Ao longo da história do nosso país, muitos foram os portugueses a distinguirem-se por feitos notáveis, ajudando Portugal de formas bem distintas. Nos quase 900 anos de história de Portugal, muitos monumentos foram criados. Boa parte deles está ligado a momentos históricos importantes. Há um monumento particularmente ligado a figuras nacionais de grande relevância, o Panteão Nacional. Descubra a história de um monumento que presta homenagem a ilustres portugueses.
Panteão Nacional: o monumento que homenageia ilustres de Portugal
Localização
O Panteão Nacional é um edifício mítico de Portugal. Ele encontra-se presente na cidade de Lisboa, sendo uma atração imperdível da capital portuguesa. A Igreja de Santa Engrácia é um tempo com muitos encantos, com uma história tão longa, quanto fascinante.
O Panteão Nacional serve como última morada final de grandes vultos da nossa História, como Amália Rodrigues, mas este monumento tem muito mais curiosidades e não se resume à ligação a esses nomes relevantes.
O edifício
A Igreja de Santa Engrácia é um templo com muita história. Este edifício acabou por ser convertido em Panteão Nacional. Neste espaço, são homenageadas e jazem algumas das personalidades mais relevantes da história de Portugal. Nas suas salas tumulares, encontram-se os restos mortais de vários nomes ilustres que ajudaram a engrandecer o nosso país.
Este edifício encantador tem diversas divisões que se revelam particularmente interessantes, pelas suas caraterísticas, que revelam parte do valor patrimonial que se esconde no interior deste templo.
A arquitetura do templo
Este imóvel de carácter religioso é um excelente exemplar do Barroco português. A Igreja de Santa Engrácia apresenta uma planta em cruz grega, revelando quatro braços idênticos.
No interior deste templo, a enorme cúpula destaca-se, tal como os mármores coloridos que revestem o espaço. Nesta igreja, encontram-se os cenotáfios de personalidades como: Nuno Álvares Pereira, Pedro Álvares Cabral, Infante D. Henrique, Afonso de Albuquerque, Vasco da Gama e Luís de Camões.
Coro-Alto
É nesta espécie de anfiteatro que os cânticos religiosos são entoados. Neste espaço, também é tocado um órgão com mais de setecentos anos.
Centro de Interpretação
Este espaço é um importante elemento do edifício, que permite saciar a curiosidade dos visitantes mais curiosos. O centro de interpretação do Panteão contém dados relevantes sobre a igreja primitiva.
Há neste espaço peças de ourivesaria e maquetas e modelos em gesso da época da inauguração do edifício. Neste centro de interpretação, é também possível assistir a um filme que conta a história atribulada da construção deste monumento.
Salas de Exposição
Ocasionalmente, o Panteão acolhe exposições temporárias. É neste espaço que as exposições temporárias decorrem. São apresentadas nestas salas e podem ter diferentes temas.
Terraço
Este monumento encontra-se presente sobre uma das colinas da zona oriental de Lisboa. O Panteão Nacional apresenta-se voltado para o rio. Por isso, se uma pessoa subir até à cúpula, poderá viver uma experiência incrível no terraço.
Como se encontra a 40 metros de altura, este espaço oferece vistas arrebatadoras sobre a cidade e o rio Tejo. Este é seguramente um dos miradouros mais incríveis da capital.
A História
A construção do templo que é hoje reconhecido como Panteão Nacional levou vários séculos. Foram mais de quatrocentos anos. Daí, o adágio “Obras de Santa Engrácia”.
A igreja de Santa Engrácia tem uma história cheia de peripécias. O processo de construção começou no último quartel do século XVI.
Dessa primitiva igreja, subsiste somente a história da profanação do sacrário e da acusação de Simão Solis, que levou a uma sentença de morte injusta que terá motivado a maldição sobre as obras de Santa Engrácia, que se prolongaram no tempo.
A evolução
Este templo conheceu uma grande evolução. A passagem de primitiva paróquia à arrojada igreja barroca inacabada permite comprovar essa evolução.
Foi devido à infanta D. Maria (1521-1577) que surge o templo primitivo. A última filha do rei D. Manuel I era uma pessoa sensível às artes. Ele apresentava uma cultura invulgar. Foi D. Maria que patrocinou a construção da primeira igreja paroquial, que seria um templo dedicado à santa mártir de origem lusitana, que foi morta no século IV, em Saragoça.
Foi com a traça do arquiteto Nicolau de Frias que o templo foi edificado. No entanto, pouco se sabe da evolução dos trabalhos, especialmente nas duas primeiras décadas do século XVII.
No ano de 1621, a obra era conduzida pelo filho do arquiteto, Teodósio de Frias. Este homem continuava a obra do pai, procurando a assegurar a conclusão do templo.
A profanação da igreja
Em 1630, acontece o episódio da profanação do templo. Surgiu o roubo das hóstias consagradas, guardadas no sacrário da capela-mor.
Simão Solis foi acusado do crime. Tratava-se de um cristão-novo que tinha sido visto a rondar o templo. Por causa desse crime, ele foi condenado à morte na fogueira, apesar de Simão Solis ter jurado sempre a sua inocência: “tão certa (a inocência) quanto as obras da igreja de Santa Engrácia nunca chegarem a conhecer fim”.
