Prepare-se para uma viagem através de passagens secretas e paisagens deslumbrantes, enquanto desvendamos os mistérios por trás das Rotas do Contrabando. As rotas do contrabando foram criadas ao longo de toda a linha fronteiriça. A memória coletiva nacional ficou marcada por esses percursos onde tudo era alvo de negócios obscuros.
Nos anos em que Portugal se encontrava sob a ditadura Salazarista, em Espanha havia o Franquismo. Portanto, o cenário não era maravilhoso na Península Ibérica. Muitas foram as pessoas que arriscavam a vida para assegurar o seu sustento (e o da sua família).
Viajavam de um lado para o outro carregadas de mercadoria numa época onde se contrabandeava de tudo um pouco. As pessoas recorriam a produtos alimentares (nomeadamente, azeite, pão, ovos), mas também vestuário e calçado. No entanto, os produtos mais valiosos eram os seguintes: tabaco, café, perfumes e gado. Nesses percursos, os perigosos estavam à espreita ao longo de quilómetros.
Atualmente, há um interesse acrescido pelos caminhos do contrabando que foram noutras épocas. Quer embarcar nesta aventura?
Os trilhos mais secretos das Rotas do Contrabando
Os caminhos do contrabando escondem histórias que se realizaram noutras eras, mas que se perpetuaram na memória coletiva. As rotas de contrabando impedem que elas caiam no esquecimento. Há várias rotas do contrabando de norte a sul, embora algumas tenham sido já esquecidas. Aqui, neste artigo, encontrará quatro Rotas do Contrabando que podem ser percorridas por si. Elas proporcionam uma viagem ao passado, permitem recuperar parte desse tempo de perigos e de sacrifícios, valorizando o mais importante: as histórias, o amor, a nostalgia.
1 – Trilho de Melgaço, Monção e Valença
No ponto mais a norte de Portugal, as rotas do contrabando estendiam-se ao longo da fronteira, estando presentes entre o Alto Minho (nomeadamente em Melgaço, Monção e Valença) e a Galiza, encontrando-se em cidades fronteiriças como Tui.
Nesse tempo, passavam vários produtos entre um lado e outro. Os contrabandistas faziam surgir produtos como café, perfumes ou sabonetes. Também faziam parte da carga destas pessoas produtos mais valiosos, como o volfrâmio e o ouro.
Há vários lugares neste ponto extremo de Portugal que nos remetem para este passado sombrio, o Espaço Memória e Fronteira, presente em Melgaço.
Poderá ainda realizar várias caminhadas pedestres que são organizadas em cada uma das localidades de Melgaço, Monção e Valença.
Como chegar?
Neste caso, deve optar por apanhar a A3 até Valença e, posteriormente, a N101 até Melgaço.
Sugestões para se ficar alojado
A Casa Cova dos Anhos é uma das melhores opções em Melgaço. Outra opção de qualidade consiste em ficar na Casa da Bica. Quem preferir pode ficar a dormir em Valença. No centro da cidade, poderá encontrar várias opções que asseguram todo o conforto de que necessita.
Sugestões para se experimentar a gastronomia local
A gastronomia do Minho é reconhecida nacionalmente. Há diversos produtos locais de excelência, que encantam portugueses e estrangeiros. Os seus enchidos são uma tentação. O mel é incrível e o vinho verde impressiona. Mas há muito mais para conhecer.
2 – Trilho de Tourém, Montalegre
Em Montalegre, o contrabando era realizado ao longo da albufeira de Sallas, mais especificamente entre as aldeias de Tourém e Randín. A rota do contrabando é feita num percurso de 11 km, por estradas, campos de cultivo, indo na direção do rio Sallas.
Este percurso requer que as pessoas apresentem alguma preparação física, encontrando-se classificado em termos de dificuldade como nível sendo médio. Enquanto se realizada o percurso pela rota do contrabando, terá oportunidade de testemunhar um cenário incrível, onde poderá observar uma paisagem estancada no tempo e espelhada na albufeira.
Existem ainda outros pontos de interesse que merecem ser visitados, nomeadamente a capela de S. Lourenço e o Ecomuseu de Barroso que são atrações imperdíveis da região.
Como chegar?
Uma boa estratégia para chegar a Tourém consiste em seguir pela A3/E1, IC28, N203 e N304-1. De Tourém a Montalegre, deve seguir pela EM308 e EM513.
Sugestões para se ficar alojado
Poderá encontrar muitas soluções válidas em Montalegre para fazer Turismo Rural. Uma das opções que tem está na Casa da Avó Chiquinha. As pessoas que pretendam ficar alojadas num espaço mais próximo de Tourém têm na Casa do Preto ou na Casa da Fonte boas opções para pernoitar, em Pitões das Júnias.
Sugestões para se experimentar a gastronomia local
Existem vários espaços onde pode saborear a gastronomia local. Geralmente, os restaurantes gostam de destacar a carne barrosã, que tende a apresentar destaque no menu. Estes espaços até têm preços bastantes convidativos. Por isso, aproveite para saborear as diferentes iguarias da região.
3 – Salvaterra do Extremo
No centro de Portugal, nomeadamente na zona da Beira Baixa, o contrabando era realizado entre Salvaterra do extremo, Idanha-a-Nova, e Zarza La Mayor. O contrabando terá atingido o ponto máximo em plena Guerra Civil Espanhola.
