As lombas e os ressaltos fazem parte da paisagem urbana portuguesa. Encontram-se em praticamente todas as cidades e vilas, com um propósito muito claro: obrigar os condutores a reduzir a velocidade em zonas críticas, seja junto a escolas, hospitais ou áreas residenciais. No entanto, um erro frequente cometido por muitos automobilistas tem vindo a revelar-se fatal para o estado mecânico dos veículos — atravessar estas estruturas a uma velocidade excessiva.
O gesto, aparentemente inofensivo, não provoca apenas desconforto na condução. Pode traduzir-se em avarias dispendiosas que comprometem o bom funcionamento do automóvel e, em casos extremos, até a segurança rodoviária.
Reparações dispendiosas: um problema evitável
Segundo especialistas citados pelo jornal espanhol El Motor, em colaboração com a rede europeia de oficinas Eurotaller, atravessar lombas e ressaltos de forma brusca pode provocar estragos em diversos componentes.
Amortecedores, pneus, direção, suspensão e até elementos do interior do habitáculo sofrem impactos silenciosos, que muitas vezes só se revelam quando já é demasiado tarde.
Estes danos não são imediatos, mas acumulativos. A cada passagem incorreta, pequenas folgas vão surgindo, peças perdem eficácia e o desgaste multiplica-se. A fatura final pode chegar a centenas, ou mesmo milhares de euros.
Antes da lomba: a importância da antecipação
O segredo está na preparação. A recomendação dos especialistas é clara: a redução da velocidade deve ser feita de forma progressiva, nunca com uma travagem brusca em cima da estrutura. Esta má prática concentra todo o impacto nos travões e na suspensão, ampliando o risco de avarias.
Nos veículos com menor altura ao solo — como desportivos ou citadinos rebaixados — a ameaça é ainda maior. Um pequeno descuido pode resultar em danos no chassis, toques perigosos no cárter ou, em situações mais graves, ruturas mecânicas difíceis de reparar.
Como passar corretamente uma lomba ou ressalto
Existem duas regras fundamentais para preservar a mecânica do automóvel:
- Passar sempre com as duas rodas de cada eixo ao mesmo tempo. Muitos condutores tentam atravessar a lomba apenas com duas rodas, numa tentativa de a “evitar”. Este gesto é um erro grave: desequilibra o peso do veículo, aumenta o esforço sobre os amortecedores e pode danificar pneus e jantes.
- Manter o carro engrenado e circular a baixa velocidade. Nunca se deve passar em ponto morto ou com a embraiagem pressionada, já que isso retira controlo ao condutor e aumenta a pressão sobre o sistema de travagem. A melhor prática é manter uma velocidade estável e controlada, garantindo maior segurança.
Depois da lomba: acelerar com suavidade
A travessia não termina quando o eixo dianteiro já ultrapassou a lomba. É essencial aguardar até que as rodas traseiras assentem totalmente no piso para retomar a aceleração. Carregar no pedal demasiado cedo pode amplificar os impactos sobre os eixos e a suspensão, acelerando o desgaste.
As avarias mais comuns provocadas por excesso de velocidade nas lombas
De acordo com a Eurotaller, os componentes mais afetados pelo atravessamento incorreto de lombas são:
- Suspensão: os amortecedores perdem eficácia e deixam de absorver os impactos como deveriam.
- Pneus: sofrem deformações semelhantes a embates contra passeios, podendo até rebentar.
- Silentblocks do motor: criam folgas, aumentando vibrações e comprometendo o conforto.
- Direção e eixos: o alinhamento altera-se, provocando desgaste irregular nos pneus e instabilidade na condução.
- Habitáculo: os choques secos produzem folgas em plásticos e fixações, originando ruídos irritantes.
Mais do que uma questão de segurança rodoviária
Respeitar as lombas não é apenas cumprir a lei ou evitar multas, escreve o Postal do Algarve. É cuidar da integridade do veículo, prolongar a sua vida útil e garantir que não se transforma um pequeno descuido num prejuízo pesado.
Cada lomba é um lembrete silencioso de que a pressa raramente compensa. Conduzir com responsabilidade não só protege a mecânica do automóvel, como assegura viagens mais confortáveis, seguras e económicas.