Já se questionou porque é que o mês de fevereiro só tem 28 ou 29 dias? Mergulhe na história e nas curiosidades por trás desse enigma temporal. Não é necessário ter vivido muito tempo para se ter uma experiência insólita e perceber que o mês de fevereiro é especial. Em alguns anos, ele só tem 28 dias e noutros alarga-se, apresentando-se com 29 dias.
Ora, o mês de fevereiro é especial. Trata-se do único mês do calendário que consegue ser diferente de ano para ano. Os restantes meses têm 30 dias ou 31 dias. Nunca alteram o número de dias com a passagem dos anos. Por que razão isso acontece?
Porque é que fevereiro só tem 28 ou 29 dias?
O início
Segundo a lenda, Rómulo e Remo fundaram Roma em 753 a.C. Na época, havia diversos eventos festivos e era necessário organizá-los num calendário. Os astrónomos desse tempo já apresentavam cálculos bastante precisos sobre o tempo que mediava eventos importantes, os solstícios.
Os cálculos
Os astrónomos calculavam o tempo entre os solstícios de verão (com o dia mais longo do ano) e de inverno (com a noite mais longa do ano) ou faziam o cálculo entre os equinócios da primavera e do outono (quando dia e noite apresentam exatamente a mesma duração).
Os cálculos destes especialistas definiam que passavam 365,242 dias entre dois eventos destes (por exemplo, dois solstícios de verão).
Calendário lunar
Eles percebiam que era mais fácil seguir o calendário lunar. O calendário de Rómulo contava os meses lunares de março a dezembro, os quais tinham 29,5 dias, com uma adaptação: os meses tinham 30 ou 31 dias. Se fizer as contas, ficavam de fora 61,25 dias.
Pompilius tornou-se rei de Roma e fez alterações no calendário. Na época, os números pares eram símbolo de azar. Por isso, todos os meses com 30 dias passaram a ter 29. Posteriormente, quiseram que o ano tivesse 12 ciclos lunares (ou 12 meses). Por isso, adicionou-se janeiro com 29 dias e fevereiro com 28 no final do ano.
Então, o mês de fevereiro tinha um número de dias par. No entanto, como era o “mês da purificação” escapou. Este era o mês dedicado a Februa, a quem os romanos ofereciam sacrifícios para permitirem reparar a escassez do ano.
O número de dias por ano
Alguns anos apresentam-se maiores que outros, por causa do mês de fevereiro. Alguns têm uma duração de 365 dias, mais precisamente 365 dias e 5 horas, 48 minutos e 48 segundos. Este tempo é o que corresponde ao intervalo de tempo (aproximadamente) que a Terra demora a completar uma volta em torno do Sol.
O ajuste
É necessário fazer um ajuste. O ano não poderia ser contabilizado como tendo sempre 366 dias, porque isso implicaria que sobrassem por ano 6 horas. É por essa razão que é sempre feito um ajuste no calendário gregoriano. Assim, a cada quatro anos, soma-se mais um dia ao ano.
Ora, isto deve-se ao tempo que não é contabilizado por ano (5 horas, 48 minutos e 48 segundos. Portanto, quase 6 horas). Assim, o mês de fevereiro tem 29 dias a cada 4 anos.
O que são anos bissextos?
Os anos bissextos são especiais, porque recuperam o conjunto de horas perdidas nos anos anteriores. Ora, são 4 anos, onde todas as 6 horas (6+6+6+6= 24, um dia) são recuperadas. Este ano denomina-se de bissexto, porque esse ano em vez de ter 365 tem 366 dias.
O ano bissexto é aquele que acrescenta um dia no final do mês de fevereiro, ficando com os 366 dias. A soma deste dia extra explica-se por essa soma de horas (4 vezes as 6 horas) que leva a que cada ano não tenha 365, mas sim 365,25 dias.
A culpa é dos romanos
Por volta do século VI a.C., os romanos viviam nos últimos tempos da sua monarquia. Nesta época, eles adotaram um calendário feito com base nas mudanças de fase da Lua. Tratava-se de um calendário com 355 dias distribuídos por 12 meses.
Meses mais curtos
No entanto, nesse calendário, os meses tinham 29 ou 30 dias, o ano começava em março e o mês de fevereiro era considerado de mau agouro. Por isso, ele ficava com apenas 28 dias.
O ano bissexto
Contudo, sob o governo de Júlio César, durante o Império, em 46 a.C. ocorreu uma mudança significativa. Nesse contexto, o calendário passou a basear-se no ciclo solar. Então, os meses passaram a ter 30 ou 31 dias, somando 365 dias no período de um ano.
Foi nesse mesmo período que o ano bissexto foi instituído. Tratou-se de uma mudança inspirada no calendário dos egípcios, fazendo a integração de um dia adicional a cada quatro anos.
A homenagem ao imperador
Em 44 a.C., apenas no 2º ano de vigência do calendário juliano, o Senado tomou a decisão de honrar o imperador. Desta forma, surgiu a proposta que o mês Quintilis, com 31 dias, passasse a ser chamado de Julius (julho).
Outra homenagem a outro imperador
Três décadas mais tarde, em 8 a.C., mais precisamente, o nome do oitavo mês, então Sextilis, foi alterado para Augustus (agosto), em homenagem ao então imperador, César Augusto.
A mudança de agosto
Ora, como os romanos não queriam que o mês de César tivesse menos dias que o mês do outro imperador, agosto ganhou mais um para ficar como julho. Assim, agosto que tinha originalmente 30 dias, passou a ter 31.
Para isso acontecer, ao mês de fevereiro foi retirado um dia, que ficou assim com apenas 28 dias. Para o critério de alternância do calendário instituído por Júlio César ser mantido, setembro passou para 30 dias e, assim, sucessivamente.
Posteriormente, já no século XVI, coube ao papa Gregório XIII a decisão de inaugurar um novo calendário. Neste momento, corrigiram-se algumas distorções do sistema romano. No entanto, o calendário gregoriano, que foi adotado pelo mundo cristão ocidental até à atualidade, não mexeu no número de dias de fevereiro.
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Belo artigo, obrigado