Confia cegamente nas aplicações de navegação como o Waze ou o Google Maps para o avisar de radares? Pode estar a cometer um erro que custa caro — à carteira e à sua carta de condução.
Um recente estudo europeu vem lançar luz sobre um fenómeno preocupante: os condutores que usam apps com alertas de radares são, na verdade, os que mais são multados por excesso de velocidade. Parece contraditório? Não é. E há razões psicológicas e práticas por detrás deste comportamento de risco.
Tecnologia ao volante: ajuda ou distração?
Vivemos numa era em que a tecnologia nos acompanha em cada quilómetro percorrido. O Waze, com o seu sistema de alertas comunitários, tornou-se num copiloto indispensável para muitos automobilistas. Mas será que esta dependência está a tornar-nos mais distraídos, ou até… mais imprudentes?
Um estudo realizado nos Países Baixos e citado pelo Le Journal du Net revela dados inquietantes:
- 1 em cada 4 condutores foi multado por excesso de velocidade no último ano.
- Entre os utilizadores de apps como o Waze, a percentagem de multas sobe para 42% entre os homens.
- Já entre os que conduzem “à moda antiga”, sem apps, apenas 19% foram multados.
Estes números não deixam margem para dúvidas: a tecnologia pode estar a incentivar comportamentos mais arriscados ao volante.

A ilusão de segurança: quando o Waze dá luz verde ao acelerador
O fenómeno é conhecido pelos especialistas em psicologia do comportamento como “efeito de falsa segurança”. Ao sentir-se protegido por uma app que promete alertar para os radares, o condutor tende a relaxar — e a pisar o acelerador.
Mas há um problema:
- Nem todos os radares estão sinalizados.
- Nem todos os alertas chegam a tempo.
- E o sistema depende da colaboração de outros utilizadores, que nem sempre assinalam os perigos.
Quando o aviso falha, o condutor é apanhado desprevenido — e penalizado.
A legalidade e os limites das apps de navegação
É importante notar que, em França, é ilegal sinalizar a presença de radares móveis através de apps.
Em Portugal, essa prática não é proibida, mas o risco continua a recair totalmente sobre o condutor. Ou seja, pode usar o Waze, mas se ele falhar, a multa é sua, e não há desculpa que o valha.
Segundo os especialistas, confiar demasiado na tecnologia diminui a vigilância ativa do condutor. Em vez de estar atento à estrada e aos limites de velocidade, muitos motoristas passam a conduzir “com base no Waze”.
Conduzir em segurança: a melhor estratégia não vem de uma app
Não se trata de demonizar a tecnologia. O Waze e outras aplicações têm utilidades claras: ajudam a evitar trânsito, a encontrar rotas mais rápidas e a prevenir surpresas desagradáveis.
No entanto, usar estas ferramentas como escudo para infringir os limites de velocidade é uma armadilha — e das grandes.
Como alertam os especialistas:
“A melhor forma de evitar multas, acidentes ou arrependimentos é respeitar os limites de velocidade sempre — não apenas quando o Waze o manda abrandar.”
5 dicas para usar o Waze (ou outra app) com inteligência e segurança:
- Considere os alertas como uma ajuda extra, não como uma autorização para acelerar.
- Mantenha sempre a atenção na estrada — e não no ecrã.
- Respeite os limites de velocidade, mesmo em zonas sem radar.
- Evite usar o telemóvel enquanto conduz. Use comandos de voz ou suportes apropriados.
- Atualize regularmente a app — mas não confie cegamente.
A tentação de “enganar o sistema”: uma vitória momentânea, um custo duradouro
É fácil cair na tentação de querer “ser mais esperto que o radar”. A adrenalina de ultrapassar o limite, a ideia de que “ninguém vai ver”… Mas a verdade é que o sistema vê. Os radares não dormem. E as multas chegam.
Mais do que isso, o risco não está apenas na multa — está no que pode acontecer em segundos de excesso de velocidade: um acidente, uma vida em risco, uma tragédia evitável.
Conclusão: tecnologia sim, mas com responsabilidade
Apps como o Waze são ferramentas úteis — mas não substituem o bom senso, a prudência e a responsabilidade ao volante.
Conduzir é mais do que chegar depressa. É chegar em segurança. Por si, pelos seus, por todos os que partilham a estrada consigo.
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