A Irmandade
A poderosa Irmandade dos Escravos do Santíssimo Sacramento foi constituída para reparar a afronta sofrida e com o propósito de erguer um templo majestoso. No entanto, apesar da determinação e do empenho da Irmandade, o projeto permaneceu sem conclusão durante séculos.
Como resposta à maldição, a Irmandade dos Escravos do Santíssimo Sacramento foi de imediato criada. Esta irmandade contou com a filiação de 100 nobres fidalgos. Estas pessoas empenharam-se na reparação da afronta cometida.
A Irmandade era bastante poderosa e queria assegurar que tudo corria como planeado. Ela ordenou a construção de uma nova capela-mor, que ficaria ao cargo do arquiteto Mateus do Couto (sobrinho). Esta capela foi iniciada em 1632. No entanto, cerca de 50 anos mais tarde, viria a ruir, subitamente…
O novo projeto
Após o desastre, a Irmandade optou pela construção de um novo templo. No ano de 1681, o projeto do mestre João Antunes (1643-1712) foi o escolhido para ser erguido neste local. O projeto barroco da autoria de João Antunes era arrojado.
O programa apresentava uma planta centralizada, em cruz grega, na qual os quatro braços de igual dimensão ficavam unidos exteriormente por paredes ondulantes, marcadas nos ângulos por torreões, cuja escala, ritmo e proporção lhe conferiam filiação italiana.
A construção deste projeto teve o seu início em 1682. No entanto, o templo permaneceu sem cobertura, até ao início dos anos 60 do século XX! Nesse momento, o regime do Estado Novo decidiu apressar a conclusão do edifício e dar continuidade à lei de 1916, a qual determinaria a adaptação do templo a Panteão Nacional.
Em 1712, na data da morte do arquiteto, a igreja ainda não se encontrava terminada, faltando-lhe a cobertura, mas também os acabamentos interiores e outros elementos menores.
Curiosidade
Devido ao constante retardar no desenvolvimento dos trabalhos de conclusão desta obra, entre os lisboetas nasceu o adágio popular de “Obras de Santa Engrácia”, expressão aplicada a tudo o que apresenta demorado na execução.
A decisão política
A decisão política foi estratégica, porque pretendia servir-se da imagem do monumento que permanecia teimosamente por terminar, ao longo de diversas gerações. Desta forma, esta solução permitia “provar” a capacidade do regime em resolver eficazmente diversos desafios complicados.
O regime mostrou a sua competência e, em pouco mais de 2 anos, projetou-se uma dupla cúpula em betão, revestida de pedra lioz. Além disso, restaurou-se o interior, que se apresentava rico em vários tipos de pedra. E também se trasladaram os restos mortais das personalidades a homenagear.
No dia 7 de dezembro de 1966, Santa Engrácia – Panteão Nacional era inaugurado, por ocasião do quadragésimo aniversário do Estado Novo. A inauguração ocorreu precisamente no mesmo ano em que a Ponte sobre o Tejo passou a fazer a união entre Lisboa a Almada.
Reconhecimento
A igreja foi classificada como Monumento Nacional por decreto de 16 de junho de 1910.
A decisão da sua adaptação a Panteão Nacional já foi tomada na República, em abril de 1916.
Panteão Nacional
Como já tivemos a oportunidade de referir, a Igreja de Santa Engrácia acabou por ser convertida em Panteão Nacional. Neste espaço, jazem algumas personalidades da história nacional, que assim são homenageadas como heróis nacionais. Nas suas salas tumulares, encontram-se os restos mortais de personalidades tão ilustres e distintas como:
Presidentes
- Manuel de Arriaga;
- Teófilo Braga;
- Sidónio Pais;
- Óscar Carmona.
Escritores
- Almeida Garrett;
- Aquilino Ribeiro;
- Guerra Junqueiro;
- João de Deus;
- Sophia de Mello Breyner Andresen.
Artistas
- Amália Rodrigues;
Desportistas
- Eusébio da Silva Ferreira;
Militares
- Marechal Humberto Delgado.
Personalidades homenageadas
- Luís de Camões, poeta
- Pedro Álvares Cabral, navegador
- Infante D. Henrique
- Vasco da Gama, navegador
- Afonso de Albuquerque, antigo governador da então denominada, Índia Portuguesa
- Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável
- Aristides de Sousa Mendes, diplomata
Portanto, se nunca visitou o Panteão Nacional, deve fazê-lo! Este monumento é uma obra cheia de história!
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Informação Útil
Morada: Campo de Santa Clara, 1100-471 Lisboa
Contactos: +351 218 854 820 / [email protected]
Mais informações, aqui.
Horários de outubro a março
- De terça a domingo o panteão está aberto das 10h00 às 17h00 (última entrada às 16h40).
Horários de abril a setembro
- De terça a domingo o panteão está aberto das 10h00 às 18h00 (última entrada às 17h40)
O panteão está encerrado à segunda-feira, no dia 1 de janeiro, no domingo de Páscoa, no dia 1 de maio, no dia 13 de junho e no dia 25 de dezembro.
Preço:
Bilhete normal é de 4,00 €.
Isenções:
- Aos domingos e feriados até às 14h00 para residentes em território nacional.
- Crianças e jovens até aos 12 anos inclusive.