao fim de 50 anos. Por isso, é possível que existam outros nomes portugueses a terem sido nomeados até agora, mas que ainda não se saiba dessa informação.
A votação
A lista de candidatos para cada categoria é enviada para a respetiva instituição responsável por selecionar os vencedores dessa categoria especifica. Ao Parlamento Norueguês cabe a responsabilidade de definir o Nobel da Paz. A Academia Sueca de Letras fica responsável pode definir o Nobel da Literatura. Os prémios Nobel da Física, Química e Economia são escolhidos pela Academia Real de Ciências da Suécia. O Nobel da Medicina fica ao cargo do Instituto Real Médico-Cirúrgico de Karolinska.
Após a votação em busca da maioria, os membros das instituições reúnem-se de forma a escolherem o laureado (ou laureados) destinado a cada categoria. A decisão é anunciada no imediato, logo após a votação. Existe um limite máximo de três laureados para vencedores de um determinado prémio Nobel.
O prémio: medalha!
Aos vencedores do Prémio Nobel é oferecida uma medalha. Esta medalha apresenta o perfil de Alfred Nobel gravado, apresentando ainda os detalhes de nascimento e falecimento desta personalidade. A medalha é cunhada pela Casa da Moeda da Noruega e pela empresa sueca Mynverket.
As diferenças entre medalhas
Do outro lado da medalha, existe uma inscrição em latim Inventas vitam juvat excoluisse per artes (numa tradução livre, significa qualquer coisa como: “Descoberto para ajudar a melhorar o conhecimento”).
Existe ainda um símbolo que varia consoante a categoria do prémio (Paz, Literatura, Física, Química, Economia, Medicina ou Fisiologia). A única exceção é o Prémio Nobel da Paz, esta medalha apresenta um desenho semelhante, também tem o perfil Nobel de um lado. No entanto, do outro da medalha, surge a inscrição Pro Rhythm et fraternitate gentium (numa tradução livre, significa qualquer coisa como: “Pelo ritmo e pela irmandade das nações”). Destaca-se ainda a medalha do Prémio de Economia que não tem qualquer inscrição.
O valor oferecido
Além da medalha, os vencedores do Prémio Nobel também recebem um diploma oficial. Outro prémio que é concedido aos vencedores é variável. Trata-se de um incentivo económico que pode variar consoante a receita da Fundação Nobel do ano em que premeia.
Por exemplo, no ano de 2013, o montante foi superior a 10 milhões de coroas suecas, o que significa que o valor superou a quantia de um milhão de euros. No caso de existir mais do que um vencedor, a quantia é dividida em valores iguais.
Os Nobel portugueses
Egas Moniz
O nome completo deste médico neurologista é António Caetano de Abreu Freire Moniz. Este português nasceu em 1874, em Avanca, freguesia que integra o concelho de Estarreja.
Egas Moniz foi o primeiro português a vencer o prémio Nobel. Ele foi laureado com o Prémio Nobel da Medicina em 1949. Antes de ganhar, Egas Moniz já tinha sido indicado quatro vezes para a categoria.
Nesse ano, Egas Moniz partilhou o Nobel da Medicina com Walter Rudolf Hess, um fisiologista suíço com quem o português chegou a desenvolver trabalhos no ano que antecedeu o prémio.
Muitos pensam que Egas Moniz venceu o Prémio Nobel devido à polémica invenção da lobotomia. No entanto, não foi bem assim. Egas Moniz e Walter Rudolf Hess desenvolveram a técnica da leucotomia pré-frontal. Tratava-se de uma cirurgia que consistia na remoção da matéria branca que faz a união dos dois lobos frontais do cérebro.
O tratamento consistia no cortar das ligações entre a parte pré-frontal do cérebro e outras regiões, um procedimento que supostamente permitia a quem sofria de doenças como esquizofrenia ter uma vida mais suportável. Esta cirurgia era realizada para tratar doentes com psicoses e em pessoas em que já não existisse mais esperança.
É verdade que a técnica inventada pela dupla foi um dos argumentos principais para justificar a atribuição, tendo sido enaltecida “a descoberta do valor terapêutico da leucotomia em algumas psicoses”.
Walter Freeman adotou e modificou ligeiramente esta técnica. O investigador norte-americano começou a usar a técnica indiscriminadamente. Comprovou-se mais tarde que os efeitos da lobotomia eram devastadores. Além de serem permanentes, os efeitos foram responsáveis por diversas mortes no mundo todo.
O termo lobotomia foi usado como o nome dado à prática comum que derivou da leucotomia pré-frontal. Esta confusão até levou à criação de uma campanha nos Estados Unidos da América que teve como propósito retirar o Prémio Nobel a Egas Moniz. A campanha realizada na primeira década de 2000 foi organizada por familiares de vítimas de lobotomias.
José Saramago
O escritor português ganhou o prémio Nobel da Literatura, em 1998. José de Sousa Saramago tem obras formidáveis que o levaram a conquistar diversos admiradores em todo o mundo. Entre as mais notáveis estão: “Memorial do Convento”, “Evangelho Segundo Jesus Cristo”, “A Viagem do Elefante” ou “Ensaio Sobre a Cegueira” (que inspirou até a criação de um filme de Hollywood).
Esta obra de respeito revelou-se crucial para a conquista da maior das distinções na área da Literatura. Saramago também venceu o prestigiado Prémio Camões, em 1995.
José Saramago nasceu na Golegã, em 1991, e foi por lá criado. Contudo, mais tarde, criou uma ligação especial com Espanha.
Saramago mudou-se com Pilar (a esposa) para Lanzarote. O escritor português fê-lo motivado pelo veto à candidatura do seu romance “Evangelho de Jesus Cristo” ao Prémio Literário Europeu.