Nessa época, os contrabandistas carregavam diversos produtos alimentares, nomeadamente gado suíno, gado cavalar, tripa de porco, farinha, pão, azeite, café e até tecidos rumavam ao país vizinho, Espanha.
No percurso de 10 km, há a separação dos dois pontos de carga e descarga de mercadoria, onde se pode atravessar o Rio Erges. Salvaterra do Extremo encontra-se presente no coração do Geopark Naturtejo.
Este local é perfeito para os amantes de Natureza, pois proporciona a oportunidade de explorar a riqueza dos caminhos do contrabando, sendo possível usufruir da beleza de uma paisagem, destacando-se ainda fauna e flora singulares.
Como chegar?
Quem parte de Lisboa, deve optar por apanhar a A23, vindo no sentido Castelo Branco seguido da N240.
Para quem parte do Porto, deve optar por seguir pela A13 e IC8 para tomar a A23 no sentido Castelo Branco.
Sugestões para se ficar alojado
A Casa do Forno encontra-se em Salvaterra do Extremo e trata-se de uma excelente opção. Contudo, quem quer assegurar o máximo conforto pode optar por assegurar uma estadia no Hotel Fonte Santa, espaço hoteleiro que se encontra em Monfortinho.
Sugestões para se experimentar a gastronomia local
Nesta região, há que apreciar os sabores locais, destacando-se os queijos e azeites das beiras como iguarias imperdíveis. Existem espaços que apresentam o melhor da gastronomia local, como o Restaurante Helana, presente em Idanha.
Petiscos & Granitos é um espaço encantador situado na aldeia de Monsanto. Neste local, recomenda-se que experimente as costeletas de borrego.
4 – Mértola e Alcoutim
Também havia contrabando entre o Baixo Alentejo, Algarve e Andaluzia. Os homens e mulheres que contrabandeavam de tudo tinham o objetivo de cruzar a fronteira. Estas pessoas seguiam por trilhos escuros durante a noite, de forma a escapar à guarda-fiscal que vigiava os famosos carabineiros que se encontravam do lado espanhol.
Há vários percursos pedestres na região de Alcoutim. Nestes caminhos do contrabando, é possível passar por 14 postos da guarda-fiscal. Atualmente, muitos encontram-se em ruínas.
O primeiro percurso tem uma duração aproximada de duas horas e meia, estendendo-se ao longo de 5,5 quilómetros. É na vila de Alcoutim que começa, sendo concluído em Várzeas da Lourinhã.
Existe outro percurso que merece ser destacado. Ele é realizado ao largo do Rio Guadiana, sendo necessário percorrer uma distância de 6 km. Este trajeto começa e é concluído no Miradouro do Pontal, que se situa entre Alcoutim e Guerreiros do Rio.
Num espaço territorial, presente um pouco mais para norte, mais precisamente na zona de Mértola, podemos encontrar alguns pontos de interesse para quem pretende saber o máximo sobre esta temática do contrabando e a história envolvente.
Um dos maiores destaques vai para o Museu do Contrabando, que está situado em Santana de Cambas. As Minas de S. Domingos são outra referência a ter em conta, pois serviu como ponto de partida para alguns contrabandistas.
Como chegar?
Neste caso, os acessos principais a Mértola são os seguintes:
- IP2 e EN 122 – Beja – V. Real de Santo António que permite fazer a ligação à A22 de acesso a Espanha e toda a região do Algarve;
- EN 123 – Mértola-Castro Verde que concede acesso à A2 que liga Lisboa ao Algarve;
- EN265 – Mértola –Serpa;
- EN267 – Mértola – Almodôvar, que concede acesso à A2 e que faz ligação de Lisboa ao Algarve.
Sugestões para se ficar alojado
Existem diferentes opções de alojamento para ficar em Mértola. Por exemplo, pode optar por uma estadia na Quinta do Vau. Outra solução passa por ficar no Hotel Museu. No entanto, pode também escolher outras opções de alojamento local, que existem em abundância.
A Pousada da Juventude é uma das boas opções que tem para ficar hospedado em Alcoutim. Quem procura assegurar o máximo conforto, poderá optar pelo Hotel d’Alcoutim.
Sugestões para se experimentar a gastronomia local
A gastronomia do Algarve apresenta grande riqueza. Existem pratos típicos muito populares que demonstram a diversidade e a qualidade da comida local. Por esta zona, existem vários restaurantes que apresentam a cozinha algarvia de excelência.
Por exemplo, na Taberna dos Ramos, encontrará pratos de caça irresistíveis. No restaurante Cantarinha do Guadiana, poderá saborear as deliciosas sopas de tomate, embora as migas com carne de porco ou o ensopado de enguias também mereçam os maiores elogios.
Com o conjunto de sugestões que aqui apresentamos, poderá fazer-se ao caminho sem receios. Nesta aventura pelos trilhos do contrabando, não encontrará vilões.
Apenas terá a oportunidade de explorar o interior do nosso país, enquanto descobre muitas histórias que foram marcantes no passado recente da Península Ibérica. O património que encontrará pelo caminho é uma herança desse passado.