José Saramago era ateu e nunca poupou a religião de críticas, fosse em obras, fosse em intervenções públicas. O romance em questão era mal visto pela Igreja e pela comunidade católica em geral.
O discurso de Saramago no momento de receber o Prémio Nobel permite-nos compreender a simplicidade da vida do escritor. José Saramago nasceu pobre e a sua família não tinha estudos. O escritor português defendeu que teve como heróis os seus avós paternos, ambos analfabetos. José Saramago aprendeu o ofício de serralheiro mecânico. No entanto, conseguiu dedicar-se posteriormente ao que amava: a literatura.
Na obra de Saramago, é possível testemunhar uma denúncia das injustiças sociais. Foi com o propósito de ajudar a tornar o mundo mais justo que o escritor português criou a
a Fundação José Saramago, em 2007, uma instituição que tinha como objetivo realizar a defesa e difusão dos Direitos Humanos e a proteção do ambiente.
O escritor português faleceu dia 18 de junho de 2010. José de Sousa Saramago morreu vítima de uma doença prolongada, em Lanzarote, nas Canárias, com 87 anos. O escritor português deixou um legado importante e tornou-se num dos maiores nomes da Literatura à escala mundial.
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Os 10 nomeados
Aldo Castellani (1874-1971)
Apesar de ser italiano (Aldo Castellani nasceu em Itália em 1874), ele exilou-se em Portugal. Foi médico do rei. Ele viveu no nosso país, foi médico e, além disso, investigador e professor no Instituto de Medicina Tropical em Lisboa.
Aldo Castellani mostrou grandes conhecimentos como patologista e bacteriologista. Ao longo da sua vida, Aldo foi nomeado 20 vezes para o Prémio Nobel de Medicina e Fisiologia.
As suas nomeações ocorreram entre 1905 e 1953. No entanto, só na última nomeação é que o seu país estava identificado como Portugal.
António de Sousa Pereira
Este português nasceu em Penafiel. António de Sousa Pereira foi cirurgião. Ao longo da sua carreira, teve cargos importantes à sua responsabilidade. Foi diretor do Hospital de S. João.
Além disso, António de Sousa Pereira foi reitor da Universidade do Porto. António de Sousa Pereira apenas foi nomeado uma vez para o Prémio Nobel da Medicina e Fisiologia, em 1953.
João Gonçalves Zarco da Câmara
João Gonçalves Zarco da Câmara nasceu em Lisboa, no ano de 1852. Este homem foi um português versátil. Foi dramaturgo, escritor e jornalista.
João Gonçalves Zarco da Câmara foi o primeiro português a ser nomeado para um prémio Nobel, o que aconteceu logo na primeira edição da cerimónia. João da Câmara, como era conhecido, foi nomeado para o Nobel da Literatura. A sua nomeação deveu-se à obra de 1900, “Meia Noite”.
João Bonança
João Bonança nasceu em 1836, em Lagos. Este português também só foi nomeado uma vez para o prestigiado prémio. A sua nomeação foi para o Nobel da Literatura, em 1907. João Bonança foi jornalista, escritor e político. Este português foi nomeado por Teófilo Braga, pessoa de quem era amigo.
António Corrêa d’Oliveira
António Corrêa d’Oliveira ficou conhecido por ser o autor de Ladainha (1897). Este português foi nomeado para o Nobel da Literatura em 9 anos distintos, entre 1933 e 1942. No total, teve 15 nomeações.
Maria Madalena Martel Patrício
Esta mulher portuguesa foi uma escritora. Maria Madalena Martel Patrício foi a única mulher presente na lista aqui apresentada dos nomeados portugueses para os Prémios Nobel. Esta escritora foi nomeada entre 1934 e 1947.
Ao ser nomeada todos os anos, Maria Madalena Martel Patrício acumulou um total de 13 nomeações para o Prémio Nobel da Literatura. É a portuguesa mais nomeada até 1966.
Teixeira de Pascoaes
Teixeira de Pascoaes foi um escritor e poeta que nasceu em Amarante. Este escritor ligado ao saudosismo esteve indicado para o Nobel da Literatura por várias vezes, entre 1942 e 1948. Foi nomeado em cinco anos.
Anos antes dessas indicações para o Nobel, Teixeira de Pascoaes foi eleito com Raul Brandão para a Academia de Ciências de Lisboa. Esse momento aconteceu em 1923.
Júlio Dantas
Júlio Dantas era médico, mas nunca foi nomeado para esta área. Este português também foi político e escritor. Júlio Dantas foi nomeado para o Nobel da Literatura em 1950 e em 1951 (no entanto, da segunda vez, foi nomeado em nome da Academia Brasileira). Júlio Dantas também ficou famoso por ter sido o destinatário do Manifesto Anti-Dantas, de Almada Negreiros.
Miguel Torga
Miguel Torga nasceu em São Martinho de Anta. O seu nascimento ocorreu em 1907. Este escritor português foi nomeado sete vezes para o Prémio Nobel da Literatura. Miguel Torga foi nomeado em seis anos distintos, entre 1959 e 1966, e grande parte das nomeações partiram de nomes internacionais.
Miguel Torga pode não ter ganho o Nobel, o que foi uma pena e uma perda para a literatura portuguesa. No entanto, o escritor português foi laureado com o Prémio Camões, algo que aconteceu em 1989.
Sebastião Magalhães Lima
O único português a ser indicado para o Nobel da Paz foi Sebastião Magalhães Lima, nomeado em 1909. Este homem foi jornalista e escritor. Além de ser republicano e Maçon, era pacifista.
Sebastião Magalhães Lima foi fundador do jornal O Século e da Liga Portuguesa da Paz. Este português também fez parte da Geração de 70.